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A candidata do PSB, Marina Silva, está fora da disputa presidencial. Com 95,17% dos votos apurados, a pessebista conta 21,19% dos válidos, distante do segundo colocado Aécio Neves (PSDB), com 34,08%. O tucano vai ao segundo turno com a presidente Dilma Rousseff (PT), que tem neste momento 41,14% dos votos computados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Há um mês, Marina chegou ao auge nas pesquisas. Em alguns cenários, apareceu empatada com Dilma no primeiro turno e até com 10 pontos sobre a presidente na simulação de segundo turno. De meados de setembro até agora, no entanto, sua vantagem foi derretendo paulatinamente. A onda Marina chegou a causar euforia no mercado financeiro, elevando ações do chamado "kit eleições", composto principalmente por papéis de estatais. A Bolsa de Valores de São Paulo subiu e desceu junto com a expectativa em torno da ex-ministra.
"Marina não suportou o tamanho da expectativa de mudança colocado sobre ela. A expectativa sobre a nova forma de fazer política, promovendo um realinhamento das pessoas com instâncias partidárias, não se deu. Ela não conseguiu dar conta até porque toda a estrutura política brasileira é muito atrasada", disse ao Broadcast Político a socióloga e especialista em pesquisas eleitorais Fátima Pacheco Jordão.
O cientista político e professor do Insper, Humberto Dantas, avaliou que a campanha petista soube atacar a candidatura da pessebista com eficiência, sem entrar em julgamento de mérito do ponto de vista ético da estratégia. "A campanha do PT se mostrou significativamente competente, levando Dilma a crescer e Marina a perder espaço", disse Dantas em entrevista ainda antes do pleito, nesta reta final de campanha.
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Marina se vitimizou e reclamou dos ataques apelativos da campanha petista em diversas ocasiões, mas sua campanha demonstrou incapacidade de rebater, influenciada também pelo tempo menor de televisão (2 minutos contra 12 minutos do PT). Entre as peças mais contundentes, esteve uma da campanha de Dilma que associou a proposta defendida por Marina, de dar autonomia formal ao Banco Central, à imagem de comida sumindo da mesa de uma família.
Fátima, por outro lado, avalia que houve sim um peso dos ataques petistas, mas que foram mais definitivos os problemas da campanha de Marina e a forma como a sociedade se informa, que contribui para o momento de instabilidade de identificação política. "O grau de informação do eleitor está alterado. Processos antes internos, de embates dentro dos partidos, hoje vão para a internet e criam um impacto novo, que contribui para indefinição do eleitorado", disse a socióloga.
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As falhas da campanha de Marina, mais amadora que as campanhas adversárias e com menor estrutura, tiveram impacto importante. Fátima lembra o episódio emblemático da errata sobre direitos LGBT colocados no programa de governo. O recuo no texto gerou polêmica e reclamações, além de reavivar acusações de suposta homofobia da candidata. "Aquilo foi mal dimensionado pelo PSB, que fez a troca a frio, sem refletir ou preparar melhor", avaliou Fátima.
A especialista diz também que a perda de brilho da candidata na reta final da campanha também pesou. "Ela ficou fisicamente debilitada e até intelectualmente perdeu força, em termos de argumentos e lógica do discurso. A aura dela sumiu", disse Fátima ao lembrar o último debate presidencial, na TV Globo, na quinta-feira, 2.
A própria Marina sustentava um discurso firme que estaria no segundo turno. Na quarta-feira, 1, em ato de campanha em Paraisópolis, favela na zona sul de São Paulo, chegou a dizer que ela e a sociedade brasileira já estavam no segundo turno. Na sexta-feira, 3, no entanto, com pesquisas demonstrando acirramento da disputa com Aécio, a candidata já modulou o tom. Ela pediu a pessoas no Rio de Janeiro que promovessem uma "onda verde amarela" para levá-la ao segundo turno.
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Com o resultado, Marina sai da corrida em 2014 em terceiro lugar mesma posição alcançada em 2010. Isso não significa, no entanto que Marina não avançou como quadro político nacional do País. A derrota a desvencilhará do compromisso do PSB. Com a criação da sua Rede Sustentabilidade, Marina Silva promete ser uma força ascendente para a disputa presidencial de 2018.