Política
O senador mineiro também disse que, se Lula tivesse utilizado sua popularidade "nunca antes vista neste País", poderia ter colocado em prática as reformas necessárias
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O pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, chamou ontem (16) de "fraude intelectual" a propaganda do PT exibida na quinta-feira, em cadeia de rádio e TV, que comparou a inflação nos períodos dos governos Dilma Rousseff e Fernando Henrique Cardoso. Mas, ao justificar a crítica à peça, o tucano usou números errados - quase dobrou os índices do período anterior à gestão do PSDB na Presidência.
Na peça petista, um locutor relata a média de inflação na gestão Dilma, de 6,08%, e no governo FHC, de 9,25%. "É uma fraude intelectual do PT porque eles sabem como era o governo do presidente Fernando Henrique. Nós pegamos a inflação em 80% ao mês", disse Aécio em evento na Câmara Americana de Comércio (Amcham), na capital paulista. "Isso é fazer pouco da inteligência dos brasileiros."
Aécio referia-se à conjuntura de inflação elevada anterior ao Plano Real, de 1994. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou aquele ano em 916,43%, mas em nenhum momento a inflação passou de 48% ao mês. Com o real, em julho, o índice caiu para patamares de um dígito. O pico de inflação na gestão FHC ocorreu em 2002, quando passou de 12%.
O senador mineiro também criticou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Numa ironia ao bordão de Lula, disse que, se o petista tivesse utilizado sua popularidade "nunca antes vista neste País", poderia ter colocado em prática as reformas necessárias ao desenvolvimento do Brasil. Segundo o tucano, os problemas na economia brasileira começaram com a flexibilização dos pilares macroeconômicos durante o segundo mandato de Lula.
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Para a plateia de cerca de 600 empresários, Aécio afirmou que seu diagnóstico do País não difere muito do que agentes econômicos pensam sobre o País, e prometeu fazer uma reforma tributária com redução de tributos e um choque de infraestrutura O empresariado aplaudiu.
Além da pauta econômica, o presidenciável do PSDB disse que, se eleito, investirá no campo social. Citou que Minas Gerais, Estado que governou, tem hoje a melhor educação fundamental do País, reconhecida pelo Ministério da Educação. O tucano também citou a pauta apresentada pela Amcham, reiterando que é preciso ter "coragem" para flexibilizar as amarras do Mercosul para impulsionar os acordos e ter "a obsessão" de ampliar a pauta de negociações com outros mercados, como o europeu e o norte-americano. "Hoje devíamos estar falando de competitividade e inovação, mas infelizmente temos de falar do retorno da inflação, da falta de confiança (no País) e da maquiagem de dados."
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Serra
Ex-desafetos, Aécio e o ex-governador José Serra chegaram juntos a ato do PSDB de apoio à candidatura do senador, em Cotia, região metropolitana de São Paulo, ontem à noite. O evento, que integra a caravana de apoio à candidatura de Aécio, foi o primeiro ato que teve a participação da dupla.
O encontro ocorre no momento em que o nome de Serra surge na lista dos cotados para assumir a vaga de candidato a vice-presidente na chapa tucana. A jornalistas, Aécio tentou demonstrar proximidade com o ex-governador. "Eu falo com José Serra muito mais do que vocês imaginam. Nós só não damos publicidade a isso", disse. O senador mineiro afirmou, porém, que, "por enquanto", a escolha de Serra para a vice não está sendo cogitada.
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