Política

Caio França: 'Teremos que compensar a falta de experiência com energia'

Ex-vereador vicentino, aos 26 anos, será o mais novo deputado da próxima formação da Assembleia Legislativa

Publicado em 08/10/2014 às 18:05

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O mais novo entre os 94 deputados estaduais da próxima formação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. É com essa responsabilidade que o ex-vereador vicentino Caio França (PSB), de 26 anos, assumirá seu primeiro mandato, em março, no Parlamento Paulista. Deputado eleito com a maior votação na Baixada Santista (123.138 votos), mesmo se analisados os votos dos federais da região, a atuação de Caio França em plenário também chamará atenção pelo fato dele ser filho do próximo vice-governador do Estado, Márcio França (PSB).

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Caio visitou ontem o Diário do Litoral e antecipou como serão suas ações na Assembleia, destacou algumas defesas de projetos e também teceu críticas pontuais ao Governo do Estado.

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Confira a seguir a entrevista: 

Diário do Litoral – O quanto da derrota de sua candidatura a prefeito de São Vicente, há dois anos, serviu de lição para ser usada nesta eleição?

Caio França – Não sei quantificar, mas foi muito importante para o meu amadurecimento, para minha experiência, a derrota de 2012, embora tenha sido doída pela circunstância, mas não tenho dúvida que foi fundamental para essa votação forte. No período pós-derrota não me escondi, não fugi da Cidade. Isso foi importante para o processo. Como o fato de entender que não adianta ter muita gente ao seu lado se as pessoas não estão muito envolvidas no projeto. Hoje eu estou ao lado de pessoas que acreditam, que confiam mais em mim.

DL – O senhor enxugou a equipe?

Caio – Bastante. Me cerquei de pessoas mais envolvidas, que me conhecem mais. Acho que tudo isso foi importante e serve para repensar como fazer campanha; ter material é importante, mas o mais importante é o corpo a corpo ainda, não dá para fugir disso. Sem dúvida, a derrota de 2012 me ensinou demais e foi crucial para essa grande vitória em 2014.

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DL – A partir de março, com sua posse, o senhor passa a ser um representante não apenas da Baixada Santista na Assembleia Legislativa, com base forte de São Vicente. Antes ou depois de março, o senhor deve ter alguma relação institucional com o prefeito Luis Claudio Bili (PP)?. Já houve algum contato? O senhor pretende colocar o mandato à disposição do prefeito?

Caio – Eu já disse isso: tenho certeza que, da minha parte, o que aconteceu em 2012 já passou e a gente precisa perceber que a Cidade é muito mais importante do que qualquer disputa política. Vou usar de toda minha força e influência para ajudar São Vicente avançar. Coloco meu mandato à disposição. Não tive ainda a oportunidade de conversar pessoalmente com ele, mas ele é o prefeito da Cidade e, portanto, é a ele que vamos ter que procurar para firmar parcerias para que algumas coisas possam ser feitas na Cidade. Não vale a pena a gente remoer disputa política. Ao mesmo tempo, tenho a liberdade de também dizer que além de poder ajudar muito a minha cidade, vou ter independência para acompanhar os processos, os recursos que serão enviados e saber se estão sendo bem empregados. Disputei uma eleição sem nenhum apoio do Governo Municipal. Tenho total condições de, além de ajudar, de fiscalizar e acompanhar os processos e os recursos investidos pelo Governo do Estado. Eu, como deputado, quero poder influenciar nos problemas ligados à Saúde, ao Transporte Público de São Vicente, ao recolhimento de lixo, a questão de pavimentação de ruas. Quero acompanhar isso de perto.

Caio França (PSB), de 26 anos, assumirá seu primeiro mandato, em março, no Parlamento Paulista (Foto: Matheus Tagé/DL)

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DL – Da votação que o senhor teve em São Vicente, o quanto o senhor credita à insatisfação do vicentino com o atual Governo Municipal?

Caio – Muita gente que votou em mim nesta eleição não tinha votado em mim para prefeito. Teve esse sentimento de frustração por nesses dois anos ele não conseguir ter colocado em prática muitas coisas que tinham sido anunciadas no período eleitoral. O sentimento de frustração fez com que muitas pessoas se aproximassem de mim. Recebi isso de braços abertos. É importante que eu possa conhecer um pouco o motivo porque as pessoas não estavam comigo, e poder demonstrar para as pessoas que eu tinha condições e hoje quero demonstrar que sou uma pessoa presente e um tentar ser um grande deputado para toda a região.

DL – A fiscalização dos atos do Executivo é considerada a parte mais nobre da atividade parlamentar. No seu caso, pode ser feita a leitura que o seu mandato será limitado, em função de seu pai (Márcio França) ter sido eleito vice-governador? Como será sua atuação na fiscalização dos atos do Governo do Estado? A fiscalização vai ficar um pouco comprometida?

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Caio – Eu penso que não. A votação que eu tive em várias regiões do Estado, e embora tenha estima ao governador, que acredito ser uma pessoa séria, também tenho algumas divergências nas áreas da Saúde, da Educação. Eu terei autonomia e independência para acompanhar esse processo. É claro, a gente inicia 2015 fazendo parte da base de apoio ao Geraldo Alckmin, mas isso não vai impedir de fazer críticas, quando elas terão de ser feitas, de fiscalizar o Governo do Estado. Uma das grandes dificuldades dos parlamentares é a proximidade com as pessoas, que é algo que pretendo estar o tempo inteiro interagindo, aproximando o mandato das pessoas. Não tem problema. Meu pai, que será o próximo vice-governador, compreende isso. E o governador é uma pessoa madura que vai compreender isso.

DL – Qual é hoje, na sua visão, o principal problema que o Estado enfrenta?

Caio – A Educação e a Segurança Pública são os dois temas que mais preocupam. É preciso repensar a carreira do professor no Estado. Eu não concordo com a aprovação automática nas escolas, gosto do método mais tradicional; ao mesmo tempo em que os ensinos Fundamental e Médio apresentam problemas, o Ensino Técnico, com as Etecs e Fatecs, tem grande aprovação. Na Segurança Pública, a população de São Paulo quer uma polícia mais pró-ativa, com melhores condições de trabalho para os policiais civis e militares. Embora a polícia de São Paulo seja uma das mais preparadas do País, eu penso que precisamos valorizar mais a carreira do policial, que coloca sua vida em risco. Não falo só de remuneração, mas em termos de autonomia para que ele possa atuar sem retaliações. Precisamos deixar o policial seguro para trabalhar.

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DL – O senhor acredita que o seu mandato e dos dois outros eleitos pela Baixada Santista (Paulo Correa Júnior, do PEN, e Cássio Navarro, do PMDB) estará mais visado em função de a região não contar mais com parlamentares experientes, como Telma de Souza (PT) e Luciano Batista (PTB), e ter eleito representantes mais jovens?

Caio – Embora nós não tenhamos a experiência dos outros, vamos levar um pouco de esperança de uma renovação. Isso foi uma demonstração de que as pessoas queriam gente nova no processo. Teremos que compensar a falta de experiência com energia, com boa vontade, que é o que o jovem tem de melhor. O jovem tem a pressa para resolver as coisas. E hoje vejo que a pressa é uma questão importante: muitas obras que iniciaram, que estão em discussão, ficaram muito tempo em debate. O fato de ser jovem cria uma esperança de que as coisas aconteçam de uma maneira mais rápida.

DL – É possível estabelecer uma pauta regional, entre os três eleitos pela região? Já houve um contato entre os três?

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Caio – Já começamos a nos falar, um parabenizando o outro. Temos que nos organizar para que isso aconteça. Não pode haver divisão entre os três representantes. Temos muito a fazer por uma região importante para o Estado, que conta com porto, com pólo industrial, com cidades turísticas e históricas. Quando somamos força, isso se torna mais viável. E também pesa o fato de o vice-governador (seu pai, Márcio França) ser daqui. Hoje a região vive um protagonismo no cenário político do Estado de São Paulo.

A Cidade é muito mais importante do que qualquer disputa política (Foto: Matheus Tagé/DL)

DL – O senhor acha que será mais cobrado, em seus discursos e atos, por ser filho do vice-governador?

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Caio – Quando uma pessoa se elege deputado já há uma cobrança muito grande. Talvez sim pela relação umbilical com o vice-governador. Mas são ossos do ofício. Não tem outro jeito. Eu decidi disputar uma eleição sabendo que meu pai tinha chance de ser vice-governador. Agora, é com trabalho e com dedicação que tenho de mostrar autonomia e condições de representar o Estado de São Paulo na Assembleia. Se for cobrado, estarei pronto para responder e demonstrar o quanto estou preparado para este desafio.

DL – O senhor vai tentar participar de uma comissão permanente da Assembleia? E o PSB, vai buscar um lugar na Mesa Diretora?

Caio – Quero poder ocupar os espaços mais importantes da Assembleia, onde as decisões são tomadas. Quero usar a experiência que tive como vereador e como advogado na Assembleia. Não vou abrir mão de ser um deputado influente. Isso cabe uma discussão com a bancada. Não sabemos ainda como ficará a questão da eleição da Presidência e da Mesa Diretora.

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DL – É comum um deputado, estadual ou federal, deixar o mandato para ser prefeito? O senhor também fará isso ou cumprirá integralmente o mandato?

Caio – Minha pretensão é a de ficar os quatro anos no mandato. Além de uma votação expressiva em São Vicente, também tive votação em outras regiões do Estado e tenho responsabilidade também com essas pessoas. Minha pretensão é de ficar quatro anos no mandato. A discussão sobre 2016 tem muito tempo pela frente, preciso mostrar minha dedicação para minha região e para o Vale do Ribeira também, e, sem dúvida, vamos poder escolher um grande candidato para São Vicente. A ideia é cumprir os quatro anos, até para o meu amadurecimento político.

DL – O senhor já formula, ou está esboçando, alguns projetos ou ações na Assembleia?

Caio – Sim. Com relação à Saúde Pública, vou focar na construção do Hospital Regional em São Vicente, buscando um maior convencimento do Governo do Estado; a volta do Hospital São José para atender a Saúde pública; a ampliação das nossas redes de Etec e Fatec, incluindo outros cursos, nas áreas de Turismo e Gastronomia. O setor do Turismo é um dos que mais crescem. Acompanhar de perto os projetos na área da Mobilidade Urbana, em especial o do VLT, que deixou de fora a Área Continental. Nossa tarefa será a de fazer o Governo do Estado assumir a extensão de Barreiros para a Área Continental. Não acho justo essa segregação da Cidade. E, embora o BRT esteja definido para o Litoral Sul, também é preciso avançar no VLT. O BRT é um primeiro passo, não o definitivo. Também é importante desenvolver o Aeroporto Regional de Itanhaém. E também dedicar bastante o meu mandato no Vale do Ribeira, onde fui muito bem votado, e é preciso aumentar a rede de Saúde. Para os jovens, além de novos cursos, temos na região jovens com qualidades na Arte e na Cultura. A ideia é criar um centro de aprimoramento para a área cultural, onde os jovens possam gravar músicas, ensaiar, desenvolver talentos e que isso sirva de profissão para os jovens.

Eu não concordo com a aprovação automática nas escolas, gosto do método mais tradicional (Foto: Matheus Tagé/DL)

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