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Tarcísio foi personagem importante na aprovação da Reforma Tributária

Com votação recorde, Câmara dos Deputados aprovou a PEC da Reforma Tributária; 3 pessoas foram consideradas chave: Haddad, Lira, e Tarcísio de Freitas

Letícia Maria, de Brasília

Publicado em 07/07/2023 às 16:03

Atualizado em 07/07/2023 às 17:54

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Durante o discurso de abertura das votações, Lira enalteceu o empenho de Tarcísio / Marina Ramos/Câmara dos Deputados

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Entre a noite de quinta-feira (6) e a madrugada de sexta-feira (7), por 382 votos favoráveis a 118 contra no primeiro turno e com 375 a 113 no segundo, a Câmara dos Deputados aprovou o texto base da Reforma Tributária. E para que essa votação histórica fosse de fato concluída, três personagens foram considerados especiais:  o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). 

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Depois da redemocratização do Brasil, mesmo com previsão da Constituição de 1988, o Congresso tentava avançar na pauta, mas sempre havia entraves por parte de setores econômicos diversos, mas também por parte dos estados mais ricos. O fato é que ninguém, que tinha algo para perder, aceitava tal resultado. O encerramento da votação aconteceu na tarde de sexta, com a análise dos destaques apresentados ao texto do relator, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). O texto agora segue para o Senado Federal, e a análise da matéria deve se dar no segundo semestre.

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O estado de São Paulo, o mais rico do País, sempre apareceu com destaque entre aqueles que discordavam da necessidade de uma reforma. Quando a atual gestão chegou com toda a vontade de que essa pauta começasse a andar, por uma necessidade do País de organizar a questão tributária, onde muitos perdiam muitos mais do que ganhavam, não foi diferente. Fernando Haddad prometeu que o legislativo analisaria o texto, em discussão na Casa desde o mês de março, até o fim do semestre.

Quando o relógio começou a apertar, Arthur Lira bateu o pé para, mesmo sendo a última semana de trabalho, que os parlamentares discutissem e votassem a reforma até esta sexta, e conseguiu. Mas um outro personagem, além de Haddad e Lira, entrou em cena: Tarcísio de Freitas.

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Quem ganhou, quem perdeu

O aperto de Lira fez Brasília pipocar. Junto com outros governadores, e com a maioria dos prefeitos que estiveram na cidade em razão da Frente Nacional de Municípios, e muita gente do setor empresarial e de comércio e serviços, veio para a capital federal para fazer as suas considerações. Tarcísio chegou com o discurso de que o texto, da forma como estava, precisava mudar em pelo menos 10%. Mas depois de reunião com Haddad, o governador mudou de opinião, se disse 95% convencido de que dava para aprovar o texto-base. 

E mais tentou, sem sucesso, numa reunião da bancada do Partido Liberal (PL), convencer o ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, e os seus, de que não ficaria bem para a foto do partido, num momento em que ideologias deveriam ser deixadas de lado, em prol do desenvolvimento do País. Saiu da reunião hostilizado.

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No entanto, principalmente depois da foto da semana, em que ele apareceu em coletiva de imprensa conjunta com Haddad, foi Freitas quem ficou maior do que Bolsonaro. Inclusive, em seu discurso de abertura dos trabalhos, Lira reconheceu a coragem e a importância da defesa feita pelo governador de São Paulo, dizendo que ele é um quadro de muita importância para o País, e que em todas as questões deve ser olhado com muita atenção. Outros governadores, ao longo da semana, também foram cedendo em seus posicionamentos.

A vitória foi considerada uma trunfo para Lira, mesmo em ele, antes da votação, ter afirmado que o Brasil não teria a reforma ideal, mas a reforma possível. E para diversos líderes, que ao longo dos encaminhamentos recomendaram suas bancadas a votarem sim. No Executivo, todos estão aliviados, é a palavra de ordem. A ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), foi além, declarou à imprensa que "neste momento, estamos cansados, mas felizes". Geraldo Alckmin, ministro da Indústria, Comércio e Serviços, e vice-presidente da República, falou que a aprovação da reforma tributária pela Câmara representa um "novo horizonte".

Com uma das maiores bancadas da Câmara, 72 deputados, dos 69 votantes, houve apenas um voto pela abstenção, o da deputada Sâmia Bomfim (PSOL), nos dois turnos. 53 votaram sim pela aprovação no primeiro turno, contra 16 que votaram não. No segundo turno, houve voto de 68 parlamentares, os mesmos 16 que votaram contra, permaneceram com o seu voto, e 52 deputados votaram a favor.ve voto de 68 parlamentares, os mesmos 16 que votaram contra, permaneceram com o seu voto, e 52 deputados votaram a favor.

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Houve dois turnos porque o projeto da reforma é uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que possui esse regime de votação em que pelo menos dos parlamentares devem se posicionar, ou seja, ao menos 308 deputados.

Tarcísio de Freitas, sinalizando um direcionamento para a direita, saiu em alta da cena. Bolsonaro e os seus ficaram irritados, aumentando o protagonismo do governador de São Paulo.

Saiba quais são as mudanças da PEC

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Uma das mais impactantes mudanças refere-se à extinção de cinco tributos, são três federais, um estadual e um municipal, IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS respectivamente. Tal eliminação levará à criação de dois Impostos sobre Valor Agregado (IVA), um estadual, o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). O primeiro encampa os impostos estaduais e municipais, e a Contribuição unificará os tributos federais.

Com a implantação do projeto, que provavelmente se dará de maneira mais assertiva no ano de 2027, o local de cobrança dos impostos não será mais o de origem dos produtos, mas sim no local onde bens ou serviços forem consumidores. Também estão previstas desonerações de exportações e investimentos, assuntos a serem melhor definidos nas discussões do Senado Federal. Lula afirmou em discurso, no dia anterior, em reunião ministerial, que acredita que a reforma poderá entrar em pleno funcionamento ainda durante este governo.

Bens e serviços prejudiciais à saúde, ou ao meio ambiente, como cigarro, bebidas alcoólicas e bebidas açucaradas terão imposto seletivo incidido tanto na produção, como na comercialização, como na importação. A ideia é que esse imposto seletivo seja responsável pela manutenção da Zona Franca de Manaus. Por fim, a reforma também prevê três alíquotas. Uma única, que será uma espécie de regra geral. Outra será reduzida em 60%, ou seja, recolherá apenas 40% da alíquota padrão. A terceira terá alíquota zero, e será direcionada para medicamentos, para o Prouni, e para os produtores rurais pessoa física. A reforma incluiu ainda uma lista de novas atividades na lista de setores que terão tratamento de tributação diferenciado.

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Veja, em ordem alfabética, entre os parlamentares paulistas, quem votou a favor e quem votou contra a PEC da reforma tributária na Câmara dos Deputados.

DEPUTADO

PARTIDO

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VOTO 1o TURNO

VOTO 2o TURNO

Adilson Barroso

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PL

Não

Não

Adriana Ventura

Novo

Sim

Sim

Alberto Mourão

MDB

Sim

Sim

Alencar Santana

PT

Sim

Sim

Alex Manente

Cidadania

Sim

Sim

Alexandre Leite

União

Sim

 

Alfredinho

PT

Sim

Sim

Antônio Carlos Rodrigues

PL

Sim

Sim

Arlindo Chinaglia

PT

Sim

Sim

Arnaldo Jardim

Cidadania

Sim

Sim

Baleia Rossi

MDB

Sim

Sim

Bruno Ganem

Podemos

Sim

Sim

Capitão Augusto

PL

Não

Não

Carla Zambelli

PL

Não

Não

Carlos Sampaio 

PSDB

Sim

Sim

Carlos Zarattini

PT

Sim

Sim

Celso Russomanno

Republicanos

Sim

Sim

Cezinha de Madureira

PSD

Sim

Sim

Coronel Telhada

PP

Não

Não

David Soares

União

Sim

Sim

Delegado da Cunha

PP

Sim

Sim

Delegado Palumbo

MDB

Não

Não

Delegado Paulo Bilynskyj

PL

Não

Não

Eduardo Bolsonaro 

PL

Não

Não

Ely Santos

Republicanos

Sim

Sim

Érika Hilton

Psol

Sim

Sim

Fábio Teruel

MDB

Sim

Sim

Fausto Pinato

PP

Sim

Sim

Felipe Becari

União

Sim

Sim

Gilberto Nascimento

PSD

Sim

Sim

Guilherme Boulos

Psol

Sim

Sim

Ivan Valente

Psol

Sim

Sim

Jefferson Campos

PL

Não

Não

Jilmar Tatto

PT 

Sim

Sim

Jonas Donizette

PSB

Sim

Sim

Juliana Cardoso

PT

Sim

Sim

Kiko Celeguim

PT

Sim

Sim

Kim Kataguiri

União

Sim

Sim

Luiz Carlos Motta

PL

Sim

Sim

Luiz Philippe de Orleans e Bragança

PL

Não

Não

Luiza Erundina

Psol

Sim

Sim

Marangoni

União

Sim

Sim

Marcelo Lima

PSB

Sim

Sim

Márcio Alvino

PL

Não

Não

Marco Bertaiolli

PSD

Sim

Sim

Marcos Pereira

Republicanos

Sim

Sim

Maria Rosas

Republicanos

Sim

Sim

Mário Frias

PL

Não

Não

Maurício Neves

PP

Sim

Sim

Miguel Lombardi

PL

Não

Não

Nilto Tatto

PT

Sim

Sim

Orlando Silva

PCdoB

Sim

Sim

Paulo Alexandre Barbosa

PSDB

Sim

Sim

Paulo Freire Costa

PL

Não

Não

Pr. Marco Feliciano

PL 

Não

Não

Professora Luciene Cavalcante

Psol

Sim

Sim

Renata Abreu

Podemos

Sim

Sim

Ricardo Salles

PL

Não

Não

Ricardo Silva

PSD

Sim

Sim

Rodrigo Gambale

Podemos

Sim

Sim

Rosana Valle

PL

Não

Não

Rosângela Moro

União

Sim

Sim

Rui Falcão

PT

Sim

Sim

Sâmia Bomfim

Psol

Abstenção

Abstenção

Simone Marquetto

MDB

Sim

Sim

Tabata Amaral

PSB

Sim

Sim

Tiririca

PL

Sim

Sim

Vicentinho

PT

Sim

Sim

Vinícius Carvalho

Republicanos

Sim

Sim

Vitor Lippi

PSDB

Sim

Sim

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