Política

Base está 'esfacelada', afirma Lula ao PMDB

Para o ex-presidente, a crise chegou a tal ponto que nem mesmo uma reforma ministerial - defendida por ele até o mês passado - resolveria a insatisfação entre os aliados

Publicado em 13/08/2015 às 12:44

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Dez horas após admitir que a presidente Dilma Rousseff cometeu erros, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que o pacote de reformas proposto pelo PMDB pode salvar sua sucessora do impeachment. Em café da manhã com o vice Michel Temer, senadores e ministros do PMDB, no Palácio do Jaburu, Lula ouviu queixas sobre a condução do governo, elogiou a agenda apresentada pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e pediu ajuda para reintegrar à base o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

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"Dilma saiu da mesmice do ajuste fiscal", afirmou Lula, ao destacar que o pacote lançado pelo Senado apontou um novo caminho. "Agora, precisamos arrumar a nossa base, que está esfacelada." Para Lula, a crise chegou a tal ponto que nem mesmo uma reforma ministerial - defendida por ele até o mês passado - resolveria a insatisfação entre os aliados.

Nos cálculos do Planalto, o governo conta, hoje, com o apoio de 130 dos 513 deputados e pouco mais da metade dos 81 senadores. Ministros e dirigentes do PT chegaram a sondar o próprio Lula, na semana passada, sobre a possibilidade de integrar a equipe de Dilma. "Vocês estão doidos?", respondeu ele.

Lula vai se encontrar com Dilma somente amanhã, quando retornará a Brasília para engrossar um ato em defesa do Plano Nacional de Educação. "Eu agora vim para uma conversa entre amigos. Tenho medo de fazer reuniões e alguém pensar que eu esteja fazendo coisas paralelas", disse o ex-presidente, no café com os peemedebistas.

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Lula disse ontem que o pacote de reformas proposto pelo PMDB pode salvar sua sucessora do impeachment (Foto: Agência Brasil)

Renan afirmou que o PMDB esperou uma proposta do governo por três meses, antes de apresentar a Agenda Brasil, como foi batizado o pacote de medidas para melhorar a proteção social, o equilíbrio fiscal e o ambiente de negócios. Embora contenha pontos polêmicos e rejeitados até por integrantes do governo, o pacote serviu para desviar o foco da crise.

Após o acordo do Planalto com Renan, o Tribunal de Contas da União, onde o senador tem influência, decidiu dar mais 15 dias para Dilma explicar as "pedaladas fiscais". Se a análise do TCU fosse hoje, tudo indicava que as contas do governo de 2014 seriam rejeitadas, abrindo brecha para a abertura de um processo de impeachment contra Dilma no Congresso.

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Críticas

"Tudo isso é um teatro", reagiu Cunha, após participar de almoço que reuniu Temer e a bancada do PMDB na Câmara. "Até agora estamos vendo um jogo de espuma sem conteúdo concreto", disse, numa referência à Agenda Brasil. Apesar de convidado, o presidente da Câmara não compareceu ao café da manhã com Lula, no Jaburu.

O ex-presidente manifestou preocupação com o isolamento do deputado, que atribuiu o envolvimento de seu nome na Lava Jato a uma "perseguição" do Planalto. "Mais do que nunca, nós todos estamos atrás de um amplo entendimento", disse Temer. Articulador político do Planalto, o vice prometeu a Lula se empenhar para que Cunha não destrua a base do governo.

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Lula pediu compreensão com os erros de Dilma. Anunciou, ainda, que vai começar a viajar para defender o governo. "Não adianta nada percorrer o País sem uma agenda e sem arrumar a política", disse um dos senadores. O ex-presidente concordou. Depois, afirmou que Temer estava certo ao dizer que era preciso alguém para reunificar o País. "Eu sei que me olharam enviesado, mas não retiro uma palavra do que disse", afirmou Temer. 

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