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Em SP, 31 mil negros foram presos como traficantes em situações parecidas a de usuários brancos

Na mesma situação, pessoas brancas flagradas são geralmente tratadas como usurários. 

Da Reportagem

Publicado em 21/06/2024 às 12:20

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Pessoas enquadradas por tráfico de drogas acabam autuadas em flagrante e são presas até a audiência de custodia, onde a Justiça determina se o réu segue preso ou é liberado / Polícia Militar/Divulgação

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Segundo pesquisa do Centro de Estudos Raciais do Insper, 31 mil pessoas pardas e pretas foram enquadradas como traficantes pela polícia de São Paulo após serem flagrados com pequenas quantidades de maconha. Na mesma situação, pessoas brancas flagradas são geralmente tratadas como usurários. 

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Pessoas enquadradas por tráfico de drogas acabam autuadas em flagrante e são presas até a audiência de custodia, onde a Justiça determina se o réu segue preso ou é liberado. Em casos de porte para consumo próprio, o acusado fica sujeito a penas alternativas.

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O autor do estudo, Daniel Duque, analisou 3,5 milhões de boletins de ocorrências feitos entre 2010 e 2020 pela polícia de São Paulo. Ele aponta que a possibilidade de enquadramento como traficante é 1,5% maior se o suspeito for preto ou pardo, em relação ao que ocorre se ele for branco.

Ele afirma que a lei 11.343/2006, que deixou de punir consumidores de drogas ilegais e aumentou a pena dos traficantes acabou gerando um encarceramento em massa. Essa lei não prevê critérios objetivos para classificação e o enquadramento depende da decisão do policial.

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A pesquisa mostra que a questão racial é mais presente nos casos de pessoas detidas com pequenas quantidades de drogas consideradas leves.

O grau de instrução também é determinante para a polícia determinar quem é consumidor o traficante.

Pessoas com ensino médio completo ou nível superior são tratadas mais como usuários, enquanto aquelas com menor grau de instrução acabam sendo autuadas como criminosos, mesmo estando em circunstâncias semelhantes.

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Outro dado apontado na pesquisa foi a localidade. Em regiões com maior proporção de negros, há diferença no enquadramento, que tende a ser menor.

Entre 2014 e 2017, período de maior crise econômica da década, 80% das apreensões tiveram os envolvidos autuados por tráfico de drogas. Em 2020, os números aumentaram e chegaram a 84,3%. O número de negros envolvidos se manteve estável, na faixa de 7%, enquanto a de brancos caiu de 64,7% para 58,3%.

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