Educação

Bolsonaro diz que Enem 'começa a ter a cara do governo' após demissões no Inep

Prova será aplicada nos próximos domingos, 21 e 28 de novembro

Estadão Conteúdo

Publicado em 16/11/2021 às 11:39

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

A prova será aplicada nos próximos dois domingos para cerca de 3,1 milhões de candidatos / Divulgação

Continua depois da publicidade

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (15) que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) "começa a ter a cara do governo". A declaração ocorre após pedido de demissão em massa no Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), com a saída de 37 servidores. Ele afirmou ainda que o ministro Milton Ribeiro, da Educação, garantiu que o Enem será realizado sem impactos pelas demissões. A prova será aplicada nos próximos dois domingos para cerca de 3,1 milhões de candidatos.

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

"O Milton é do ramo. Ele mandou uma mensagem há pouco e disse que a prova do Enem vai ocorrer na mais absoluta tranquilidade", disse Bolsonaro, durante entrevista na Expo Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. "Começam agora a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém precisa agora estar preocupado com aquelas questões absurdas do passado, o tema da Redação não tinha nada a ver com nada. Realmente é algo voltado ao aprendizado."

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Com Bolsonaro, motoristas da Marinha sobem de cargo e quintuplicam salários

• Bolsonaro coloca em dúvida filiação ao PL

• Bolsonaro embarca para viagem aos Emirados Árabes, Bahrein e Qatar

Crise

Os servidores do Inep que pediram exoneração alegaram na carta de demissão "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima" do instituto, além de situações de assédio por parte do presidente do instituto, Danilo Dupas. O pedido de demissão coletiva começou inicialmente com 13 nomes. E na sequência mais funcionários aderiram. "É um absurdo o que se gastava com poucas pessoas lá", acusou Bolsonaro, sem dar evidências, nem dizer a quem se referia.

Continua depois da publicidade

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado. 

No domingo, o Fantástico, da TV Globo, trouxe entrevistas com alguns dos 37 servidores que entregaram seus cargos. Eles relataram tentativas de interferência no conteúdo das provas para não desagradar ao Palácio do Planalto. Também acusam o presidente do Inep de tentar passar uma portaria se eximindo da responsabilidade por eventuais problemas no dia do Enem, o que ele negou em seu depoimento à Comissão de Educação da Câmara na quarta-feira da semana passada.

Desde o início do governo Bolsonaro, o Inep sofre com a saída de servidores, que alegam interferência política e desvalorização da técnica. Sete ex-ministros da Educação chegaram a divulgar em abril uma carta dizendo que o Inep estava "em risco".

Continua depois da publicidade

Reação

Priscila Cruz, presidente do Todos pela Educação, afirma que Bolsonaro atua de olho na reeleição, quando alega que as questões "começam agora a ter a cara do governo". "Os itens (as questões) utilizados no Enem, bem como em outros exames e avaliações realizados pelo Inep, são exaustivamente formulados, pretextados e combinados em cadernos de provas para que o grau de dificuldade e competências avaliadas sejam equivalentes", pontua.

"A fala do presidente pode ser caracterizada como indício de que houve interferência do governo na prova, ferindo a credibilidade do resultado", afirma Priscila. Para a presidente do movimento Todos pela Educação, a situação reforça a necessidade de que o Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira seja um órgão independente do Ministério da Educação, a fim de evitar possíveis ingerências de qualquer corrente ideológica em seu trabalho. "Quem avalia resultados educacionais não pode ser subordinado a quem implementa políticas educacionais."

Continua depois da publicidade

Segundo a especialista, o governo está usando o órgão "na guerra ideológica que promove para manter-se como assunto, inflamar as redes bolsonaristas e agir pela reeleição do presidente".

Mais Sugestões

Conteúdos Recomendados

©2025 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software