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Qual será o tamanho do impacto regional das manifestações contra a presidente Dilma Rousseff (PT), marcadas para hoje em várias cidades do País, no partido da estrela vermelha? A legenda tem atualmente sua força limitada na região e, dependendo do resultado dos atos, pode ver a desidratação de sua representatividade local.
Numericamente, o Partido dos Trabalhadores hoje não é expressivo nos legislativos da Baixada. Tem dez vereadores distribuídos nas 131 vagas nas nove câmaras da região – menos de 10% do total. No Executivo, Márcia Rosa (Cubatão) é a única representante da sigla a comandar uma das nove prefeituras locais.
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Desde ontem, com o fim do mandato de Telma de Souza na Assembleia Legislativa, o PT não conta com nenhum representante local nos parlamentos. Maria Lúcia Prandi era suplente de federal e pouco atuou na Câmara Federal nos últmos quatro anos. Por outro lado, o PT santista está em alta em Brasília, com o médico Arthur Chioro no comando do Ministério da Saúde e a ex-vereadora Cassandra Maroni na Secretaria de Patrimônio da União (SPU).
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Ofensa pessoal
Atento aos atos de hoje, a Macrorregião da Baixada Santista teme a subida de tom nos discursos e na personificação dos ataques à presidente. “O que é ruim nessas ocasiões é que pode gerar ódio e intolerância. No ato de domingo passado (panelaço durante o discurso da presidente), teve ofensa a Dilma, e isso no Dia Internacional da Mulher. Isso não contribui para a democracia”, avalia o coordenador da Macrorregião, Emerson Santos.
O representante da agremiação diz ser impossível prever como será a manifestação marcada para hoje, mas observa o fato de 70% do eleitorado de Santos ter votado em Aécio Neves (PSDB), que disputou o segundo turno da eleição com Dilma Rousseff (PT). “Em São Vicente, a diferença foi bem menor. Não percebo uma mobilização específica para o ato em cidades como São Vicente, Cubatão e Guarujá”.
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Para Emerson Santos, há entre os apoiadores da manifestação deste domingo “setores que querem o terceiro turno eleitoral”.
Cíclico
O coordenador da Macrorregião do PT na Baixada avalia que o partido, por viver momentos cíclicos, está em uma fase em que nomes expoentes do passado, como Telma de Souza, Maria Lúcia Prandi e até Mariângela Duarte (fora da legenda há um bom tempo), estão em um momento diferente. Ele, porém, destaca a boa atuação dos vereadores, como Conrado Carrasco (Itanhaém), Janaina Ballaris (Praia Grande, os santistas Adilson Júnior e Evaldo Stanislau, Edilson Dias (Guarujá), entre outros. “Estamos na fase de maturação de novas lideranças”.
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Partido tem prioridades na eleição de 2016
Manter o controle da Prefeitura de Cubatão (elegendo o sucessor de Marcia Rosa, que está em segundo mandato), manter a parceria com o prefeito de São Vicente, Luis Cláudio Bili (PP) e lançar candidatos a prefeito em Guarujá, Praia Grande, Santos e Itanhaém. Essas são as prioridades da Macrorregião do PT para as eleições de 2016.
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Emerson Santos diz que, além de tentar aumentar o número de vereadores locais, o PT poderá nas outras cidades “articular com outros atores”. Tradução: apoiar candidatos de outros partidos.
Fontes ligadas ao partido em Cubatão apontam que o vereador Wagner Moura deve ser o escolhido para ser candidato a prefeito. Seu nome aparece em pesquisas internas à frente do secretário de Gabinete, Fábio Inácio.
A situação em Santos, onde o partido perdeu os cinco
últimos embates para o comando do Palácio José Bonifácio, é mais complexa. O vereador Evaldo Stanislau tem visibilidade boa graças ao seu trabalho como um dos principais opositores ao prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), mas em fevereiro fez críticas ao partido em plenário. Há quem veja o ministro da Saúde, Arthur Chioro, como um possível nome.
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A estratégia em São Vicente é, segundo Emerson Santos, apoiar Bili “porque ele é adversário dos nossos adversários". A sigla também comanda as secretarias de Habitação e Saúde em terras vicentinas.
Força do ato na Baixada é difícil prever
A cientista política e professora universitária Olivia Perez diz que é difícil prever o tamanho da manifestação de hoje contra Dilma, embora ressalte que há setores organizados, como a OAB e partidos, por trás do ato.
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“Será uma manifestação diferente da que ocorreu em 2013, que teve participação maior entre os jovens e de setores da esquerda”. O ato de hoje, entende Olivia, deve reunir pessoas que habitualmente não se manifestariam nas ruas.
Na avaliação da especialista, o PT precisa se abrir mais para os jovens e se reinventar. Um dos erros da agremiação, segundo ela, é não saber rebater bem as críticas, “deslocando a culpa para a Imprensa e outros setores”.
Deputados
No encontro realizado sexta-feira entre deputados da Baixada Santista, os eleitos pela região também comentaram o ato de hoje – com exceção de Beto Mansur (PRB), que não compareceu porque havia se submetido a uma cirurgia.
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Caio França (PSB), que toma posse hoje na Assembleia Legislativa, diz que considera “válida” a manifestação. Ele, porém, não vê elementos para o impeachment da presidente.
Outro estadual que tomará posse hoje, Paulo Corrêa Júnior (PEN) espera que a manifestação seja um exemplo de civilidade e não de baderna.
Deputado federal em início de mandato, João Paulo Tavares Papa (PSDB) não vê na sociedade brasileira “espírito violento ou adepto a golpes”. Segundo ele, “na democracia plena que vivemos, há espaço para manifestações”.
Para o ex-prefeito santista, há duas grandes motivações: o escândalo da Petrobras, “que gerou insatisfação com a atividade política” e o fato que “poucos meses após a eleição, que teve intensos debates de questões de economia e de trabalho, o governo assumiu e tomou posições contrárias”.
Marcelo Squassoni (PRB), também em início de mandato na Câmara Federal, parte da motivação para o ato “é a vergonha internacional pela qual passa o País e a desânimo dos empresários”. “Tem muita gente perdendo o emprego por causa da roubalheira na Petrobras”.