Emprego

Dia do Trabalho: Mesmo com recuperação econômica, emprego só melhora em 2017

Antes dessa melhora, contudo, haverá uma intensificação no corte de vagas em 2015 e uma manutenção da taxa de desemprego em níveis mais altos que os atuais ao longo de 2016

Publicado em 01/05/2015 às 13:23

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Continua depois da publicidade

Passado o período de ajuste fiscal, a retomada da economia brasileira deve começar a ocorrer a partir do segundo semestre do ano que vem. E, se confirmado este cenário, o reaquecimento do mercado de trabalho se dará apenas a partir de 2017. Antes dessa melhora, contudo, haverá uma intensificação no corte de vagas em 2015 e uma manutenção da taxa de desemprego em níveis mais altos que os atuais ao longo de 2016.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Especialistas ouvidos pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, estimam que os efeitos da recuperação econômica levarão de três meses a um ano para se refletir na taxa de ocupação. "O mercado de trabalho mal começou a piorar", afirma o diretor de pesquisa econômica da GO Associados, Fábio Silveira, para quem a situação continuará difícil até o ano que vem. "O que a gente não vai ver é a retomada do emprego nos próximos dois anos", projetou. Silveira explica que o lado real da economia tem ajustes mais lentos que o mercado financeiro. As pessoas foram sendo progressivamente demitidas na indústria e o fenômeno começou a atingir os serviços e o comércio mais recentemente. "Nestes setores, o esfriamento do mercado de trabalho está mal começando e vai se desenrolar ao longo de 2015 e 2016", prevê.

Rodrigo Leandro de Moura, economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV), estima que a taxa de desemprego medida pela Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (Pnad) Contínua passe de 6,8% em 2014, para 7,7% em 2015 e chegue a 8,4% em 2016. Pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME), também do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desocupação deve sair dos 4,8% registrados no ano passado, para 6,2% neste ano, chegando a 7,0% no ano que vem. "Isso revela que o desemprego deve subir mais rapidamente nas regiões metropolitanas", analisou.

O reaquecimento do mercado de trabalho se dará apenas a partir de 2017 (Foto: Divulgação)

Continua depois da publicidade

E a recuperação tende a ser lenta. O economista da Fundação Seade, Alexandre Loloian, destaca que é mais fácil entrar em processo de estagnação e recessão. Para a retomada, argumenta, é necessário criar condições para que as empresas voltem a investir e retomem a produção. Uma das alternativas, na sua opinião, poderia ser os programas de concessão e parcerias público-privadas (PPPs).

"O que se observa é que o desemprego tende a subir muito rápido com a recessão e, depois, são necessários vários anos de crescimento para o desemprego voltar a patamares baixos", complementou Moura, que destacou o fato de o País ter levado quase uma década para ver o desemprego cair de cerca de 10% para 5%, na PME. "Daqui pra frente, depende de quanto e como vão repercutir os ajustes que o governo está fazendo."

Antes de uma recuperação efetiva, os empresários devem recorrem ao aumento da jornada, ao pagamento de horas extras e até à contratação ilegal de trabalhadores, sem carteira de trabalho, na avaliação de Loloian. Segundo ele, estas práticas são comuns em momentos que antecedem a retomada do emprego. "Quando se consolida o quadro (de crescimento econômico), quando há essa garantia, nem que seja em um horizonte grande, é que o empresariado volta a contratar", observou.

Continua depois da publicidade

Para Silveira, da GO Associados, dado o atual cenário, o nível de atividade da economia brasileira só deve começar a subir no segundo semestre de 2016 e, assim, o mercado de trabalho começaria a melhorar apenas no início de 2017. "A defasagem é de seis meses a um ano", estimou. A absorção dos demitidos pelo mercado de trabalho depende, diz Silveira, das políticas públicas. "Passados os devidos ajustes, que não se resumem ao ajuste fiscal e a baixar a inflação, é preciso melhorar competitividade, baixar o nível de endividamento das famílias e haver ganho real de produtividade", afirmou.

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software