Política
A decisão de escolher como vice de chapa Aloysio Nunes Ferreira, tem por objetivo construir uma expressiva votação nos dois principais colégios eleitorais
Continua depois da publicidade
A decisão do candidato do PSDB à Presidência, o senador mineiro Aécio Neves, de escolher como vice de chapa Aloysio Nunes Ferreira, senador paulista tucano, tem por objetivo construir uma expressiva votação nos dois principais colégios eleitorais, responsáveis por um em cada três votos no País. Também visa compensar a desvantagem que a chapa deve ter no Nordeste, região que, desde a primeira eleição de Lula, se tornou reduto eleitoral petista.
A articulação montada por Aécio, foi batizada de "Café com Leite" - numa referência à política oligárquica da República Velha (1889/1930), quando os dois Estados se revezavam, em comum acordo, na gestão do País. Pela primeira vez sem um candidato tucano oriundo de São Paulo na cabeça de chapa, a estratégia do partido visa unir o PSDB e evitar o "corpo mole" feito em eleições anteriores por alguns de seus integrantes - inclusive o próprio Aécio.
Levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo revela que o desafio é grande. Desde 2002, o PSDB jamais teve uma vantagem sólida na corrida presidencial somando os dois Estados. No segundo turno de 2010, o então candidato do partido, José Serra, teve apenas 48 mil votos de vantagem em relação à petista Dilma Rousseff em São Paulo e Minas. No primeiro turno, Dilma ficou 966 mil à frente do tucano. Na ocasião, preterido na disputa ao Planalto, Aécio foi acusado por integrantes da campanha de Serra de falta de empenho na campanha nacional e de ter cuidado apenas de seu aliado, Antonio Anastasia, para o governo estadual - conduta então batizada de "Dilmasia".
Nas eleições de 2002 e 2006, Aécio Neves foi eleito no primeiro turno ao governo mineiro e, nas duas ocasiões, o então candidato do PT, Luiz Inácio da Silva, venceu a corrida eleitoral naquele Estado. A falta de empenho de Aécio em relação a Serra, primeiro, e depois na campanha de Geraldo Alckmin, ficou conhecida como "Lulécio". Somando São Paulo e Minas, Lula teve no primeiro turno em 2002 a maior vantagem eleitoral, 6,3 milhões de votos. No segundo turno de 2006, foi a vez de os dois Estados somados terem dado a maior vantagem a Alckmin, 2,7 milhões de votos.
Continua depois da publicidade
No entendimento dos coordenadores da campanha, deverá ser explorada profundamente no Estado a chapa pura tucana que reúne Aécio para presidente, Aloysio como vice, e Geraldo Alckmin para a reeleição ao governo e José Serra concorrendo ao Senado. Além de tentar angariar o apoio da parcela que já cultiva a tradição de votar no PSDB, ainda pretendem usar a pureza da chapa para tentar conquistar os que elegeram o prefeito petista da capital, Fernando Haddad, e que hoje desaprovam sua gestão. Bolam algo como: "Aécio, Aloysio, Alckmin e Serra - juntos pelo bem de São Paulo, juntos pelo bem do Brasil".
A avaliação interna é que com a chapa tucana "AAAS", o presidenciável "larga na frente" no Estado em que ele poderia encontrar resistências internas entre o próprio tucanato devido a histórica rivalidade entre mineiros e paulistas do partido.
Continua depois da publicidade
Nordeste
Como na visão tucana São Paulo está resolvido, Aécio parte agora para o Nordeste, sua região mais frágil e por onde em breve sairá em maratona de dois dias passando pelos nove Estados. No começo de agosto, quando se licenciar do Senado, ele pretende rodar em dois dias Estados da região para lançar um projeto de "choque de infraestrutura" regional. Anunciará projetos para retomar obras estruturantes essenciais, como a Transposição do Rio São Francisco e a rodovia TransNordestina. Com tempo de TV três vezes menor do que sua adversária Dilma Rousseff, ele pretende difundir ainda na região duas ideias: uma com as propostas específicas para os Estados e outro avisando que Aécio foi o senador autor do projeto de lei que propõe tornar o Bolsa Família definitivo, como uma obrigação de qualquer que seja o governo que estiver no comando do País. Os marqueteiros acreditam que essas são mensagens fáceis de serem compreendidas.
Continua depois da publicidade
Continua depois da publicidade