Política

Assembleia Legislativa vai analisar cassação de Afif

A Comissão de Ética do Estado instaurou um procedimento para avaliar o caso do vice-governador de São Paulo

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 17/05/2013 às 20:59

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A dupla função de Guilherme Afif Domingos (PSD), vice-governador de São Paulo e ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa no governo federal, será alvo de análise da Assembleia Legislativa e do próprio Executivo paulista. O presidente do Legislativo, Samuel Moreira (PSDB), acolheu pedido para analisar se o Afif deve ser cassado e o encaminhou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). A Comissão de Ética do Estado instaurou um procedimento para avaliar o caso e deu prazo de 15 dias para que o vice apresente suas justificativas.

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No Palácio dos Bandeirantes, a orientação do governador Geraldo Alckmin (PSDB) é pela não interferência em nenhum dos dois processos e deixá-los correr livremente. Contrariado com a decisão de Afif de aceitar o cargo em Brasília, o tucano teme que qualquer intervenção transforme o vice de "vilão" da história em "vítima".

A nomeação de Afif ocorreu no início do mês, numa articulação da presidente Dilma Rousseff a fim de aproximar o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab da base do PT no governo federal e amarrar o apoio do partido à sua reeleição. O convite ao vice de Alckmin também se deu no momento em que os petistas tentam atrair o PSD para a chapa que montarão derrotar o governador tucano em São Paulo.

Afif diz que não pretende renunciar ao cargo de vice. Ele afirma que só deixará o governo paulista por decisão judicial.

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A decisão da Presidência da Assembleia foi publicada na edição desta sexta-feira do Diário Oficial. Moreira decidiu refutar o pedido do deputado Carlos Giannazi (PSOL) de que a Assembleia abrisse um processo contra Afif por crime de responsabilidade, mas decidiu dar prosseguimento à análise da cassação após manifestação favorável da Procuradoria da Casa. Os procuradores disseram ver "plausibilidade jurídica da tese de incompatibilidade funcional o que demandaria, em tese, a imposição da sanção de perda do cargo".

Samuel Moreira negou qualquer tratativa com o governo estadual para dar prosseguimento à matéria. "Apenas cumpri com o meu dever de encaminhar para que a Assembleia tome uma decisão. Não poderia arquivar em um momento desse. Não posso interromper essa avaliação", declarou ao Grupo Estado.

Afif será alvo análise da Assembleia Legislativa por dupla função (Foto: Divulgação)

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A CCJ da Assembleia deve se reunir na quarta-feira para começar a deliberar sobre o inédito procedimento a ser seguido. Se optar pelo rito sugerido pela Procuradoria, deve primeiro decidir pela admissão ou não da matéria. Caso fosse acolhida, um relator seria escolhido e Afif teria o prazo de cinco sessões para se manifestar. Se treze integrantes, então, optassem pela procedência da tese da cassação, o relatório iria a plenário. Com maioria absoluta de 48 votos a cassação seria consumada.

Ética

Criada em 2011, a Comissão de Ética do Estado passa por sua prova de fogo Ética. Provocada pelo advogado Maurício Januzzi - que vê violação ética no acúmulo de funções e, embora seja conselheiro da OAB-SP, representou contra Afif como cidadão, e não como representante de classe -, a comissão instaurou, no dia 14, um procedimento para avaliar o caso. Deu prazo de 15 dias para que ele apresentasse uma espécie de "defesa".

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Na próxima reunião, na primeira quinzena de junho, a comissão vai deliberar sobre o caso e emitir um parecer. Em tese, pode opinar pela falta de ética pública de Afif e dizer que, para ser ministro, deve renunciar. O parecer seria, neste caso, encaminhado à Assembleia para as providências cabíveis. Um integrante do governo com acesso aos integrantes da comissão disse que a opinião unânime dos cinco membros é pela impropriedade da dupla função.

Afif afirmou, pela assessoria, que não foi notificado.

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