Política

Camargo Corrêa doou R$ 3 milhões ao Instituto Lula

É a primeira vez que os negócios do petista aparecem nas investigações da Operação Lava Jato, que apura um esquema de cartel e corrupção na Petrobras

Publicado em 10/06/2015 às 13:22

Compartilhe:

A construtora Camargo Corrêa pagou R$ 3 milhões para o Instituto Lula e R$ 1,5 milhão para a LILS Palestras Eventos e Publicidade empresa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre 2011 e 2013. É a primeira vez que os negócios do petista aparecem nas investigações da Operação Lava Jato, que apura um esquema de cartel e corrupção na Petrobras com prejuízo de R$ 6 bilhões já reconhecidos pela estatal.

O registro sobre o elo da empreiteira - uma das líderes do cartel acusado de corrupção pela Lava Jato - com Lula consta do laudo 1047/2015, da Polícia Federal, anexado ontem aos autos da investigação. O laudo tem 66 páginas e é subscrito pelo perito criminal federal Ivan Roberto Ferreira Pinto.

A perícia foi realizada na contabilidade da Camargo Corrêa de 2008 a 2013, período em que a empreiteira recebeu R$ 2 bilhões da Petrobras. O documento mostra que a construtora repassou R$ 183 milhões em "doações de cunho político" - destinadas a candidaturas e partidos da situação e da oposição.

O Instituto Lula, criado pelo ex-presidente após deixar o Planalto, em 2011, recebeu três pagamentos de R$ 1 milhão cada. Dois são registrados como "Doações e Contribuições": um em 2 de dezembro de 2011 e outro de 11 de dezembro de 2013. O que chamou a atenção dos investigadores foi o lançamento de 2 de julho de 2012, sob a rubrica "Bônus Eleitoral".

Lula não é alvo de investigação da Lava Jato (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

No caso dos pagamentos ao LILS, cujo endereço declarado é a própria residência de Lula, em São Bernardo do Campo, a empreiteira registrou o deposito em conta corrente de R$ 337,5 mil, em 26 setembro de 2011, R$ 815 mil, em 17 de dezembro de 2012, e R$ 375,4 mil, em 26 de julho de 2013. Esses valores, que somam R$ 1,5 milhão, são tratados pela empreiteira como serviços de "consultoria".

Dois executivos da Camargo, Dalton dos Santos Avancini e Eduardo Hermelino Leite, confessaram nos processos da Lava Jato, em acordo de delação premiada, que foram feitas doações eleitorais ao PT, após pedido do ex-tesoureiro João Vaccari Neto - preso desde abril, em Curitiba. Eles não citaram Lula.

O nome do ex-presidente chegou a ser mencionado pelo doleiro Alberto Youssef - peça central da Lava Jato - ao afirmar em delação à Procuradoria, em 4 de outubro de 2014, que "tinham conhecimento" do esquema de corrupção na estatal "o Palácio do Planalto" e "a presidência da Petrobras".

Lula não é alvo de investigação da Lava Jato.

Recentemente, o ex-presidente atacou o que chamou de "insinuações" envolvendo seu nome na operação. "Eu não ia dizer isso aqui, mas estou notando todo santo dia insinuações. 'Lá na Lava Jato vão citar o nome do Lula'. 'Querem que empresários citem meu nome'. 'O objetivo é pegar o Lula'", desabafou, no ato de 1.º de Maio, em São Paulo.

O Instituto Lula informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que os valores registrados na contabilidade da Camargo Corrêa foram doados legalmente, sem qualquer relação com a Petrobras ou eleições.

Dirceu

No mesmo documento da PF, constam os pagamentos da Camargo Corrêa para a JD Assessoria e Consultoria, empresa do ex-ministro José Dirceu. Ele é investigado por suposto uso das consultorias para empresas do cartel como forma de ocultar propina para o PT.

O laudo aponta que foram lançados como pagamentos para a JD, entre 2010 e 2011, R$ 900 mil, em dez depósitos bancários. 

VEJA TAMBÉM

ÚLTIMAS

Cotidiano

Travessia de balsas no Litoral de SP é paralisada por conta dos fortes ventos

Cidades da região estão enfrentando problemas por conta do tempo no começo da noite desta sexta

Cotidiano

Confira os números sorteados na Lotofácil no concurso 3200, nesta sexta (20)

O prêmio é de R$ 5.000.000,00

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software

Newsletter