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Na tentativa de reagir à crise política que enfrenta, com sucessivas derrotas no Congresso, a presidente Dilma Rousseff decidiu recorrer ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem se encontra hoje,12, em São Paulo. Além disso, o Palácio do Planalto intensificou as negociações dos cargos de segundo escalão com os aliados.
O encontro de Dilma e Lula vinha sendo tratado sob sigilo pelo governo. A presidente queria evitar a interpretação de que ela mais uma vez pedia socorro ao padrinho político. Tanto que tentou transferir a agenda com o ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, que seria realizada amanhã à tarde, em Brasília, para a manhã de hoje, na capital paulista. Assim, quando terminasse a reunião, Dilma sairia para o encontro com Lula, sem que fosse necessário incluir o compromisso na agenda.
A presidente e Steinmeier vão se reunir para tratar da visita de Estado de Angela Merkel ao Brasil em agosto. O ministro alemão, porém, só chega ao País amanhã, 13, e o encontro foi transferido.
A presidente Dilma Rousseff embarca para São Paulo no início da manhã e realiza exames de rotina no hospital Sírio-Libanês. Depois ela se reúne com Lula. O encontro não está previsto em sua agenda oficial.
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Relação estremecida
A relação entre Dilma e seu antecessor está estremecida desde o ano passado, após ela se negar a acatar sugestões do ex-presidente. Lula, por exemplo, defendia a substituição do então ministro da Fazenda, Guido Mantega, troca feita por ela apenas neste ano, no segundo mandato. O ex-presidente também defendia que a presidente da Petrobras, Graça Foster, fosse substituída há semanas. Mas a nomeação de Aldemir Bendine em seu lugar só ocorreu na semana passada. A crise na economia acabou contaminando também a política. A avaliação da presidente despencou.
Ontem, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, um dos petistas mais próximos a Lula, reuniu-se com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e depois com Jaques Wagner (Defesa). Marinho procurou minimizar o momento do governo, afirmando que o País já superou "crises muito piores". "Esta é fichinha."
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Cargos
O governo também definiu uma série de ações no Congresso para tentar diminuir a crise. Uma primeira articulação ocorreu com o PRB e mais oito partidos nanicos, que, juntos, somam 39 deputados. O bloco ficou na órbita de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) durante a campanha para a presidência da Câmara. Foram oferecidos a eles cargos no Ministério do Esporte, comandado por George Hilton (PRB). A iniciativa irritou os presidentes das legendas.
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"(O governo) ofereceu cargos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica para o bloco. E agora o PRB está oferecendo para estes deputados participarem do bloco cargos no Ministério do Esporte" disse Levy Fidelix, presidente do PRTB.
Responsáveis pela articulação política do governo se reuniram ontem com parlamentares de diversas legendas.
Também foram acertadas reuniões de ministros e até da presidente com os partidos. A primeira deve ocorrer no dia 24 e terá como tema a discussão das medidas provisórias que tratam de alterações em regras trabalhistas, assunto que tem enfrentado ampla rejeição na base, na oposição e até mesmo no PT. A expectativa é de que Dilma participe deste encontro. Líderes da base também terão reuniões semanais com ministros e, uma vez por mês, Dilma também deve encontrá-los.
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O governo também decidiu partir para o ataque à oposição sobre a Operação Lava Jato. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ao Estado que a oposição quer "encobrir o passado e criar um clima passional no País" contra a presidente Dilma.
Em outra frente, o PT entregou ontem uma representação à Procuradoria-Geral da República para que a operação investigue possíveis crimes cometidos durante o governo Fernando Henrique Cardoso.