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A taxa de desemprego no País caiu de 7,1% no primeiro trimestre para 6,8% no segundo trimestre do ano, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta quinta-feira, 6, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado também foi menor do que o registrado no segundo trimestre de 2013 (7,4%). Mas analistas alertam que os dados são defasados e não retratam uma tendência para o mercado de trabalho.
No período de um ano, a pesquisa mostrou uma geração de 1,5 milhão de vagas, sendo dois terços (999 mil) apenas na Região Nordeste. O mercado de trabalho nordestino também registrou forte aumento na formalização. O número de empregados com carteira assinada no setor privado cresceu 10,4% ante o segundo trimestre de 2013, o equivalente a mais 582 mil trabalhadores formais. "Foi o cenário econômico que favoreceu essa geração de postos de trabalho", explicou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
O emprego com carteira assinada também evoluiu no total do País, com a migração de 1,8 milhão de trabalhadores para a formalidade E apesar das desigualdades persistirem entre trabalhadores do sexo feminino e masculino, foi a inserção de mulheres no mercado de trabalho que derrubou o desemprego.
Enquanto a taxa de desemprego feminina recuou de 8,7% no primeiro trimestre para 8,2% no segundo trimestre de 2014, entre os homens ficou praticamente estável, de 5,9% para 5,8%. Mas o nível da ocupação delas permaneceu muito aquém, em 46,4%, contra 68,4% dos homens. "Se você separar todas as mulheres com 14 ou mais de idade, apenas 46,4% estão trabalhando", apontou Azeredo
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No geral, os resultados da pesquisa mostram um mercado de trabalho no restante do Brasil mais favorável do que nas seis principais regiões metropolitanas que integram a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do IBGE. "De uma maneira geral, o dado foi muito positivo. A população ocupada aumentou, a desocupada diminuiu. O problema é que reflete o passado. Olhando para frente, a tendência é piorar, não melhorar", disse o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores.
O professor João Saboia, do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ressalta que a deterioração maior na geração de vagas ocorreu na PME e no Caged a partir do segundo semestre. "O saldo (de vagas) ainda está positivo, mas muito menor", alertou Saboia.
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A Pnad Contínua já mostra também menor ritmo de queda no desemprego. A taxa de desocupação caiu 0,6 ponto porcentual na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2013, de 8% para 7,4%. No mesmo período de 2014, o recuo foi de apenas 0,3 ponto porcentual, de 7,1% para 6,8%. "A taxa de desocupação está caindo, mas em ritmo menor", confirmou Azeredo.
Caparoz acrescenta que a qualidade dos novos postos que ainda são gerados vem sendo comprometida. A maioria dos empregos criados tem salário na faixa de um a dois salários mínimos. Segundo o Caged, do saldo de 730 mil novos postos de trabalho de janeiro a setembro, 689 mil dessas vagas têm renda de um a dois salários mínimos, ressaltou o economista da RC Consultores.
O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, também avalia que o desemprego não tende a cair no mesmo ritmo nos próximos trimestres, pois a atual taxa já está muito próxima do pleno emprego. Segundo ele, o emprego no País tem sido mantido por conta dos estímulos fiscais dados pelo governo a diversos setores. "A Pnad mostra que a situação está se mantendo por conta dos estímulos dados por vários canais via política fiscal. Isso pode estar mantendo aceso o mercado doméstico", declarou Perfeito.
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O IBGE divulgará os dados da Pnad Contínua referentes ao terceiro trimestre de 2014 apenas no dia 9 de dezembro. O calendário de divulgações da pesquisa sofreu diversos atrasos e adiamentos devido à greve de servidores no órgão, que prejudicou a coleta de informações no campo.
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