ENTREVISTA COM FELICIO RAMUTH

Vice de Tarcísio exalta diálogo civilizado entre governador e Lula

Felício Ramuth garantiu que cenas de agressividade entre governador e presidente não vão acontecer na atual gestão: 'Foi um péssimo exemplo"

Bruno Hoffmann e Maria Eduarda Guimarães

Publicado em 28/02/2023 às 10:56

Atualizado em 01/03/2023 às 16:02

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Felicio Ramuth, vice governador de São Paulo, durante entrevista na Rádio Trianon / Ettore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo

O vice-governador de São Paulo, Felicio Ramuth (PSD), disse que a atuação do titular Tarcísio de Freitas (Republicanos) após o desastre que deixou pelo menos 65 mortes no litoral norte no fim de semana dos dias 18 e 19 de fevereiro foi uma demonstração que a nova gestão vai se basear na cordialidade e no respeito a adversários políticos.

A afirmação foi dada à reportagem da Gazeta e do Diário durante entrevista na Rádio Trianon, na manhã desta segunda-feira, na Capital.

Tarcísio, por exemplo, havia agredecido a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em São Sebastião, ao dizer que a visita presidencial dava “amparo e conforto” em um momento difícil.

Segundo o vice, cenas de enfrentamento e agressividade entre lideranças políticas, como foi comum no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o então governador João Doria (PSDB), por exemplo, não vão acontecer durante a atual gestão.

“Isso não vai voltar a acontecer. De parte a parte, foi um péssimo exemplo de política e de gestão. Tarcísio é uma pessoa do diálogo, do respeito. Vamos mostrar as diferenças que temos com o governo federal, mas na gestão, na transformação da vida das pessoas”, afirmou, destacando o apreço pelas concessões e pelas privatizações como uma diferença política entre o governo petista e de Tarcísio.

Ramuth explicou que Tarcísio provou ser um governador despreocupado com ideologias ao sancionar projetos como o que libera o fornecimento gratuito de remédios à base da cannabis (de autoria do deputado estadual Caio França, filho do ministro Márcio França, ambos), o do pagamento a comunidades indígenas por proteção à biodiversidade e o que determina que bares e casas noturnas sejam obrigados a tomar atitudes em caso de violência contra as mulheres.

“Todos conheciam o Tarcísio como ministro, o Tarcisão das obras, e agora é o Tarcisão das pessoas. Todo mundo pôde ver de perto a humildade e a sensibilidade social dele para tratar de vários temas”, completou.

Reeleição de Ricardo Nunes

De acordo com Ramuth, a proximidade do governador com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), é um dos fatores que pode resultar em uma aliança oficial para as eleições de 2024, para apoiar a reeleição do prefeito da Capital.

“Ricardo Nunes tem feito um trabalho importante na cidade de São Paulo, e o governador tem uma proximidade muito grande com ele (...) Ele [Nunes] tem no Estado um parceiro, sim, em ações de gestão. Isso pode caminhar lá na frente para essa possibilidade, não tenho dúvida”, disse Ramuth.

“Hoje, eu diria que a tendência é maior que sim do que não”, completou o político sobre a possibilidade de abrir mão de lançar um candidato próprio na Capital para seguir ao lado do emedebista.

Nunes marcou um jantar na noite desta segunda-feira (27) com líderes partidários aliados para começar a costurar apoios políticos de olho em 2024.

O entorno político do prefeito vê no deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) o principal adversário a ser batido para se manter à frente da cidade mais importante do País por mais quatro anos.

Cracolândia

O ex-prefeito de São José dos Campos foi escolhido por Tarcísio como coordenador das ações de combate à cracolândia, hoje espalhada pela região central de São Paulo, o que ajudou aproximar o governo estadual de Nunes. O prefeito é criticado por aliados por não ter uma marca na gestão, e a pacificação da cracolândia poderia cumprir esse papel aos olhos dos eleitores.

Para isso, disse Ramuth, haverá uma ação coordenada entre o governo paulista e a gestão municipal para enfrentar o problema.  

O vice garantiu ter conversado com uma série de entidades de saúde, de segurança, religiosas e políticas – inclusive de esquerda, como o padre Júlio Lancelotti e o deputado estadual eleito Eduardo Suplicy (PT) – para entender de forma mais profunda o problema do uso de drogas no centro da Capital.

“Se juntarmos três especialistas dessa área, serão cinco opiniões diferentes. O que fizemos, então, foi escutar muita gente, independente de linha ideológica. O importante são as pessoas. Havia pontos em comum para criar nossos programas [de combate à cracolândia]”, afirmou.

Felicio Ramuth durante entrevista à Rádio TrianonEttore Chiereguini/Gazeta de S. Paulo

 

As ações coordenadas são baseadas em quatro diretrizes, explicou: criação de equipe para fazer abordagem qualificada em usuários nas vias públicas, oferta de várias linhas de tratamento para dependentes químicos, integração das ações com entidades da sociedade civil e cadastramento de todos os usuários.

“Parece que cada um está remando para uma direção diferente [em relação às entidades que atuam com os usuários de drogas no centro]. O que queremos é colocar todo mundo no mesmo barco, remando para a mesma direção. Isso, por si só, já daria um grande resultado”, afirmou.

Além do tratamento aos usuários, a intenção também é  “devolver o centro para o cidadão”. “O centro, hoje, é terra de ninguém”, disse.

Com essa finalidade, o vice-governador contou que deve instalar um “hub” para acolhimento de viciados na região central da cidade. Além disso, 500 câmeras inteligentes serão instaladas na região central até o meio do ano.

Está prevista ainda a construção de 600 novas habitações na região voltada para esse público, além dos equipamentos municipais já existentes para acolhimento a pessoas em situação de rua.

Educação

No começo do ano letivo, o governador disse que não vai manter a política de expansão acelerada do modelo de ensino integral.

De acordo com o seu vice, o momento não é de expandir e, sim, de investir na qualidade das escolas que já possuem a jornada ampliada. “Neste primeiro momento, a gente vai dar qualidade para o ensino das escolas de período integral que já foram abertas”, afirmou Ramuth.

A expansão das escolas de tempo integral foi a principal aposta da gestão de João Doria (atualmente sem partido) e Rodrigo Garcia (PSDB) para o ensino paulista nos últimos quatro anos. Em 2019, 417 unidades da rede estadual tinham o modelo. Em 2023, são 2.311 com a modalidade.

Porém, esta ampliação de horários resultou na falta de professores para atender a nova demanda, segundo a atual gestão. Em 2022, Garcia autorizou  a realização de concurso público para a contratação de 15 mil professores, sendo 10,7 mil com ingresso na Jornada Ampliada (40 horas) e 4,3 mil na Jornada Completa (25 horas). A medida foi publicada na edição do dia 6 de dezembro do Diário Oficial do Estado.

Ramuth garante que o concurso irá acontecer na atual gestão, mas que ainda não há uma previsão concreta para a data de realização. “Haverá, eu não tenho dúvida, ao longo da gestão, o concurso ”, ressaltou.

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