SALÁRIO MÍNIMO

Lula determina elaboração de proposta para valorização do salário mínimo

Medida foi assinada durante encontro com centrais sindicais; determinação inclui vários ministérios

Da Reportagem

Publicado em 19/01/2023 às 17:50

Atualizado em 19/01/2023 às 18:02

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Lula, durante reunião com lideranças sindicais, em Brasília / Ricardo Stuckert

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou a uma série de ministros que elaborem uma nova política de valorização do salário mínimo. O despacho foi assinado nesta quarta-feira (18), em cerimônia com participação do ministro Luiz Marinho (Trabalho e Emprego) e de líderes de centrais sindicais no Palácio do Planalto, em Brasília. O prazo para elaboração é de 45 dias, prorrogável por igual período.

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Entre os ministérios incluídos para elaborar a proposta estão o do Trabalho e Emprego, Fazenda, Planejamento e Orçamento, Previdência Social e e Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A Secretaria-Geral e Casa Civil da Presidência da República também deverão estudar as medidas para a valorização do mínimo.

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No evento, Lula enfatizou que as mudanças trabalhistas são necessárias, mas que precisam ser instituídas de forma responsável e programada. "Estou sentindo que vocês estão com sede de democracia! Vocês estão com sede de participação, porque vocês sabem que a gente não pode fazer tudo de uma única vez. Vocês sabem que o nosso lema é 'União e Reconstrução' desse país. Porque nós pegamos esse país semidestruído. A Comissão de Transição encontrou todas as áreas do governo muito fragilizadas", afirmou,

De acordo com o presidente, os propósitos devem ser modernizados para atender as demandas da classe trabalhadora. "É preciso a gente se reinventar a nível de estrutura. É necessário a gente reinventar na construção de uma nova relação entre capital e trabalho. É por isso que nós vamos criar uma comissão de negociação, primeiro com os sindicatos, com o governo e com os empresários, para acabar com essa história de que o trabalhador de aplicativo é um microempreendedor", afirmou Lula.

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Com as novas formatações do mercado e a constante transformação nas dinâmicas de trabalho, o presidente Lula disse compreender que é dever dos sindicatos sustentar um processo continuado de aprimoramento, para abrigar os novos trabalhadores.

"Nós queremos construir, junto com o movimento sindical, uma nova estrutura sindical. Nós queremos construir o estabelecimento dos novos direitos, que nós queremos constituir numa economia totalmente diferente da economia dos anos 80", afirmou.

Lula propôs duas linhas para articular uma melhor qualidade de vida e de trabalho para o cidadão: diminuir a informalidade — em especial a que está disfarçada de empreendedorismo individual — e reavaliar o imposto de renda nas camadas sociais.

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"Nesse país, quem paga imposto de renda de verdade é quem tem holerite de pagamento, porque é descontado no pagamento e a gente não tem como não pagar. Mas, a verdade é que o pobre de hoje que ganha R$ 3 mil paga, proporcionalmente, mais do que alguém que ganha R$ 100 mil. Ele paga até, porque quem ganha muito paga pouco; porque quem ganha muito recebe como dividendo, recebe como lucro, recebe como qualquer coisa, para pagar pouco imposto de renda", argumentou o presidente.

A meta é alterar os patamares de cobrança em alinhamento com os ganhos de cada trabalhador e isentar aqueles que recebam até R$ 5 mil mensais. "Vamos diminuir para o pobre e aumentar para o rico. Vamos diminuir, é necessária uma briga. Vocês têm que saber que a gente não ganha isso, se não houver mobilização do povo brasileiro, para gente mudar uma vez na vida a política tributária, para colocar o pobre no orçamento da união e colocar o rico no imposto de renda".

Frentes de trabalho

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O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, explicou que dois grupos serão estruturados para resolver as demandas dos sindicatos e as necessidades do trabalhador brasileiro. "Teremos, em 30 dias, mais dois grupos de trabalho: da valorização da negociação coletiva e da reorganização para fortalecimento dos sindicatos brasileiros. Porque um processo democrático necessita de sindicatos fortes. E o outro grupo de trabalho, igualmente importante, é para construirmos o processo de regulação e regulamentação para trabalhadores e trabalhadoras das plataformas de aplicativos", afirmou.

Marinho defendeu a securitização do trabalhador como prioridade de manejo público e criticou a "face exploradora" que o mercado de trabalho impõe às novas modalidades de emprego. “Acompanhamos a angústia dos trabalhadores de aplicativos que, às vezes, têm que trabalhar 14, 16 horas por dia para levar o pão e leite para casa. Isso, no meu conceito de trabalho, beira a trabalho escravo".

Duas frentes são urgentes, segundo o ministro: valorizar o trabalho e trazer a proteção social. Citou, como exemplo, "um trabalhador de entrega em uma moto, uma bicicleta, que se aventura no trânsito e sofre um acidente". Quem o protege no período que ele perde sua capacidade de trabalho? "É essa questão que nós queremos resolver de uma vez por todas, além de trabalhar o processo de valorização”, responde.

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Para implementar todas as mudanças, o esforço conjunto de uma política transversal é o principal aliado do governo Lula. "É preciso ter consciência de que essa valorização do salário mínimo será feita pelo conjunto de governo. Por essa razão, o Planejamento, a Fazenda, a Casa Civil, a Indústria, a Previdência estão presentes no grupo de trabalho. Porque nós vamos fazer respeitando a previsibilidade da economia", disse Marinho.

Na conclusão de seu discurso, o ministro enfatizou que as demandas da sociedade são prioridade. "Em 18 dias de governo, nós fazemos uma atividade dessa para dizer 'instituiremos o grupo para valorização do salário mínimo'. Se comparado ao primeiro governo do presidente Lula, este ato foi realizado no final de 2005. Veja o quanto nós estamos acelerados, na retomada da liderança do presidente, Lula com a disposição de unir o Brasil, unir a classe trabalhadora e reconstruir as políticas públicas, os direitos e reconstruir o Brasil".

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