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Rompendo o ritmo de queda dos últimos dois meses, a taxa de desemprego subiu para 5,4% em setembro, resultado superior aos 5,3% de agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A leve redução no número de pessoas empregadas, associada ao avanço na população de desocupados, provocou a alta no indicador. A despeito do cenário positivo mostrado por outras fontes de dados sobre emprego, a pesquisa do IBGE reflete um mercado de trabalho incapaz de criar novas vagas.
"Não temos geração de postos de trabalho em nenhuma das regiões. Em muitos casos, a desocupação começa a avançar", afirmou o coordenador de Trabalho e Rendimento do instituto, Cimar Azeredo Em setembro, o número de ocupados caiu 0,1% ante agosto, o que significa 31 mil empregados a menos nas seis regiões metropolitanas pesquisadas. Já os desocupados cresceram 2,5% em igual período (33 mil pessoas a mais). Para o IBGE, os resultados mostram estabilidade.
Em setembro do ano passado, a taxa de desemprego também ficou em 5,4%, o que reforça a ideia de que 2013 tem sido semelhante a 2012. "O movimento em termos de mercado de trabalho é o mesmo", afirmou Azeredo. As taxas dos meses de agosto, em ambos os anos, também foram idênticas (5,3%).
Se a semelhança persistisse, seria possível esperar desemprego menor até o fim do ano, uma vez que a taxa de desocupação teve forte desaceleração no último trimestre de 2012, chegando a 4,6% em dezembro. Mas a economista e sócia da Gibraltar Consulting, Zeina Latif, avalia que a tendência é oposta. "Isso se deve ao fato de o enfraquecimento econômico já se mostrar mais disseminado entre os diversos segmentos." A previsão é que o desemprego aumente, mesmo em um período em que costumam surgir mais vagas temporárias, observou Zeina.
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O superintendente de Tesouraria do Banco Indusval & Partners (BI&P), Daniel Luis Moreli Rocha, também antevê ampliação do desemprego e espera para 2013 o pior resultado em criação de postos de trabalho dos últimos oito anos. O avanço da taxa só não foi maior porque o número de pessoas ocupadas ou buscando emprego ficou estagnada na comparação com igual mês do ano passado.
Por atividade, indústria, construção, serviços e administração pública tiveram avanço no emprego, tanto em relação a agosto quanto a setembro de 2012. Na contramão, comércio e serviços domésticos registraram queda nas duas comparações. "Pode ser um movimento de migração para outras atividades", avaliou Azeredo, do IBGE.
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Houve também avanço no emprego com carteira assinada no setor privado. O número de empregados formais é 1% maior que em agosto e 3,5% superior ao nível de setembro de 2012. Enquanto isso, o número de empregados sem carteira caiu 2% ante agosto e recuou 10,2% contra setembro do ano passado.
Renda
A desaceleração da inflação permitiu que o rendimento médio real do trabalhador ultrapassasse a barreira dos R$ 1,9 mil pela primeira vez na história da pesquisa, apurada pelo IBGE desde março de 2002. Em setembro, o valor recebido habitualmente pelos trabalhadores chegou a R$ 1.908 em média, o maior já registrado e 1% superior ao observado em agosto.
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Ainda assim, a alta nos preços no mês passado impediu avanço mais intenso. Sem a inflação, a alta teria chegado a 1,33%, calculou Azeredo. Em 12 meses até setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medida oficial de inflação, ficou em 5,86% - pela primeira vez no ano abaixo de 6%.
"Atividade um pouco mais fraca com inflação elevada tem dificultado maiores ganhos reais nas negociações coletivas de salário. O ganho real deve ficar ao redor de 2% em 2013", estimou Rocha, do BI&P. Foi o segundo mês consecutivo de evolução no rendimento médio, após cinco quedas seguidas.
Para o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, o mercado de trabalho continua apertado (com oferta de mão de obra crescendo no mesmo ritmo da demanda), o que abre espaço para novos ganhos nos rendimentos e, por tabela, estimula a inflação. "É uma situação que ainda impulsiona o consumo de alguma maneira e pressiona a inflação de serviços, a mais sensível a essa dinâmica favorável do mercado de trabalho", avaliou.
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