Loja de produtos para casa em São Paulo / Rivaldo Gomes/Folhapress
Continua depois da publicidade
O Dia do Consumidor, que ocorre nesta terça-feira (15), deve ser marcado por números nada animadores na economia brasileira. A inflação atingiu seu maior índice para o mês de fevereiro desde 2015, com o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor) fechando em 10,54% no acumulado de 12 meses. A taxa foi calculada sem considerar o recente aumento nos custos de combustíveis, anunciado na última quinta (10) pela Petrobrás, o que levou o preço da gasolina a passar dos R$ 10 por litro em algumas regiões.
Continua depois da publicidade
Neste cenário, a data, que costuma trazer promoções e descontos, se mostra como um desafio para os logistas, que tentam ainda se recuperar dos tempos pandêmicos com vendas fracas. Apesar de o volume de vendas do comércio varejista ter apresentado alta de 0,8% em janeiro, na comparação com dezembro, o resultado ainda é 1% inferior ao de fevereiro de 2020, antes do início da pandemia. O resultado calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que o setor não se recuperou da crise provocada pelo coronavírus.
Continua depois da publicidade
Outro entrave na recuperação do comércio é o encarecimento do crédito e, em muitos casos, a falta dele. Uma pesquisa realizada por uma empresa de análise de crédito e divulgada na última quarta-feira (9), revelou que 91% dos consumidores brasileiros já tiveram crédito negado pelo menos uma vez na vida.
Famílias mais pobres sentem mais o impacto da inflação
Continua depois da publicidade
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a variação da cesta de compras de famílias com renda de até cinco salários mínimos, registrou inflação de 1% em fevereiro deste ano. A taxa é superior à observada em janeiro (0,67%) e a maior para um mês de fevereiro desde 2015 (1,16%).
Continua depois da publicidade
Em 12 meses, o INPC acumula taxa de 10,80%, acima dos 10,54% registrados pelo IPCA. Em fevereiro, os produtos alimentícios tiveram inflação de 1,25%. Já os não alimentícios tiveram alta de preços de 0,92%.
Esses índices devem ainda apresentar piora no balanço de março, mês em que os novos preços-base da gasolina, do gás e do diesel entraram em vigor. O óleo, usado no Brasil principalmente por caminhões em muitos dos trajetos que compõem a logística comercial, foi o que teve maior alta: 24%. O que deve impactar os fretes nas vendas diretas e indiretas no País.
Continua depois da publicidade
Os motoristas também já sentem o impacto do aumento nos preços da gasolina e do gás de cozinha. Desde a última sexta-feira (11), o preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Um aumento de 18,7%. O gás de cozinha também ficou mais caro, passando de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg. Houve quem encontrasse o botijão sendo vendido a R$ 135 em Porto Alegre.
Continua depois da publicidade
Sobre os reajustes nos seus produtos básicos, a estatal afirmou que "Esse movimento da Petrobras vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda". A companhia se diz pressionada pela alta no preço do petróleo provocado pela guerra entre Ucrânia e Rússia.
Transportes
Continua depois da publicidade
Apesar do aumento nos preços dos combustíveis, a cidade de São Paulo não deve ter aumento nas tarifas de transporte público urbano neste ano. O prefeito Ricardo Nunes (MSB) afirmou que deve manter a tarifa em R$ 4,40 na cidade. No entanto, o cumprimento desse congelamento depende de aprovação na Câmara dos Deputados e de uma ajuda financeira do governo federal.
Continua depois da publicidade
A aprovação a que Nunes se refere é de um projeto de lei apresentado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) em fevereiro para garantir um subsídio do governo federal à tarifa de ônibus. Se aprovada, a lei obrigaria o governo federal a repassar recursos para bancar a tarifa gratuita a idosos.
Outras capitais também aguardam a aprovação do projeto de lei para definirem se aumentam ou não os preços das passagens de ônibus e outros modais urbanos.
Confiança de pequenas empresas fica estável
Mesmo diante do cenário incerto, a confiança dos donos de micro e pequenas empresas ficou estável em fevereiro. No mês passado, o Índice de Confiança de Micro e Pequenas Empresas (IC-MPE) aumentou 0,4 ponto em relação a janeiro, mantendo-se em torno de 90 pontos, após ter caído 5,1 pontos.
O índice de confiança mede a avaliação atual em relação à economia. O principal fator para o avanço do indicador de expectativa, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi a melhora das perspectivas sobre a demanda para os próximos três meses, que subiu 1,2 ponto em fevereiro, após ter caído 9 pontos em janeiro. Para os próximos seis meses, a perspectiva de crescimento da demanda ficou estável, subindo 0,4 ponto.
O Dia do Consumidor deste ano ainda pode trazer bons resultados em comparação ao ano passado. Uma pesquisa realizada pela Mind Miners, em parceria com o UOL, mostrou que 56% dos consumidores entrevistados pretendem aproveitar a data para fazer compras. Muitas lojas devem também estender as promoções para além do dia 15 e manter as ofertas até o fim da semana.
Continua depois da publicidade