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A cúpula do PT fará um desagravo à presidente Dilma Rousseff na convenção do partido que oficializará, no sábado, a candidatura dela ao segundo mandato. Apesar das divergências com Dilma, os petistas decidiram expressar sua solidariedade à presidente no dia de sua aclamação como candidata, em Brasília, após as vaias e xingamentos recebidos por ela na abertura da Copa do Mundo.
Com essa estratégia traçada, causou mal-estar no PT a declaração do ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para quem os xingamentos a Dilma não partiram apenas da “elite branca”, como afirmou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para Carvalho, a avaliação de que o governo se locupletou com a corrupção “pegou” e chegou às classes menos favorecidas.
“Acho que a declaração do ministro está fora de propósito, porque os fatos falam por si”, criticou o deputado José Guimarães (CE), vice-presidente do PT. Irmão de José Genoino, um dos condenados no processo do mensalão, Guimarães endossou a tática petista de vincular os insultos a Dilma apenas a uma parcela da sociedade, de renda mais alta.
“O fato é que a oposição caiu depois de todo esse estrupício que fizeram na Copa”, disse Guimarães. “Não sei qual outro candidato chegaria nessa altura do campeonato com quase 40%, depois de tudo o que aprontaram na abertura da Copa. Diziam que a Dilma não fazia política, mas é ela que está dando o ritmo da disputa eleitoral.”
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Pesquisa da CNI/Ibope divulgada nesta quinta-feira, 19, mostra Dilma com 39% das intenções de voto, seguida pelo senador Aécio Neves (PSDB), com 21%, e pelo candidato do PSB, Eduardo Campos, com 10%. Sondagens feitas pelo marqueteiro João Santana, responsável pela propaganda de Dilma, indicam que a presidente começou a capitalizar os insultos recebidos no estádio do Itaquerão porque a maioria dos entrevistados se mostrou indignada com as manifestações.
‘Sincericídio’
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O desagravo a Dilma deve ocorrer nos discursos de Lula e do presidente do partido, Rui Falcão. Santana, Falcão e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) se reuniram na noite desta quinta com Dilma, no Palácio da Alvorada, para repassar o roteiro da convenção e avaliar as mais recentes pesquisas. O comando da campanha diz que o quadro sugere estabilidade da presidente.
Nos bastidores do governo, o comentário é o de que Carvalho cometeu um “sincericídio” ao observar que esta será a eleição mais difícil para o PT. No diagnóstico do ministro, o governo não fez o enfrentamento adequado na mídia para rebater as denúncias de corrupção e, com a “pancadaria diária”, Dilma acabou sofrendo desgaste em todas as parcelas da população.
“Respeito muito a opinião do Gilberto, mas discordo dele”, reagiu o líder do PT na Câmara, Vicente Paulo da Silva (SP), o Vicentinho. “Quem estava lá no estádio não era o povo de Itaquera. Era o povo que não representa nem mesmo a população de São Paulo. Todo mundo sabe que o palavrão saiu de um setor bem pequeno.” Procurado pelo Estado, Carvalho não quis retomar o assunto. “Prefiro não polemizar com meus companheiros.”
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