Educação
Na quarta-feira (13), o Governo de SP anunciou o retorno obrigatório às aulas presenciais a partir do dia 18. Pais, contudo, se dizem surpresos e temem que escolas não sejam seguras
O retorno obrigatório acontece no dia 18, mas a distância de 1 m entre os alunos só será exigida até o dia 3 de novembro / Rubens Cavallari/Folhapress
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“Minha filha só retorna presencialmente à escola no ano que vem. Ela não está com o esquema vacinal completo e o meu filho menor é asmático, portanto, não me sinto segura de mandá-los para a escola. O colégio dela ainda não falou como irá funcionar após a determinação do governador, mas o que eu sei é que eles não retornam este ano, só faltam dois meses, não vou colocá-los em risco”, desabafa a professora de educação especial Erika Piassa, 49 anos, moradora de Bauru-SP, mãe de três filhos, sendo dois adolescentes em idade escolar, Vitória, de 16 anos, aluna de uma escola estadual profissionalizante, e Alexandre, de 13 anos.
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A fala da professora representa um contingente de pais de 30% dos alunos da rede estadual que, segundo a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, ainda não retornaram ao ensino presencial. Os números, contudo, devem mudar, a partir desta segunda-feira (18), quando o retorno às aulas presenciais no estado de São Paulo passará a ser obrigatório.
De volta à escola
O retorno à escola foi anunciado pelo governador João Dória (PSDB) na última quarta-feira (13). Na ocasião, o Secretário da Educação, Rossiele Soares, informou que a retomada obrigatória é válida para toda Educação Básica nas escolas estaduais, escolas privadas e todas as redes municipais vinculadas ao Conselho Estadual de Educação, e disse que, a partir de 3 de novembro, não será mais obrigatório o distanciamento de um metro entre os alunos.
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“A educação precisa ser prioridade na sociedade. Fizemos todos os investimentos necessários para o cumprimento dos protocolos e essa volta tem total respaldo do Comitê Científico do Estado”, destacou Soares durante o anúncio.
Sobre as escolas que não são vinculadas ao Conselho Estadual de Educação, o que acontece, por exemplo, nas escolas municipais de cidades que possuem conselho próprio, poderão ser adotadas outras regras.
Escolas particulares
No caso das escolas particulares, as regras e os prazos para o retorno serão determinados pelos Conselhos de Educação. Contudo, também nestas escolas, já há pais preocupados.
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“A minha filha não se sente segura em retornar presencialmente, pois o seu irmão com T21 (trissomia 21) apresenta imunidade baixa. Esse sentimento de insegurança parte do comportamento incoerente e egoísta de alguns alunos da escola dela, uma vez que não utilizam corretamente a máscara, não respeitam o distanciamento social, vão em festas todos os finais de semana e, desde o começo da pandemia, viajam sem respeitar a quarentena no retorno”, relata a analista de suporte e gestão, Marta Morangon Lopes, 49 anos, moradora de São Paulo, mãe de Daniela, de 16 anos, aluna do 1º ano do ensino médio de uma escola particular da zona sul da Capital.
A administradora Flávia Bastos Soares, de 39 anos, moradora do Jardim Monte Kemel, em São Paulo, também não se sente à vontade para mandar os filhos Lucas, de 12 anos, e Sofia, 7, de volta à escola e disse estar surpresa com a decisão do Estado.
“Recebi a decisão com certa surpresa, pois já estamos na metade de outubro e temos, praticamente, apenas mais dois meses de aulas para o início das férias. Acredito que o retorno deveria se dar no próximo ano, quando já teremos os jovens de 12 anos completamente vacinados e os idosos com a terceira dose concluída”, diz Flávia.
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Retorno benéfico
Ainda que alguns pais se sintam receosos e acreditem que a volta às aulas presenciais próxima do fim do ano letivo não traga impactos significativos para o aprendizado, especialistas em educação avaliam a decisão como benéfica.
“Vejo esta decisão como acertada num momento em que a vacinação se expande e os protocolos exigidos já se inserem na vida das pessoas. A escola colabora não só para o aspecto cognitivo, mas também em aspectos sociais, emocionais e de proporcionar o " aprender a conviver", que é um dos pilares da educação”, reflete a pedagoga Maria Regina Zago Leite da Silva, diretora e mantenedora das Escolas Viverde.
“A educação é um direito fundamental e, portanto, precisa ser acessado. Na escola espera-se que os alunos adquiram não só conhecimento, como também possam experimentar relações de convivência, desenvolvendo suas habilidades sociais e, ao mesmo tempo, resguardando sua saúde mental. É na escola também que se oferece às crianças proteção contra a violência doméstica, contra o trabalho infantil e acesso à merenda escolar. A importância da frequência escolar é inegável e o retorno seguro às escolas é urgente.”, diz a pedagoga, doutora em Educação, Milena Colazingari da Silva, professora dos cursos de licenciatura da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
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As regras do retorno
O retorno presencial às escolas é orientado para alunos de todas as redes, porém há algumas exceções:
• Jovens pertencentes ao grupo de risco, com mais de 12 anos, que não tenham completado seu ciclo vacinal contra COVID-19;
• Jovens gestantes e puérperas;
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• Crianças menores de 12 anos pertencentes ao grupo de risco para COVID-19, para as quais não há vacina contra COVID-19 aprovada no país;
• Estudantes com condição de saúde de maior fragilidade à COVID-19, mesmo com o ciclo vacinal completo, comprovada com prescrição médica para permanecer em atividades remotas.
Na escola ficam valendo as seguintes regras:
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•O distanciamento de 1 metro entre os alunos continua valendo até 3 de novembro, após esse período, a medida não será mais necessária;
•Funcionários, professores e alunos devem continuar usando máscara, levando a própria água e utilizando álcool em gel.
À Gazeta, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou que, na hipótese de ocorrer algum caso suspeito, os alunos serão monitorados e poderão realizar as atividades presenciais seguindo os protocolos sanitários, se não apresentarem sintomas de COVID-19. Contactantes de caso confirmado devem ser afastados e permanecer em isolamento domiciliar por 14 dias.
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Perguntada sobre a necessidade de apresentar carteirinha de vacinação, no caso dos alunos acima de 12 anos, a Secretaria disse que a questão ainda não foi discutida.
Covid em crianças
De acordo com o médico Marcelo Otsuka, coordenador do comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, a infecção e transmissão do novo coronavírus nas crianças ocorre da mesma forma que nos adultos. Contudo, elas são menos suscetíveis a desenvolverem quadros graves da doença.
Para que os pais se sintam mais seguros em relação ao retorno às aulas, ele salienta a importância de ensinar aos pequenos as medidas de higiene, bem como o fato das escolas investirem no retorno seguro, garantindo, por exemplo, a ventilação das salas.
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