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Evento LGBT virtual é interrompido por gritos de 'Bolsonaro 2022' e frases pornográficas

Cerca de 100 pessoas assistiam à conferência. Entre os palestrantes, estavam representantes do Grupo Dignidade (ligado à causa LGBT), do Acnur (comissariado da ONU para refugiados) e pesquisadores de universidades

Folhapress

Publicado em 18/06/2021 às 15:46

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*Imagem meramente ilustrativa. / Marcello Casal Jr./Agência Brasil

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Ataques racistas, homofóbicos e misóginos interromperam um evento virtual sobre atendimento a migrantes e refugiados LGBT organizado por entidades do Paraná na última terça-feira (16), o que obrigou os organizadores a suspender a transmissão. Os palestrantes foram interrompidos por chiados, falas de cunho sexual, gritos de "Bolsonaro 2022" e uma cartela com os dizeres "Cala a boca macaco".

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Na noite desta quarta (17), a Cáritas Brasileira Regional Paraná e o Instituto de Políticas Públicas Migratórias (IPPMI), que promoveram o evento "Capacitação: atendimento para migrantes e refugiados LGBTQIA+", divulgaram uma nota de repúdio sobre os ataques.

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Eles denunciaram o ocorrido ao Ministério Público e ao núcleo de crimes cibernéticos da Polícia Civil. As gravações estão sendo analisadas e os autores podem ser identificados e punidos.

Cerca de 100 pessoas assistiam à conferência. Entre os palestrantes, estavam representantes do Grupo Dignidade (ligado à causa LGBT), do Acnur (comissariado da ONU para refugiados) e pesquisadores de universidades do Brasil e do Reino Unido. Alguns ataques foram dirigidos diretamente à mediadora, representante da Cáritas.

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O evento estava sendo transmitido pela plataforma Google Meet. Os organizadores afirmam que tentaram silenciar ou remover os perfis que proferiam as ofensas, mas não conseguiram. O chat também ficou bloqueado.

Eles, então, pararam o evento e enviaram outro link para os participantes por e-mail. Em menos de três minutos, porém, os ataques recomeçaram nessa outra sala virtual. "A gente acredita que eles tenham se inscrito ou hackeado de alguma forma", diz Isabella Traub, fundadora e presidente do IPPMI.

Para Traub, os ataques estão diretamente relacionados à temática do evento. "Me parece que tentaram nos calar, pois estávamos discutindo temas que dão importância e visibilidade aos migrantes, refugiados e pessoas LGBTQIA+ que são tidas como alvos da sociedade atual. Estamos vivendo um momento em que os grupos mais vulneráveis estão sendo perseguidos, ameaçados e silenciados", afirmou.

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Ela diz que o evento será organizado novamente daqui a alguns dias. "Infelizmente, quando discursos de ódio aparentam estar legitimados por parte do principal governante, as pessoas que apoiam esses discursos acabam fazendo ataques e ofensas como forma de mostrar um falso poder, colocando medo nas pessoas. Mas a verdade é que essas ações nos mostram a força da nossa luta diária e resistência."

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