EXCLUSIVA

'Meu marido não é um assassino', diz viúva de piloto dos Mamonas

No mês em que se completa 27 anos da tragédia, filha e viúva de Jorge Luiz Germano Martins falam com exclusividade ao Diário do Litoral

Jeferson Marques

Publicado em 07/03/2023 às 16:28

Atualizado em 07/03/2023 às 16:29

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Ana Elisa Parreira Martins e Cristiane de Paula Parreira Martins / Reprodução/Diário Kiss/Youtube

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Março de 2023: há 27 anos o Brasil chorava a trágica morte do grupo Mamonas Assassinas, um fenômeno musical da década de 90 que encantou todas as gerações com seu jeito irreverente, letras engraçadas e muita energia positiva nos palcos. Às 23h16 do dia 02 de março de 1996 o jatinho que transportava a banda (um Learjet modelo 25D prefixo PT-LSD) se chocou com a Serra da Cantareira, em São Paulo, numa tentativa de arremetida, matando todos os que estavam a bordo. Desde então o piloto, Jorge Luiz Germano Martins, foi acusado de ter sido o grande responsável pelo acidente, por ter feito uma curva à esquerda quando, na verdade, era à direita.

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Em entrevista exclusiva ao Diário do Litoral (dentro do Diário Kiss, uma parceria do jornal com a rádio Kiss FM), Ana Elisa Parreira Martins, filha de Jorge, e Cristiane de Paula Parreira Martins, viúva, contaram como foram os últimos 27 anos para a família e as acusações de que o piloto era um assassino. "A gente não podia sair na rua que as pessoas apontavam e falavam: olha lá, a família do piloto que matou os Mamonas", lembrou Cristiane.

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Ela lembra que um dia antes do acidente (01/03/96) o marido disse que estaria com a banda durante todo o sábado (eles fariam show em Brasília e retornariam para São Paulo no mesmo dia), mas que voltaria para jantar com ela e com as filhas (Ana tinha um ano e Beatriz, três). "Naquele dia não consegui comunicação com ele e só fui saber do acidente no domingo pela manhã, na casa dos meus pais. Meu chão se abriu e me perguntei o que faria sem marido e com duas filhas pequenas para criar".

Várias pessoas foram até a porta da casa dos pais de Jorge (em Orlândia, interior de SP). Cristiane lembrou que a polícia chegou para dar a notícia do acidente e iniciar o trâmite de reconhecimento os corpos. "Eu não tive condição de ir. A sensação foi horrível. Meu pai que foi para São Paulo cuidar disso. Eu estava chocada".

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A viúva mencionou que, a partir daquele momento, as acusações contra seu marido começaram a surgir de forma muito cruel. "Disseram que ele era um assassino, o único culpado e o grande responsável. Muitas bobagens foram ditas e elas acabaram me atingindo e atingindo minhas filhas. Precisei tirar forças de onde não tinha para lidar com esse massacre em cima de nós", lamentou.

Mamonas

As principais acusações de que Jorge havia acabado com a curta carreira dos Mamonas saia da boca dos familiares dos integrantes da banda. "A família do Dinho chegou a vir aqui na minha cidade ficar passando de carro na frente da minha casa meses após o acidente. Não os culpo, pois creio que as pessoas que os rodeavam acabaram alimentando isso neles. Mas isso me feria muito. Eu não podia sair na rua sem ser rotulada como a viúva de um assassino. Mas ele (Jorge) não saiu de casa para se matar e nem para matar ninguém. Era um piloto experiente, responsável e um pai exemplar".

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Ana Elisa, na época com um ano de idade, declarou que sempre foi uma criança muito curiosa e que, por conta própria, passou a estudar o acidente. "Decidi pegar isso que aconteceu para aprender e me aprofundar. Ou era isso ou era transformar essa dor em algo ruim. E hoje me tornei perita criminal e odontologia legal por causa do que aconteceu com  meu pai. Me questionei sobre ele ser ou não o culpado. Isso martelava muito na minha cabeça. Mas vi que todos ali foram vítimas", acrescenta.

TCC

No andamento do processo, Cristiane foi orientada por uma juíza, em uma audiência, a fazer uma faculdade de direito e, no Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), abordar o acidente e anexar suas provas, que seriam incluídas no processo.

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"Eu sabia que meu marido não era culpado. Ele foi o último a errar, mas erros anteriores tinham acontecido. Foi então que essa magistrada me disse que, se quisesse provar isso, fizesse a faculdade e o TCC. Eram muitos processos em cima da gente e a nossa conta bancária chegou a ser bloqueada. Eu tinha que cuidar das meninas e precisei fazer isso".

Hoje, 27 anos depois, tanto Ana quanto Cristiane dizem que as acusações contra Jorge diminuíram bastante, já que as pessoas passaram a ser mais críticas sobre o acidente e os elos que se fecharam para que a tragédia ocorresse.

"Vocês, da imprensa correta e verdadeira, nos ajudam a esclarecer o que aconteceu, fazendo isso chegar até as pessoas. Meu marido foi o último a errar em uma triste sequência de falhas. E esperamos que a nossa história de superação ajude outras pessoas a buscar forças para lutar", finalizou Cristiane.

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Para assistir a entrevista completa com Ana e Cristiane, clique aqui.

Para acessar o relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) sobre o acidente, clique aqui.

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