ECONOMIA

Taxa de desemprego em 2022 cai para 9,3%, a menor desde 2015

A abertura de vagas, contudo, perdeu fôlego na reta final do ano, em um cenário de desaceleração da atividade econômica

LEONARDO VIECELI - FOLHAPRESS

Publicado em 28/02/2023 às 15:51

Atualizado em 28/02/2023 às 15:52

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Conforme o órgão, a taxa de desemprego caiu para 9,3% na média anual de 2022 / Denny Cesare/Folhapress

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Impulsionado pelo fim das restrições da pandemia, o mercado de trabalho brasileiro sinalizou retomada em 2022, com redução do desemprego e recorde na população ocupada. 

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A abertura de vagas, contudo, perdeu fôlego na reta final do ano, em um cenário de desaceleração da atividade econômica. É o que apontam analistas a partir dos dados divulgados nesta terça-feira (28) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

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Conforme o órgão, a taxa de desemprego caiu para 9,3% na média anual de 2022. Trata-se do menor nível em sete anos, ou desde 2015 (8,6%). À época, a economia nacional mergulhava em recessão. 

O desemprego estava em 13,2% em 2021, após marcar 13,8% em 2020, o maior patamar da série histórica iniciada em 2012.

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Apesar da melhora no ano passado, a taxa de 9,3% ainda ficou 2,4 pontos percentuais acima da mínima histórica (6,9%), registrada em 2014. Os dados são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). 

"O ano de 2021 foi de transição, saindo do pior momento da série histórica, sob impacto da pandemia e do isolamento ocorrido em 2020. Já 2022 marca a consolidação do processo de recuperação", afirmou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. 

Na média de 2022, o número de desempregados foi estimado em 10 milhões. O patamar é o menor desde 2015 (8,7 milhões). Representa uma queda de 3,9 milhões frente a 2021 (13,9 milhões). 

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A população desempregada, conforme as estatísticas oficiais, inclui pessoas de 14 anos ou mais que estão sem trabalho e que seguem à procura de vagas. Quem não está buscando oportunidades, mesmo sem ter um emprego, não entra nesse grupo. 

A Pnad retrata tanto o mercado de trabalho formal quanto o informal. Ou seja, abrange desde os empregos com carteira assinada e CNPJ até os populares bicos. 

O número de ocupados com algum tipo de trabalho chegou a 98 milhões na média de 2022. É o maior da série. Houve acréscimo de 6,7 milhões em relação a 2021 (91,3 milhões).

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 Segundo o IBGE, o número de empregados com carteira no setor privado subiu 9,2% na média de 2022, a 35,9 milhões. Apesar da alta, o contingente segue abaixo do recorde de 2014 (37,6 milhões). 

O número de empregados sem carteira, por sua vez, aumentou 14,9%, para 12,9 milhões. É a máxima da série. "Nos últimos dois anos, é possível visualizar um crescimento tanto do emprego com carteira quanto do emprego sem carteira. 

Porém, é nítido que o ritmo de crescimento é maior entre os sem carteira assinada", disse Beringuy. 

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A renda do trabalho ainda não se recuperou da pressão inflacionária. Em termos reais, o rendimento médio foi estimado em R$ 2.715 na média anual, o que significa uma perda de 1% (ou menos R$ 28) ante 2021 (R$ 2.743). O valor mais recente supera apenas o de 2012 (R$ 2.679). 

OCUPAÇÃO PERDE RITMO NO QUARTO TRIMESTRE 

O IBGE também informou que a taxa de desemprego foi estimada em 7,9% no recorte do quarto trimestre de 2022. É o menor nível para esse período desde 2014 (6,6%). 

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O desemprego marcava 8,7% no terceiro trimestre de 2022, o intervalo anterior da série comparável da Pnad Contínua. No trimestre até novembro, que integra outra série da pesquisa, o indicador já estava em 8,1%. 

A taxa até dezembro (7,9%) veio ligeiramente abaixo das estimativas do mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam 8%. 

Adriana Beringuy, do IBGE, ponderou que o recuo no quarto trimestre foi influenciado pela queda na procura por trabalho, e não por uma reação expressiva da ocupação, como ocorreu em meses anteriores. 

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O número de desempregados foi estimado em 8,6 milhões, uma baixa de 888 mil ante o terceiro trimestre (cerca de 9,5 milhões). 

Já a população ocupada com trabalho alcançou 99,37 milhões até dezembro. É o maior nível da série histórica, mas ficou relativamente estável ante o trimestre anterior (99,27 milhões). 

A variação foi de apenas 0,1%. O crescimento do número de ocupados havia sido de 1% no terceiro trimestre de 2022 e de 3,1% no segundo. 

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De acordo com Carlos Pedroso, economista-chefe do banco MUFG Brasil, o freio na ocupação pode ser associado à perda de ritmo da atividade econômica em meio ao contexto de juros altos. 

"Parte da explicação vem da desaceleração ao longo do ano passado. O grosso do crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] ocorreu no primeiro semestre, e no segundo houve essa desaceleração." 

Historicamente, a reta final do ano é marcada por contratações temporárias no varejo. Essa movimentação está associada a eventos como o Natal. 

O número de ocupados no comércio (19,2 milhões), porém, mostrou leve recuo de 0,2% no quarto trimestre de 2022. Foi a pior variação do setor nesse intervalo da série histórica. 

O economista Luca Mercadante, da Rio Bravo Investimentos, também relaciona a perda de ritmo da ocupação ao cenário de desaceleração da atividade e juros elevados. 

"Mesmo assim, ainda temos um mercado de trabalho forte", avalia. 

Mercadante destaca que há espaço para retomada da renda média do trabalho. Com a recente trégua da inflação, o indicador até deu sinais de melhora, mas segue abaixo do pré-pandemia. 

No quarto trimestre de 2022, a renda foi estimada pelo IBGE em R$ 2.808. Houve crescimento de 1,9% frente aos três meses anteriores (R$ 2.757). Antes da crise sanitária, no quarto trimestre de 2019, o rendimento era de R$ 2.836. 

DESEMPENHO MORNO EM 2023 

No início de 2023, diz Mercadante, o mercado de trabalho deve continuar em desaceleração, mas sem um grande repique na taxa de desemprego. "A desaceleração deve continuar por boa parte do ano", afirma. 

A Rio Bravo projeta taxa de desocupação de 8,9% no quarto trimestre de 2023 e de 8,5% na média anual. 

"A gente vê um mercado de trabalho ainda em recuperação, mas em uma recuperação mais gradual por causa da desaceleração econômica", avalia Carlos Pedroso, do banco MUFG Brasil. 

O banco prevê taxa de desemprego de 8,8% no quarto trimestre de 2023 e de 9,3% na média anual.

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