Política

Alberto Youssef vai alegar que desvio bancava 'projeto de poder'

O documento deve ser apresentado à Justiça Federal do Paraná, onde tramitam os processos da Lava Jato, na próxima terça-feira

Pedro Henrique Fonseca

Publicado em 24/01/2015 às 11:59

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A equipe de advogados de Alberto Youssef, considerado um dos líderes do esquema de desvios da Petrobras, vai concentrar a defesa na alegação de que o doleiro serviu apenas como uma peça no sistema político criado para dar sustentação ao projeto de poder do PT.

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O documento deve ser apresentado à Justiça Federal do Paraná, onde tramitam os processos da Lava Jato, na próxima terça-feira. "É um projeto de poder para sustentação do PT. Não há dúvida disso. Vou citar isso na peça, claro. Não tem dúvida. PT e a base aliada como PMDB, PP", diz o advogado Antônio Augusto Figueiredo Basto. "É a corrupção sustentando um esquema de poder. Não há menor dúvida de que esse esquema é um grande sistema de manutenção de grupos políticos. Vamos sustentar isso na nossa defesa. Meu cliente foi mera engrenagem. Não era a peça fundamental do esquema."

Na delação realizada por Youssef no âmbito da Lava Jato, ele citou políticos como beneficiários do esquema da Petrobras. Confirmou também a partilha de desvios de contratos com as empreiteiras entre três partidos: PT, PMDB e PP.

O posicionamento de Figueiredo Basto ocorreu um dia depois de os advogados do empresário Gérson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia, afirmarem em documento entregue à Justiça Federal que a Petrobras foi usada para bancar o "custo alto das campanhas eleitorais" e para financiar a base de apoio do governo federal nos "últimos 12 anos".

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Segundo a defesa de Almada, preso pela Operação Lava Jato desde 14 de novembro de 2014, "a Petrobras foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias".

O doleiro rá alegar que o desvio bancava o 'projeto de poder' (Foto: Divulgação)

O esquema de pagamento de propina a parlamentares, em troca de apoio ao governo, descrito pelos defensores, se assemelha ao ocorrido no processo do mensalão, que levou integrantes da cúpula do PT e da base à prisão.

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O advogado de Youssef ressalta que não há combinação na linha de defesa com outros defensores. "Não há nenhuma harmonia entre as defesas, trabalhamos de forma individual. O que há é a verdade, o esquema vem de cima. Agora todo mundo já está falando porque é notório, as empreiteiras estão servindo de bode expiatório. É verdade que não tem inocente nesse jogo, ninguém foi extorquido, achacado, todos entraram de forma consciente. Mas é evidente que se o sistema não funcionasse, haveria prejuízos para as empreiteiras. Vinha de cima e era para sustentar, sim, um esquema político. Se você não tem os corruptos, não tem esquema. E quem nomeava os corruptos? Os políticos. É uma lógica irrefutável", diz Basto.

Apesar da tentativa de associar o escândalo apenas ao PT e aos partidos da base, as investigações apontam que o esquema também abasteceu o PSB e o PSDB. Depoimentos do ex-diretor Paulo Roberto Costa na delação premiada citam o nome de Sérgio Guerra, ex-presidente do PSDB morto no ano passado, que teria "extorquido" a Petrobras em 2010 e pedido R$ 10 milhões para encerrar a CPI mista que investigava a estatal na época.

Além disso, Costa também mencionou o repasse de R$ 20 milhões para o caixa 2 da campanha de Eduardo Campos (PSB) ao governo de Pernambuco em 2010.

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Além da apresentação da defesa na próxima semana, os advogados de Youssef preparam um segundo documento para ser apresentado no início de fevereiro para que o doleiro passe a cumprir pena em regime domiciliar. Youssef está preso desde março do ano passado em Curitiba.

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