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Sexta-feira em Guarujá é dia de reunir os alunos de 1° a 5° anos da Escola Municipal Professora Myriam Terezinha Wichrowski Millbourn (Avenida Adriano Dias dos Santos, 611 – Jardim Boa Esperança) em uma atividade em conjunto. O ponto de encontro é o pátio da escola, para discussão de temas como respeito, amizade e outros valores relacionados ao bullying e como combatê-lo. A iniciativa faz parte do Projeto Combate ao Bullying, que conta com a parceria da Secretaria de Educação.
Há um ano, a orientadora de ensino educacional da Unidade, Elizabeth Sá de Araújo, percebeu que as crianças precisavam se expressar e contar seus problemas com o bullying, para que pudessem ser resolvidos. Ela criou uma caixa de reclamações e sugestões, que circulava entre as salas para que os alunos pudessem, anonimamente ou não, colocar mensagens dentro dela, contando suas experiências na escola.
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Elizabeth explica que por ser um assunto que está sempre na mídia, sentiu a necessidade de abrir discussões entre os alunos para melhor compreensão do bullying, e para ela, o primeiro grande passo foi a criação da caixinha. “Muitos deixaram de lado o medo e a vergonha de falar e até começaram a se identificar com os outros colegas. Eles têm mesmo que perceber que não é só com eles, é um problema de todos”, explicou Elizabeth.
A partir dos depoimentos feitos por meio da caixa, a equipe de professores realizou um estudo sobre os maiores problemas de bullying. Depois, os casos passaram a ser discutidos coletivamente, de forma que os alunos pudessem aprender o que é o bullying, e muitos entenderam que ele pode começar pela agressão verbal.
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“No começo achava que bullying era só agressão física ao amigo. Agora entendo que muitas palavras também podem machucar”, explicou o aluno do 5° ano, João Victor Caldas Alencar Alves.
Depois de amadurecer a compreensão das crianças quanto ao assunto, começaram as rodas de discussões. Todas às sextas-feiras, os alunos começaram a se reunir no pátio para assistirem filmes e debater o tema. O Projeto faz parte do planejamento de valores da escola.
Graças às reuniões nas sextas-feiras, muitos alunos não dependem mais da caixinha (que ainda existe), para desabafar. Atualmente, muitos ultrapassam a insegurança que o bullying motivava e têm coragem de se dirigir aos professores. “Eles sabem que têm toda a liberdade de falar. A partir do momento que eles se expressam, pois se sentem mais fortes para se defender”, diz Elizabeth.
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Os alunos puderam conhecer outra receita para a defesa contra o bullying: a auto-estima. “No Projeto de Combate ao Bullying, os alunos aprendem a se amar independente do que os outros acham deles”.
A diretora da Unidade, Telma Jacinto da Rocha concorda com a importância que este ensinamento de hoje pode ter no futuro. “Aqui nós não só educamos, formamos cidadãos, e para formar um cidadão, é preciso dar voz a ele”, explica. Telma fala também sobre as mudanças que ela tem notado desde que o projeto começou. “Eles já convivem com as diferenças. Nossa preocupação era a aceitação da diferença. Agora que eles se colocam no lugar um do outro, a escola fica mais acolhedora”, conta.
Para a secretária de Educação, Priscilla Bonini, o projeto é importante porque coloca a preocupação da escola, com o que a criança pode enfrentar também fora da escola. “O trabalho da Secretaria de Educação extrapola os limites do muro escolar. O Bullying é um tema muito atual e importante para ser discutido no ambiente escolar. E a presença dos pais no combate ao bullying é muito importante. Eles têm que ter alguém para confiar do lado de fora”, salientou.
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Os alunos sentem a diferença de uma escola que aceita as diferenças e demonstram. A aluna do 5°, Ana Júlia Zangirolami Ferreti Cardoso, apóia a iniciativa. “Nos ajuda a entender que brincadeiras sem graça não é uma boa”, contou ela.
Segundo Júlia, poder falar sem ter medo de ser julgado é a melhor vantagem. “Antes eu até guardava o que queria falar para mim, por medo. Hoje é mais fácil de falar”. Para a aluna Samantha de Almeida Silva da Conceição, do 5° ano, dá para perceber a diferença do clima na escola e na sala de aula. “Desde que começou esse projeto, as coisas mudaram muito”, disse.
Pedro Henrique Santos de Andrade, do 5° ano, compreende que o Projeto é necessário. “Antes, muitos colegas de classe faziam coisas erradas, agora não vejo isso mais”, contou.
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O aluno afirma que o trabalho em equipe também ajuda a conviver melhor com os amigos, para a campanha de combate ao bullying, as salas organizaram cartazes para enfeitar o pátio onde acontecem os debates e a exibição dos filmes. Já João Victor Caldas Alencar, também do 5° ano, explica que a fase da caixa foi muito importante. “Desde que começou, melhorou bastante”, disse.
A própria experiência de João Victor é prova de como o Projeto tem funcionado. “Sempre falo com a professora. E se ela está ocupada, procuro a orientadora e quando chego em casa falo com meus pais”, contou.
Quando a exibição do filme começou, João Victor, Pedro Henrique, Samantha e Ana Julia, juntam-se aos outros alunos no pátio, que se organizam para assistirem ao filme da semana. A orientadora Elizabeth comenta o filme, abre espaço para perguntas ou comentários e no fim, incentiva a todos a cantar.
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A coordenadora das orientadoras de ensino educacional do ensino fundamental I e II, Ívna Diogo vê o Projeto como um instrumento de combate e também prevenção. “Com o Projeto, o problema vem sendo resolvido, pois se as crianças têm tido coragem de falar, quer dizer que estão superando. Agora partimos para um trabalho de prevenção”, explicou ela.