Continua depois da publicidade
Menos de uma semana depois de a General Motors anunciar que vai suspender temporariamente o contrato de trabalho (lay-off) de cerca de mil funcionários da fábrica de São José dos Campos (SP), na última quarta-feira, 30, foi a vez de a Ford anunciar que pretende adotar a mesma medida para adequar a produção ao ritmo mais fraco de vendas.
A montadora comunicou aos cerca de 1.800 trabalhadores da fábrica de Taubaté (SP) que, a partir do início de agosto, planeja colocar parte dos empregados em lay-off. Pela lei, a suspensão temporária do contrato de trabalho pode durar no mínimo dois e no máximo cinco meses. A Ford não detalhou quantos funcionários terão o contrato de trabalho suspenso, segundo Claudia Albertina Marques da Silva, diretora do Sindicato do Metalúrgicos de Taubaté e coordenadora-geral do Comitê Sindical por Empresa da Ford. Mas, segundo ela, a medida, já negociada com o sindicato e aprovada em assembleia de trabalhadores realizada 15 dias atrás, deverá atingir os três turnos de produção da empresa.
Na fábrica de Taubaté são produzidos motores 1.5 e conjuntos de transmissão manual (câmbio) usados em vários modelos de veículos fabricados pela montadora. No comunicado enviado ao sindicato, a Ford diz que o objetivo da medida é "ajustar o ritmo de produção à desaceleração do mercado doméstico e também à redução nos volumes para exportação".
Continua depois da publicidade
Medidas
Não é de hoje que a montadora vem adotando medidas para cortar a produção. Segundo a diretora do sindicato, desde o início do ano, a unidade de Taubaté deu duas vezes férias coletivas aos trabalhadores e realizou dois planos de demissão voluntária (PDVs). Com isso, conseguiu reduzir em 350 o número de funcionários. Além disso, desde janeiro a fábrica funciona um dia a menos por semana. Mesmo assim, a produção não está adequada ao menor ritmo de vendas.
Dados divulgados pela sondagem industrial da Fundação Getúlio Vargas mostram que a parcela de indústrias do setor de material de transporte que acumula estoques excessivos é de quase 30%, resultado comparável ao auge da crise financeira global, em janeiro de 2009, quando 31,6% das empresas tinham veículos encalhados. As montadoras encerraram o primeiro semestre com queda de 7,6% nas vendas em relação ao mesmo período de 2013. Foi o pior desempenho desde 2010. De janeiro a junho, foram licenciados 1,662 milhão de veículos.
Continua depois da publicidade
Além da Ford e da GM, outras montadoras já usaram neste ano o lay-off para reduzir a produção. No início do mês, a Mercedes-Benz suspendeu o contrato de trabalho de 1,2 mil funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo (SP). Também estão em lay-off 790 funcionários da Volkswagen do ABC paulista e 200 da MAN/Volkswagen em Resende (RJ).