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Um dia depois de ser alvo de mais um "panelaço" promovido contra o governo federal, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse nesta segunda-feira que a atitude dos manifestantes - registrada na noite de domingo, 15, durante a transmissão de uma coletiva de imprensa do próprio Cardozo e do ministro da Secretaria-Geral, Miguel Rossetto - não o constrange e faz parte da democracia.
"Eu acho que uma pessoa que se constrange com manifestações democráticas não é um democrata. As pessoas não queriam ouvir o que estávamos dizendo e queriam protestar, isso é democrático. Muitos brasileiros ouviram o que nós queríamos dizer, podem ter concordado, discordado. As pessoas que não queriam ouvir bateram suas panelas e, veja, o que nos prejudica isso? Ao contrário", minimizou Cardozo.
O ministro participou de reunião de coordenação política com a presidente Dilma Rousseff e outros nove ministros no Palácio do Planalto, pela manhã. A reunião durou cerca de três horas e serviu para tratar da atual conjuntura política, especialmente as manifestações dos últimos dias.
"Eu vivi o tempo da ditadura militar no seu final, comecei a entrar na política pelo movimento estudantil, se alguém naquela época batesse panela quando o ministro da Justiça falava, ele era enquadrado na Lei de Segurança Nacional, era preso e processado. Felizmente isso mudou. Naquela época, os ministros da Justiça diziam 'nada a declarar'. Hoje eu tenho o dever de declarar, então essa situação foi conquistada pelos brasileiros" afirmou Cardozo.
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Constrangimentos
Moradores de várias capitais brasileiras já haviam promovido um "panelaço" no domingo retrasado, 8, durante a veiculação do pronunciamento da presidente Dilma Rousseff em rede nacional de rádio e televisão, por conta do Dia Internacional da Mulher. Na avaliação de Cardozo, o ato de bater panelas é uma manifestação democrática.
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"Você acha que depois de tudo aquilo que o Brasil passou, eu vou me incomodar porque pessoas se manifestaram democraticamente por discordar do governo ou do que eu estava falando? Eu estaria rasgando um passado de lutas do povo brasileiro se tivesse algum incômodo, constrangimento em relação a isso. Que se manifestem, dentro da lei, da ordem, respeitando a democracia, sem preconizarem golpes que infrinjam mandatos outorgados por toda a população. Mas que se manifestem, a democracia é assim", observou o ministro.
Segundo Cardozo, "é evidente que todo mundo gostaria de ser ouvido, mas se alguém não quiser ouvir, é legítimo que não ouça". "Quando estamos numa democracia um dos pressupostos é nos tolerarmos, nos ouvirmos, é nos refletirmos sobre o que o outro fala, porém cada um se manifesta como acha. Eu tenho de respeitar e jamais me sentirei constrangido por qualquer manifestação democrática", disse o titular da Justiça.
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