ENTREVISTA EXCLUSIVA
Deputado e ex-prefeito de Praia Grande fala de pautas econômicas, avalia Lula e Tarcísio e revela pretensões para a Baixada Santista
O deputado federal Alberto Mourão / Divulgação
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Em entrevista ao Diário e à Gazeta de S. Paulo nesta semana, o deputado federal e ex-prefeito de Praia Grande por cinco mandatos, Alberto Mourão (MDB-SP), revela que dedicou o primeiro semestre na Câmara para focar nas pautas econômicas do País. Segundo ele, votações como a da Reforma Tributária foram fundamentais para o Brasil, e novos temas devem estar no radar nos próximos meses.
O parlamentar diz que ainda é prematuro fazer uma avaliação mais profunda do novo governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas por enquanto acredita que a gestão segue pelo caminho certo. "Foi um hiato de 4 anos em que muita coisa foi destruída, e precisava ser reconstruída. O caminho está sendo buscado", afirma.
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Depois, com as questões nacionais encaminhadas, o deputado em terceiro mandato pretende focar mais em temas regionais, principalmente para a Baixada Santista. Ele elenca que quer incrementar setores econômicos, levar uma universidade federal e hospitais para a região, além de se atentar à mobilidade.
Mourão também elogia o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), por, segundo ele, se afastar dos extremismos políticos e ter uma visão de investimentos para o Porto de Santos. "Só por isso já merece um outro olhar. Desenvolver o porto é trazer desenvolvimento para toda a região".
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Como o senhor avalia a sua atuação nesse início de mais um mandato na Câmara dos Deputados?
Eu e os parlamentares tínhamos uma responsabilidade coletiva: a de cumprir a agenda de votações que destravaria a economia. E de forma que os nossos interesses, de cada um dos nossos estados, dos nossos municípios pudessem ser conciliados. Por isso a importância da aprovação do projeto da Reforma Tributária, da aprovação do projeto que pretende garantir a volta do voto de qualidade do Carf. Sobre o arcabouço fiscal, que retornou para a Câmara, acredito que logo na primeira semana do segundo semestre nós liberaremos o projeto para que o governo possa seguir arrumando a casa.
O senhor então considera que a votação da Reforma Tributária não foi um processo acelerado por parte dos deputados?
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A meu ver, não. Era necessária. Não podíamos perder esse momento de colocar essa discussão, de mais de décadas, para frente. Com a economia travada, nem eu, nem os demais poderíamos seguir adiante com as nossas pautas, pois todos precisamos de recursos do governo federal. Também é necessário trazer dinheiro para o Brasil, especialmente para zonas como a da Baixada Santista, e para tanto precisamos recuperar a segurança dos investidores. É esta a importância da pauta econômica do governo federal, a partir de um olhar regional.
Quanto à Baixada Santista, como vem sendo a sua atuação para as pautas locais?
A Baixada tem muitas demandas. Mais precisamente, tenho analisado a questão do setor de fertilizantes, e tentando buscar mecanismos para reduzir o preço de um insumo imprescindível para a produção, que é o do gás. O preço final do gás natural vendido no Brasil torna mais evidente ainda a baixa competitividade da nossa indústria. Mas também estou preocupado com a reativação das siderúrgicas na região, verificando quais são de fato os gargalos e quais as ações necessárias. Inclusive porque isso afeta a questão portuária e os custos de produção do Porto de Santos, vital para a nossa região. Mas antes a gente precisava se dedicar às questões mais nacionais.
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A região metropolitana da Baixada Santista é um tema muito cobrado pelos moradores das cidades. Como fazer esse sonho decolar?
Como disse, com a pauta econômica travada, e com tantas necessidades, eu estava realmente voltado para resolver esta questão. Até porque o PPA só começará a ser discutido em setembro deste ano. Tem muito a ser feito. Quero trazer uma universidade federal para a região, quero trazer um Hospital do Câncer, um Hospital do Coração, pois tudo isso representa desenvolvimento. Trazer a universidade federal é um sonho, mas não apenas um sonho, mas sim algo que traz a pesquisa, aproxima a ciência, leva à evolução em todos os processos, a toda a sociedade. Vocês não imaginam como a Baixada se desenvolveu só com a vinda de um campus da Universidade de São Paulo para a região. Especificamente sobre a criação da região metropolitana, sem mobilidade, é impossível. Então, o fundamental primeiro é resolver a questão das entradas das cidades, por exemplo. Em Praia Grande, nos deslocamentos de carro, as pessoas estão levando cerca de 1 hora em trajetos de 18 quilômetros por conta dos entraves nas estradas. Também não podemos esquecer a questão do fornecimento de energia, que merece um olhar mais cuidadoso. E todas estas pautas serão levadas para a discussão junto com formatação do PPA, precisamos de recursos do governo federal, e da iniciativa privada, para todas estas e outras questões.
E sobre as suas realizações como prefeito, quais o senhor daria maior destaque?
Tenho muito orgulho do tratamento dado à gestão dos recursos hídricos por lá. Foram resolvidos mais de 70% dos problemas durante o período que estive como prefeito, até porque eu também era membro do Conselho de Recursos Hídricos e Saneamento. Também registro feitos que foram importantes para melhoria da segurança pública. Pela saúde, queria ter tido mais tempo para fazer ainda mais coisas, pois ela sempre precisará de melhorias.
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Qual a sua avaliação desses seis primeiros meses do governo Lula?
Eles estavam precisando arrumar a casa. Foi um hiato de quatro anos em que muita coisa foi destruída, e precisava ser reconstruída. Então, considerando essa questão, acho imaturo fazer uma avaliação simplesmente. Mas vejo que o caminho que está sendo buscado, no meu entendimento, está no rumo certo, mas era muita coisa para resgatar.
E a gestão de Tarcísio de Freitas a frente de São Paulo?
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Esse então tem tanto a fazer, já que o hiato foi bem maior, há tantos anos ficamos sob a gestão do PSDB, então há muito a fazer. Entretanto, ele vem mostrando uma visão diferente da que esperávamos, mesmo estando tão pressionado por questões partidárias, ele não se apresenta como um extremado, nem tem tomado atitudes capazes de fazer o estado, a região da Baixada, regredirem, voltarem para trás. Ele tem mostrado preocupação com a questão da licitação e com os investimentos que o Porto de Santos necessita, e só por isso já merece um outro olhar, pois desenvolver o Porto é trazer desenvolvimento para toda a região.
Para quais aspectos da esfera federal a sua atuação parlamentar pretende se voltar também?
Eu preciso mencionar, como prefeito que fui, da importância do resgate de projetos federais que são fundamentais para os municípios, principalmente dos que possuem características como os da Baixada, que mesmo ainda não sendo nominalmente chamada de região metropolitana, de fato, o é. Os programas Minha Casa, Minha Vida e o programa Mais Médicos são vitais para a economia dos pequenos municípios. O primeiro porque vai garantir a construção de mais de 2 milhões de casas, e mais do que nunca, nossa população precisa de moradia, e porque ele é indutor da economia, gera renda, gera emprego, aquece a construção civil e traz investimento. O segundo porque só sendo prefeito em regiões como a de Praia Grande já se encontra enorme dificuldade na contratação de médicos, tão necessário para o bom andamento da saúde das nossas cidades. Imagina em regiões mais carentes da atenção de capitais e do estado como um todo. Sobremaneira, nessas pautas, é necessário que a questão ideológica seja afastada.
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