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Mesmo tendo fechado 2014 com taxa de desocupação de 4,3%, a menor da série histórica iniciada em 2002, o mercado de trabalho ficou praticamente estagnado ao longo do ano passado, uma tendência verificada nas pesquisas que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vinha divulgando nos últimos meses.
Segundo a economista Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, “é fato” que a população ocupada não se expandiu ao longo do ano passado, como vinha ocorrendo desde 2003.
“A manutenção dessa taxa em níveis baixos de fato deu-se, sobretudo, influenciada pela retração na população desocupada. Pela redução do contingente dos que estão desempregados e, por isso mesmo, à procura de trabalho. O contingente [dos que procuram emprego] diminui e, com isso, cai a taxa de desocupação. E isso significa que a população ocupada, se não se expandiu em 2014, também não retraiu significativamente ao longo do ano”, ressaltou Adriana.
Para ela, a tendência vem se verificando a cada nova divulgação da Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Os dados de dezembro do ano passado e dos 12 meses do ano foram divulgados hoje (29) pelo IBGE.
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“Embora, ao longo de 2014, tenha sido observada mensalmente nas pesquisas a redução da taxa de desocupação, ela se deu não pelo aumento da oferta de mão de obra, mas pela retração da procura. A taxa caiu porque caiu a pressão sobre o mercado de trabalho”, explicou a economista.
Adriana disse que a menor pressão pode ter origem em fatores diversos, mas certamente teve como princípio a redução da população a procura de trabalho. “O que se observa é que parte importante dessa redução em 2014 estaria migrando para a população não economicamente ativa, ou fora do mercado do trabalho. Essa inatividade cresceu, sobretudo, entre os mais velhos e entre os jovens. Pessoas com mais de 50 ou menos de 18 anos, um grupo formado sobretudo por mulheres.”
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De acordo com Adriana, apesar dos significativos avanços da sociedade brasileira ao longo das últimas décadas, há ainda muito o que fazer, principalmente quando se analisa a raça ou o sexo no âmbito do mercado de trabalho.
Dados da PME relativos ao ano passado, e em comparação com 2003, indicam avanços nos últimos 12 anos. Mostram, no entanto, que o rendimento dos trabalhadores de cor preta e parda equivale a 58% do ganho dos brancos. A pesquisa mostra disparidade também entre os rendimentos de homens e mulheres. Segundo o levantamento, em 2014, em média, as mulheres ganhavam em torno de 74,2% do rendimento dos homens. Trata-se de um avanço, quando se constata, por exemplo, uma expansão de 0,6 ponto percentual frente a 2013, quando as mulheres ganhavam 73,6% dos rendimentos dos homens. Em 2003, as mulheres ganhavam 70% da massa salarial dos homens.
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