Política
O pretexto do encontro com sindicalistas foi uma partida de futebol, que acabou empatada em 7 a 7. Ao fim, Chico gravou um vídeo para os petroleiros e mandou o seu recado
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Petista histórico e com voz marcante também em questões políticas do País, o cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda atuou, na última segunda-feira, 14, como "garoto-propaganda" da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que lidera uma campanha contra a venda de ativos da Petrobras. O pretexto do encontro com sindicalistas foi uma partida de futebol, que acabou empatada em 7 a 7. Ao fim, Chico gravou um vídeo para os petroleiros e mandou o seu recado: "Há uma cobiça permanente em torno da Petrobras", afirmou no vídeo, referindo-se ao projeto do senador José Serra (PSDB-SP) que prevê mudanças no marco regulatório do pré-sal.
O Projeto de Lei 131, de Serra, retira da estatal a obrigatoriedade de participação e investimento em todos os blocos do pré-sal, que poderiam ser concedidos integralmente à iniciativa privada. Pela atual legislação, a companhia é obrigada a participar com 30% de todos os consórcios de blocos do pré-sal, além de ser operadora única de todas as áreas. O PL está em tramitação no Senado.
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"O petróleo é nosso. Esse é um velho lema que deve ser mantido e lembrado sempre, porque há uma cobiça permanente em torno da Petrobras e, agora, com essa história toda em torno do pré-sal e de conquistas nossas, dos nossos governos desde os tempos de Getúlio, que volta e meia são ameaçadas por esse tipo de investida", disse o compositor, em resposta ao diretor do Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST) João Pedro Stédile, que fez papel de repórter na gravação.
Sobre as intenções do parlamentar tucano para o pré-sal, o cantor disse não acreditar "que passe um projeto desse no Senado" e também que não acha possível que "a sociedade vá aceitar se desfazer da Petrobras, do pré-sal e tudo mais".
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Futebol
Chico recebeu os sindicalistas para uma partida de futebol contra seu time amador, o Politeama, em um campo de futebol no bairro do Recreio dos Bandeirantes, no Rio, ao lado dos músicos Carlinhos Vergueiro e Chico Batera, esse último emprestado ao time dos sindicalistas.
Há 25 anos não se repetia uma partida como essa, entre o Politeama e integrantes do MST. A última havia sido em 1990, no auge das invasões de fazendas pelo movimento, em defesa da reforma agrária. Na época, o Politeama venceu o time do MST.
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Depois de gravar um vídeo no qual protestou contra a crise na Petrobras e o PL de Serra, Chico ainda autografou três DVDs de sua obra, a pedido de Stédile, que serão entregues a "três amigos da Venezuela". Um dos presenteados, segundo o ativista, seria o presidente do país vizinho, Nicolás Maduro.
O compositor foi presenteado com uma cesta de produtos do MST, com uma bandeira e um boné do movimento, além de livros e uma cachaça orgânica. Chico também recebeu o emblemático uniforme dos funcionários da Petrobras, um macacão laranja com a bandeira do País. "Orgulho é meu de receber esse uniforme. Vou usá-lo por aí", brincou, arrancando risadas dos petroleiros.