A quantia furtada equivale a 3x a distância da Terra até a Lua, ou 27 vezes a circunferência do globo terrestre / Divulgação/PMS
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As ações dos criminosos em busca de metais, sobretudo o cobre, têm provocado cada vez mais interrupções nos semáforos da cidade, problemas de recepção de sinal de telefonia fixa e até móvel e deixado vários bueiros destampados.
Traduzindo em números: em todo o estado de São Paulo em 2020 foram furtados ou roubados 1,167 milhão de metros de cabos de telefonia, segundo a Brasil Conexis Digital, entidade que representa as operadoras. A monstruosa quantia equivale a três vezes a distância da Terra até a Lua, ou 27 vezes a circunferência do globo terrestre.
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Só entre janeiro e setembro deste ano, foram furtados 148 km de fios elétricos da iluminação pública da cidade de São Paulo, segundo o Ilume (Coordenadoria de Gestão de Rede Municipal de Iluminação Pública).
Pelos cálculos da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), as ocorrências de furto de cabos e equipamentos dos semáforos aumentaram 11,5% nos nove primeiros meses deste ano em relação a igual período de 2020. Nos primeiros nove meses do ano, a companhia gastou R$ 9 milhões só para repor 273 km de cabos semafóricos e trocar 198 controladores, em 3.686 ocorrências registradas.
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Em todo o país, a quantidade de cabos furtados e roubados cresceu 14,5%.
Já a Secretaria Municipal das Subprefeituras informou já ter trocado as tampas de mais de 27,3 mil grades protetoras dos bueiros e poços de visita. Apenas no centro histórico, 142 estruturas metálicas tais como grelhas de esgoto e tampas de válvulas de incêndio foram levadas por criminosos, de acordo com dados da associação Viva o Centro.
O furto e roubo de fios, cabos e dispositivos metálicos não é novidade na cidade de São Paulo e nem no Brasil. O problema é que essa modalidade de crime cresce a cada dia, motivada, entre outras coisas, pela alta do metal , já que o cobre no mercado global mais do que dobrou de preço, segundo a Abcobre (Associação Brasileira do Cobre).
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Os fios que são levados das redes de telefonia, iluminação pública e dos semáforos vão parar em ferros-velhos ilegais, onde metais como o cobre é extraído é vendido por R$ 50 o quilo, o dobro do valor de 2020.
"O prejuízo disso é que a cidade fica sem semáforos, sem iluminação, os bueiros ficam destampados ocasionando acidentes, falta de sinalização e vários outros problemas", afirma o delegado Roberto Monteiro, titular da 1ª Seccional de Polícia Civil de São Paulo, no centro.
As forças de segurança têm intensificado as ações de repressão, que agora passaram a contar com as concessionárias de serviços públicos.
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"O maior prejuízo hoje é para o consumidor que fica sem acesso ao serviço de telefonia e internet e, com isso, sem acesso a serviços como bombeiros, polícia e emergência médica, por exemplo", afirma Marcos Ferrari, presidente executivo da Conexis Brasil Digital.
"Além disso, cada vez mais brasileiros usam a internet para trabalhar e estudar. Ficar sem esse serviço por causa do roubo de cabos e equipamentos também gera prejuízo financeiro para os usuários", complementa.
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Para o engenheiro Sergio Ejzenberg, mestre em transportes pela USP, outras soluções precisam ser colocadas em prática, tais como enterrar a fiação dos semáforos. "Existe apenas em poucos e raros locais, como na avenida Paulista. O efeito estético positivo é notável", afirma.
Uma tampa de boca de lobo a cada 15 minutos Dados da Secretaria Municipal das Subprefeituras de São Paulo indicam que, a cada 15 minutos, uma tampa de uma boca de lobo (que cobre o bueiro) ou de poços de visita é levada por criminosos na capital.
A ação dos ladrões forçou a troca de 27.320 estruturas desse tipo, numa média de 100 por dia, segundo a pasta.
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Só em um pequeno trecho do centro antigo, monitorado pela associação Viva o Centro, foram levadas 142 estruturas metálicas diversas entre janeiro a agosto deste ano. Na lista estão desde grelhas de esgoto e tampas de válvulas de incêndio. Pelos dados da associação, a via onde isso mais acontece é na 15 de Novembro (29 grelhas furtadas), seguida da Álvares Penteado (26 furtos), e 19 na rua 3 de Dezembro.
Pelos dados da Enel, a concessionária de energia que atua na região metropolitana de São Paulo, os ladrões de estruturas metálicas não poupam esforços para conseguir o metal, seja em locais muito altos ou mesmo soterrados. Em 2020, além de furtos de peças de ferragens de torres de transmissão da rede área de alta tensão, foram levados 14,4 km da rede subterrânea, e ainda 26 metros de cabos de subestações.
"Na rede subterrânea, a distribuidora possui contingência para atendimento aos clientes. Na rede aérea de alta tensão, o maior problema são os roubos de peças de ferragens de torres de transmissão, que além de comprometer seriamente a estabilidade da estrutura, em alguns casos impactam no tempo para o restabelecimento do fornecimento em ocorrências", informa a empresa, em nota.
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Não só fios e estruturas metálicas são alvo dos ladrões. A CET também registra furtos e roubos de equipamentos eletrônicos da sinalização de semáforos. Em 2020, foram 4.554 ocorrências desse tipo, além de 393 quilômetros de cabos elétricos, mais do que o dobro anotado no ano de 2019, quando foram registrados, respectivamente, 1.969 ocorrências de furto e vandalismo, que resultaram no furto e roubo de 185 quilômetros de cabos elétricos além de componentes eletrônicos de energia e controle.
Segundo a CET, o furto de fiações ou mesmo vandalismo em um controlador de semáforo pode afetar o funcionamento de até cinco cruzamentos semaforizados numa mesma região.
Apesar da central da cidade costumar concentrar o maior número de falhas por furto ou vandalismo, a CET informou que, em 2021, vem verificando um aumento significativo de casos na zona leste.
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A Polícia reforça ações há oito anos o estado de São Paulo tem uma política estadual de prevenção e combate ao furto e roubo de cabos e fios metálicos. Ela foi instituída por meio de uma lei de 2013 e prevê normas para o funcionamento de empresas que atuam na comercialização de sucata. O objetivo é o de combater os receptadores de produtos obtidos de forma ilegal.
Segundo dados da SSP (Secretaria de Segurança Pública) do Estado de São Paulo, somente no primeiro semestre deste ano, foram apreendidas e recuperadas 10,5 toneladas de fios de cobre e uma tonelada de alumínio, avaliados em aproximadamente R$ 1 milhão.
Além disso, 21 criminosos foram presos por crimes praticados contra concessionárias e prestadoras de serviço público. A última operação ocorreu na quinta-feira (14), na zona leste, e resultou na prisão de um homem por agentes da Cerco (Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas), da 8ª Delegacia Seccional (São Mateus). Foram vistoriados 25 estabelecimentos.
Segundo o delegado Renato Topan, titular da Cerco, um homem de 62 anos foi preso em flagrante por receptação, já que estava com 750 metros de cabo coaxial. Além disso, dele também mantinha um "gato" (ligação clandestina de energia elétrica) em funcionamento.
"A estratégia é uma fiscalização mais forte e montar uma sinergia entre esses órgãos envolvidos", afirmou.
Segundo Topan, em geral, os furtos são praticados na maior parte das vezes por pessoas que trocam os fios e cabos por drogas.
Uma das maiores operações deste ano na capital contra roubo e furto de fios foi realizada pela 1ª Delegacia Seccional, no centro. Ela envolveu agentes do 3º DP (Santa Ifigênia), da prefeitura, guardas civis metropolitanos e representantes de empresas privadas (concessinárias). Na ocasião, foram fiscalizados 30 estabelecimentos que comercializam cobre, ferro fundido e alumínio. Do total, 16 deles fechados por não oferecer segurança, nem licença de funcionamento ou ocuparem área pública. A ação também resultou na prisão de quatro suspeitos.
Segundo o delegado Roberto Monteiro, titular da 1ª Seccional, a participação das concessionárias é importante, já que são elas as vítimas do crime, além de ajudar na identificação dos produtos. "Mesmo quando se pica o fio, vestígios são deixados e as empresas concessionárias conseguem identificar. Além disso, esse crime é patrimonial e é importante a participação delas, já que podem apontar a propriedade desse material", afirma.
Agente policial experiente, Monteiro afirma ser muito difícil acabar com esse tipo de crime. "É possível reprimir, acabar com a modalidade é mais complexo, já que sempre uma intenção e vontade de praticar o crime", afirmou.
A Prefeitura diz atuar preventivamente Em nota, a gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) na Prefeitura de São Paulo informou que vem tomando medidas para coibir os crimes de furto e roubo de fios.
Em relação à iluminação pública, o Ilume (Coordenadoria de Gestão de Rede Municipal de Iluminação Pública) informou que vem substituindo os cabos de cobre furtados por cabos bimetálicos (alumínio + cobre), o que dificulta a obtenção do cobre. "Entre janeiro e setembro deste ano, apenas 150 metros de cabos desse tipo foram furtados na cidade", diz a nota.
Além do trabalho de reposição nos semáforos danificados por roubo e furto de fios e atos de vandalismo, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) informou que realiza o alteamento (colocar em um ponto mais alto) os controladores semafóricos e também realiza a concretagem e soldagem das tampas das caixas de passagem da fiação.
"Os danos causam prejuízos e, principalmente, colocam em risco a segurança dos pedestres e condutores", lembra a empresa.
Também em nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, informou que a GCM (Guarda Civil Metropolitana) realiza policiamento preventivo diuturnamente nos pontos mais vulneráveis, a fim de coibir furtos de materiais metálicos. "Além disso, apoia outros órgãos das esferas públicas que visam combater a comercialização ilegal de sucatas e itens de metal nos ferros-velhos da cidade", informa.
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