PRIVATIZAÇÃO

Em discurso em Portugal, Lula volta a atacar privatização da Eletrobras

O presidente brasileiro aproveitou a ocasião para repetir para a plateia as queixas sobre a taxa de juros determinada pelo Banco Central

GIULIANA MIRANDA - FOLHAPRESS

Publicado em 24/04/2023 às 11:30

Atualizado em 24/04/2023 às 13:08

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é recebido pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. / Ricardo Stuckert/PR

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Em discurso para empresários portugueses e brasileiros reunidos em Portugal, o presidente Luíz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar as privatizações realizadas por seus antecessores, com destaque para a venda da Eletrobras.

Depois de afirmar que nos últimos seis anos o país vendeu patrimônio "simplesmente para pagar juros da dívida pública", o petista criticou o aumento salarial da administração da antiga estatal.

"Quando essa empresa foi vendida, a primeira coisa que a diretoria fez foi aumentar seus salários, de R$ 60 mil para R$ 360 mil por mês", disse.

O presidente também atacou a remuneração dos conselheiros da companhia e classificou a situação como desfaçatez ocorrida em anos de obscurantismo.

"Se você quiser ver apenas um absurdo, eu agora tenho de indicar um conselheiro para essa empresa. Um conselheiro dessa empresa, para trabalhar uma vez por mês, ganha R$ 200 mil."

As declarações foram feitas na manhã desta segunda-feira (24), no Fórum Empresarial Portugal-Brasil, realizado em Matosinhos, no Norte do país ibérico. O evento contou ainda com a presença do primeiro-ministro luso, António Costa.

O presidente brasileiro aproveitou a ocasião para repetir para a plateia, composta por mais de 150 empresários de ambos os países, as queixas sobre a taxa de juros determinada pelo Banco Central.

"A nossa taxa de juros é muito alta. No Brasil, a taxa Selic, que é a taxa referencial, está em 13,75%. Ninguém toma dinheiro emprestado a 13,75%. Ninguém. Não existe mais dinheiro barato", afirmou. "A verdade é que um país capitalista precisa de dinheiro, e esse dinheiro tem de circular. Não apenas na mão de poucos, mas na mão de todos."

Lula exaltou ainda a parceria entre Portugal e Brasil e a reaproximação entre as nações.
Por sua vez, o premiê António Costa reafirmou que seu país está disponível para auxiliar o Brasil a destravar o acordo entre o Mercosul e União Europeia.

"O Brasil pode sempre contar com Portugal como verdadeiro ponta de lança para trabalharmos par a conclusão, tão rápida quanto possível, do acordo centre a União Europeia com Mercosul", disse.

Coube ao português também o elogio à parceria de Portugal com Embraer, com destaque para o projeto do KC-390 Millennium. Em 2019, o governo luso encomendou cinco dessas aeronaves de carga produzidas no Brasil.

O primeiro avião foi entregue a Portugal recentemente e irá transportar Lula, Costa e a comitiva de volta à região de Lisboa, onde os dois chefes de governo visitam as instalações da OGMA, empresa aeronáutica com participação acionária da Embraer.

"O KC-390 é só um exemplo do muito que podemos fazer em conjunto. Por isso quando aterrissarmos, vamos testemunhar a assinatura de um novo protocolo, agora para a adaptação de uma outra aeronave da Embraer aos padrões da Otan, com o projeto A-29 Super Tucano", disse Costa.

Com a adequação da produção do caça aos exigentes padrões da aliança militar, a empresa brasileira quer exportar a aeronave para outros países europeus.

Depois da agenda econômica, Lula participa ainda da entrega do prêmio Camões de Literatura a Chico Buarque.

O último compromisso oficial do petista em Portugal é um discurso no Parlamento, na manhã de terça-feira (25), feriado nacional que assinala a Revolução dos Cravos. O presidente embarca em seguida para Madri, onde tem encontros marcados com o rei e o primeiro-ministro.

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