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Ao mesmo tempo em que busca se firmar como líder nacional da oposição após a campanha presidencial, o senador e presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, se articula para tentar manter os aliados em Minas. A derrota no Estado está desmobilizando a ampla base de apoio aos tucanos no segundo colégio eleitoral do País.
Aliados avaliam que Aécio precisa de uma oposição forte para tentar, a partir da eleição para a prefeitura de Belo Horizonte, no ano que vem, iniciar uma caminhada para retomar o controle da política local.
No poder durante 16 dos últimos 20 anos, o PSDB mineiro precisa agora se acostumar com o papel de oposição no Estado, que passou a ser comandado pelo petista Fernando Pimentel. A liderança de Aécio em Minas ficou arranhada pela derrota doméstica - o ex-ministro do Desenvolvimento Econômico venceu já no primeiro turno o também ex-ministro Pimenta da Veiga (PSDB), candidato bancado pelo senador tucano - e pelo revés na eleição presidencial.
No Estado onde exerceu dois mandatos como governador, Aécio foi derrotado pela presidente Dilma Rousseff. No segundo turno, a petista venceu com 51,64% dos votos válidos contra 48,36% de Aécio.
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Agora na oposição, a legenda tucana fala em não facilitar a vida do atual governador, mas desde o fim da eleição se esforça para impedir a debandada dos atuais aliados para a base do Palácio Tiradentes.
Em Minas, diversos partidos que apoiam Dilma - e apoiavam o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - faziam parte da base do governo desde que Aécio assumiu seu primeiro mandato no Executivo, em 2003. Entre eles estão PDT, PSD, PSB, PV e outras legendas.
Aécio tem participado diretamente do trabalho de convencimento dos aliados para evitar uma debandada. No início de dezembro ele se reuniu com deputados de diversas legendas. Oficialmente, o encontro a portas fechadas serviu para o senador "agradecer" pelo apoio recebido em mais de uma década de gestão. Na prática, porém, o PSDB luta para que parlamentares que estavam na base do governo permaneçam pelo menos no bloco independente que será formado a partir de fevereiro.
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"Cada um é senhor do seu destino. Entendi claramente qual o papel que devo desempenhar e o meu papel é o de oposição no plano federal e aqui no Estado. Não cabe a mim impor a ninguém fazer aquilo que não esteja disposto a fazer", disse Aécio após a reunião. "Mas estou feliz com as manifestações dos companheiros, de que vão cumprir, sempre visando atender os interesses de Minas Gerais, o papel de oposição. Espero que cada um possa cumprir o caminho que a sua consciência orientar."
Outra história
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Parte dos apoiadores do tucano, porém, já adianta que não se alinhará às suas orientações. "O Aécio tem meu respeito, minha admiração e é meu candidato (à Presidência) em 2018. Mas aqui (em Minas) é outra história", disse o deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT). "O PDT não tem nada a ver com as posições do PSDB. Tomamos uma decisão interna e vamos construir um bloco parlamentar independente. A postura do bloco não será atrapalhar o governo."
Representantes do futuro Executivo também fazem suas articulações e já contabilizam apoios entre aliados dos tucanos, como os integrantes do PV. "Grande parte do PSD também virá. Alguns deputados podem não vir e podem espernear do jeito que quiserem. Mas grande parte vem conosco", disse o vice-governador Antônio Andrade (PMDB), encarregado da articulação da base do governo na Assembleia. "Outros aliados virão. Muitos ainda vão ver a cara do governo para tomar a decisão. Alguns vêm ou não para a base dependendo de como se comporta o governo. Os deputados estão atentos."
Aprendizado
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Além de tentar esvaziar a base do futuro governo, o PSDB mineiro também terá que passar por um "aprendizado" para atuar na oposição. Desde 1994, quando o tucano Eduardo Azeredo foi eleito governador, o partido só não esteve no poder entre 1999 e 2002, período em que Minas foi governada pelo ex-presidente da República Itamar Franco, que morreu em 2011.
"É claro que temos cacoete governista. Mas é um aprendizado, assim como aprendemos na bancada federal. Nosso papel é ser oposição. É o papel que a população nos delegou e vamos construir essa perspectiva de forma forte, profissional e sem tergiversar", salientou o presidente do PSDB mineiro, deputado federal Marcus Pestana.
"Vamos enfrentar muitas dificuldades. Isso é líquido e certo. Só não sabemos o tamanho dessas dificuldades. Mas não temos nada a temer da oposição e não vai haver motivo para oposição ferrenha", declarou Antônio Andrade.
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Para ele, um bloco independente, que pode contar até com 24 dos 77 deputados dependendo da posição dos nanicos, também "não é problema" porque "na Assembleia sempre teve isso". "O Aécio e os tucanos é que sabem as dificuldades que terão ao longo destes quatro anos", afirmou.
Ex-aliados
Atualmente adversários declarados, Pimentel e Aécio se aliaram em 2008 para eleger Marcio Lacerda (PSB) sucessor do petista na prefeitura de Belo Horizonte. Na ocasião, o então governador Aécio chegou a pregar uma aproximação entre PT e PSDB também no plano federal. Em diversas ocasiões, o tucano afirmou que a "tese da aproximação", baseada na "generosidade", era mais importante que a vitória eleitoral, porque seria "duradoura".
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O discurso da "afinidade" entre setores dos dois partidos ante o "radicalismo" pregado pela disputa política de São Paulo era endossado pelo petista. A "parceria" entre Pimentel e Aécio não sobreviveu à eleição de 2010, quando o tucano apoiou Itamar Franco para o Senado, que derrotou o petista nas urnas.
Dois anos depois, apesar de o PT e o PSDB de Minas ensaiarem uma reedição da aliança em torno de Lacerda, o prefeito e candidato à reeleição rompeu com os petistas. Foi reeleito com o apoio do tucano, abrindo de vez a fissura entre Aécio e o atual governador.
A exemplo do que fez na campanha, Pimentel assumiu o cargo de governador na semana passada com discursos nos quais fez críticas indiretas ao senador tucano e ex-aliado.
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