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O debate a ser promovido pelo SBT na próxima segunda-feira, 1º, deve mostrar com mais clareza a estratégia dos candidatos Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) em relação à candidata do PSB Marina Silva, que está em trajetória ascendente nas pesquisas de intenção de voto. Especialistas acreditam que o segundo encontro será diferente do primeiro, na TV Bandeirantes, em que as críticas de Aécio e Dilma a Marina foram sutis.
"No próximo debate, Marina vai ser mais testada. Até o encontro da Band, havia uma certa prevenção por parte de Dilma e Aécio, no sentido de deixar Marina andar com as próprias pernas e ver se ela ficava de pé", avaliou Carlos Melo, cientista político e professor do Insper. "Não foi o que aconteceu. Marina mostrou que tem habilidade, teve desenvoltura no primeiro debate e começa a se perceber que não dá mais pra preservá-la", completou.
"No primeiro debate os ataques entraram devagar, porque a pesquisa (Ibope) tinha acabado de sair", afirmou o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marco Antonio Carvalho Teixeira. "A estratégia dos dois (Dilma e Aécio) foi muito mais intuitiva. Agora virá de forma organizada" defende o professor. Ele diz que, para Aécio, a ameaça imposta por Marina é imediata, com risco de deixá-lo de fora do segundo turno, mas a situação da presidente também já é bastante delicada. Por isso, deve se concretizar a teoria uma trégua entre PT e PSDB para concentrar a ação contra a candidata do PSB. "A união acontecerá porque não é mais uma eleição plebiscitária. Eles vão ter que passar a direcionar o tiroteio à Marina."
Para Melo, a "artilharia mais pesada" deve ser direcionada à ex-senadora já no debate do SBT porque o prazo está curto. "Na segunda-feira vamos estar a pouco mais de 30 dias do primeiro turno. Não vai dar para eles esperarem para fazer os ataques nos últimos 15 dias", afirmou o professor do Insper. "Seria um risco muito grande".
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O cientista político e especialista em pesquisa eleitoral Sidney Kuntz também acredita que as campanhas petistas e tucanas vão concentrar os esforços em desconstruir a imagem de Marina, mas pondera que é preciso tomar cuidado com ataques muito agressivos. "Ataque não ganha voto há um bom tempo. O (Geraldo) Alckmin tentou contra Lula (em 2006) e era algo que não combinava com ele, não vingou. É preciso tomar cuidado (com ataques)", disse.
Kuntz avalia ainda que o desempenho de Marina no último debate e também na entrevista ao Jornal Nacional, mostra que a candidata está muito mais bem preparada para responder a questões "mais complicadas" do que em 2010. "Hoje ela é quase uma monja tibetana."
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Possíveis ataques
Na avaliação dos cientistas políticos, os discursos contra Marina devem focar primeiramente, como já evidenciado por interlocutores tucanos e petistas, na suposta inexperiência administrativa de Marina. Outro alvo devem ser as inconsistências da candidata na defesa de sua "nova política". O primeiro argumento acaba sendo frágil, pois Dilma só tinha a experiência ministerial a apresentar em 2010, enquanto Marina foi senadora e ministra, explica Teixeira. "Mesmo contra Aécio, Marina pode em tese questionar o legado que ele deixou em Minas."
Kuntz também avalia essa estratégia como equivocada. Segundo ele todo mundo na vida foi inexperiente um dia e além disso, nesse caso, ela poderia contra-atacar. "Ela pode questionar a experiência de Dilma ao assinar um papel em branco no caso do escândalo de Pasadena, da Petrobras. E pode citar o caso de aeroportos que beneficiaram parentes para questionar a experiência de Aécio", afirmou. "Essa tese de experiência não vai vingar".
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Para ele, os marqueteiros "devem estar batendo cabeça" e tendem a optar por um caminho para reforçar a tática do medo. "Eles devem tentar mostrar a pouca estrutura partidária, com poucas chances de aprovar projetos e colocar medo a respeito de um possível governo. Eu não vejo outro caminho", disse Kuntz.
Outro argumento é tentar levantar polêmicas a respeito da opinião de Marina, como no caso dos transgênicos. Para Teixeira, o tema pode vir à tona, já que ele avalia que Marina teve alguma dificuldade de explicar sua posição na entrevista ao Jornal Nacional. "Ainda assim, é um tema que Marina pode se preparar bem para responder", pondera.
O calcanhar de Aquiles mais evidente seria a questão do jatinho e da suspeita de uso de empresas- fantasma para financiar a compra da aeronave usada por Campos e também pela então vice. "Marina deu, até aqui, a resposta que era possível, mas é uma tecla em que os adversários devem bater", avalia Teixeira, com a ressalva de que é o tema mais delicado da campanha: "um baita quebra-cabeças para quem vai bater e para quem vai defender". A questão seria como atacar sem cruzar a linha de denegrir a imagem do candidato que morreu de forma tão trágica.
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Para Kuntz, no entanto, o tema do avião não deve ser abordado, pois é uma coisa comum durante as campanhas. "Um candidato tem 45 dias para fazer campanha, vai a seis cidades em um dia. Ninguém pergunta de certificado de avião. É sabido que toda campanha tem jatinho ou que cederam ou que alugaram. É algo comum."
Nanicos
Outra tendência apontada pelos especialistas é os candidatos nanicos passarem a mirar Marina - com a diferença de que não têm muito a perder. "Para eles é uma oportunidade de ganhar presença", lembra Teixeira.
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Para Melo, do Insper, já foi perceptível no primeiro debate os pequenos começarem a direcionar críticas à candidata do PSB, em especial Luciana Genro (PSOL), com um viés de esquerda, e Levy Fidélix (PRTB), de direita. "Essas figuras tendem a funcionar como fustigadores de Marina e servem de linha auxiliar de ataque à estratégia de Dilma e Aécio", afirmou Melo.
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