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A renda ainda em alta fez aumentar no País o número de pessoas que não querem trabalhar. Em outubro, esse montante chegou a 16,726 milhões de indivíduos, um crescimento de 4,9% em relação a outubro de 2012. Ou seja, em um ano, 789 mil brasileiros aderiram à inatividade porque não têm interesse em arranjar um emprego, segundo a Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"O aumento da renda familiar permite que as pessoas mais jovens posterguem a entrada no mercado de trabalho. Essa é a principal razão para a população economicamente ativa ter crescido pouco", explicou o analista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria Integrada.
Apesar do pouco fôlego na criação de novas vagas, o mercado de trabalho mostrou em outubro que permanece resistente. A taxa de desemprego recuou para 5,2%, o menor patamar para o mês desde o início da série histórica da pesquisa, em 2002. Embora a indústria e a construção tenham dispensado trabalhadores, o comércio já começou a contratar.
O rendimento médio do trabalhador ficou em R$ 1.917,30 em outubro, um pouco abaixo do recorde registrado em setembro. Mas o leve recuo não foi causado apenas pela inflação no mês. "A queda no rendimento médio pode ser causada também por novas contratações por salários mais baixos, ou por menos horas trabalhadas em setores como a indústria", citou Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
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Embora o ganho real venha desacelerando, ainda houve aumento de 1,8% na renda média real do trabalhador na comparação com outubro de 2012. "Tem diferenças setoriais, mas a população como um todo ainda mantém conquistas no que diz respeito ao poder de compra", afirmou Adriana.
O bom desempenho do mercado de trabalho tanto do ponto de vista do emprego quanto do poder aquisitivo é surpreendente, principalmente levando em consideração os percalços na atividade macroeconômica, na avaliação de Lauro Ramos, pesquisador da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). "A volta do crescimento da massa salarial aumenta o poder de consumo dos trabalhadores, o que faz que possa continuar sendo, se não a força motriz, mas ainda uma peça importante para o crescimento econômico", lembrou Ramos.
No entanto, economistas alertam que outubro registrou um recuo na população ocupada em relação ao mesmo período de 2012. "A economia gerou menos postos de trabalho, mas as pessoas também procuraram menos por emprego", explicou José Marcio Camargo, economista-chefe da gestora Opus e professor do Departamento de Economia da PUC-Rio.
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Assim, a queda da taxa de desemprego aconteceu num contexto em que menos empregos são criados, mas há uma redução ainda maior das pessoas que buscam trabalho. "Evidentemente, não é algo totalmente positivo", diz o economista.
Na comparação com outubro do ano passado, os setores que cortaram vagas foram a indústria, que eliminou 89 mil postos de trabalho, a construção, com demissão de 75 mil pessoas, outros serviços, com menos 36 mil empregados, e serviços domésticos, setor que perdeu 127 mil funcionários. Com a migração de empregados domésticos para outras atividades, o rendimento médio real dos trabalhadores que permaneceram na categoria subiu 8,1% no período.
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