A política protecionista adotada pelo governo Trump expulsou 12 dos 14 exportadores vietnamitas que até então estavam habilitados a comercializar seus peixes no País. / Divulgação/Internet
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O panga está gradativamente sendo expulso dos Estados Unidos e da Europa. Segundo especialistas no setor, desde 2017 o bagre de origem vietnamita vem enfrentando nesses mercados o que se convencionou chamar de a ‘terceira guerra do panga’. O termo faz menção às seguidas campanhas feitas contra o peixe por governos, supermercadistas e concorrentes, que insistem em questionar a qualidade do bagre, nativo do Rio Mekong, no Sudeste da Ásia.
No segundo semestre de 2017, uma grande rede francesa de supermercados resolveu suspender a venda de panga em todas as suas unidades da França, Bélgica e Espanha após uma matéria na televisão espanhola afirmar que as fazendas de criação do peixe estariam poluindo o Rio Mekong.
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Diante das barreiras impostas, os produtores vietnamitas tiveram de baixar ainda mais o já irrisório valor do produto. Assim, o preço do peixe despencou 11% nos EUA e 22% na União Europeia, segundo apurou a revista norte-americana Seafood Source, editada em Portland, com base em dados da Vietnam Association of Seafood Producers and Exporters.
Mas, essa ‘guerra’ contra o panga começou nos anos 2000, quando 90% dos bagres consumidos nos EUA passaram a vir do Vietnã. Desde então, produtores locais e a indústria da pesca iniciaram campanha para destruir a reputação do produto vietnamita, questionando a higiene na sua produção e acusando o peixe de conter pesticidas agrícolas e antibióticos, fatores que foram categoricamente rebatidos por laboratórios independentes na Europa.
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A partir de agosto de 2017, a política protecionista adotada pelo governo Trump expulsou 12 dos 14 exportadores vietnamitas que até então estavam habilitados a comercializar seus peixes no País. Pior: Os EUA triplicaram a taxa de importação. Com todos esses bombardeios, a importação de panga caiu 18% nos Estados Unidos e 25% na Europa em 2017, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO).
Diante dos sucessivos impactos negativos à imagem do bagre também na Europa desde que ele passou a brigar por mercados antes dominados por outros peixes capturados por países europeus, até então líderes do mercado mundial, como os bacalhaus e os arenques, em junho de 2017 criadores e exportadores vietnamitas resolveram criar um fundo para o desenvolvimento de novos mercados consumidores.
Assim, foi. Só a China aumentou em 37% as importações de panga no ano passado. A Índia, 80%, e o Japão, 30%. Porém, em 2017 a América Latina passou a ser o maior mercado consumidor de panga do Planeta. Segundo a FAO, a região aumentou em 15% as importações de filés e peixe congelado.
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E o Brasil ultrapassou o México como o maior importador mundial de panga, com 22% de aumento nas importações, o que acabou compensando o mercado perdidos nos EUA e na Europa.
Presta atenção!
A fome no mundo voltou a crescer após mais de uma década de queda. Segundo a ONU, mais de uma em cada dez pessoas no mundo ainda passam fome, totalizando 815 milhões em 2016. As principais causas são os conflitos e as mudanças climáticas.
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Fica a dica!
A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima que um terço de toda comida produzida no mundo é desperdiçado anualmente. Além desses alimentos não serem usados no combate à fome, sua decomposição na natureza contribui com a emissão de gases causadores do efeito estufa.
É para o teu bem!
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E os alimentos desperdiçados emitem mais gases do que o volume emitido por qualquer país do Planeta, com exceção dos Estados Unidos e da China.
Filosofia do campo:
“Não são as notícias que fazem o jornal, mas o jornal é que faz as notícias; e saber juntar quatro notícias diferentes significa propor ao leitor uma quinta notícia”, Umberto Eco (1932/2016), escritor, filósofo e linguista italiano.
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