POLÊMICA

Defensoria recomenda revisão de regras sobre aborto e escolas militares ao governo de transição

O órgão sugere reverter a portaria que obriga médicos a comunicarem a polícia quando mulheres solicitarem o aborto legal

JULIANA BRAGA - FOLHAPRESS

Publicado em 01/12/2022 às 09:23

Atualizado em 01/12/2022 às 09:24

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Argumento da entidade vale para casos de estupro / Andre Borges/Agência Brasil

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O defensor público-geral federal, Daniel Macedo, entregou à transição de governo um levantamento feito pela DPU (Defensoria Pública da União) com a recomendação de revogação de normas editadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). 

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Entre os pontos a serem revistos, a Defensoria sugere reverter a portaria 2.282/2020 do Ministério da Saúde que obriga médicos a comunicarem a polícia quando mulheres solicitarem o aborto legal em casos de estupro e coletar material genético dos fetos para investigação acerca de agressores. 

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"O dever de comunicação à autoridade policial sem observar a decisão da mulher pode violar o direito ao sigilo, à privacidade e à autonomia. Além da quebra do dever ético de sigilo profissional, tipificado como crime no art. 154 do CP [Código Penal], há desrespeito à inviolabilidade da intimidade e da vida privada prevista no art. 5º, X, da Constituição Federal", diz o documento. 

Os defensores recomendam também a revogação ou declaração de inconstitucionalidade do teto de gastos devido à "drástica redução orçamentária" na saúde e na educação. Tais cortes, segundo eles, geram risco de colapso do SUS (Sistema Único de Saúde) e afetam 47 políticas de saúde, comprometendo a incorporação de novas tecnologias, materiais e medicamentos. 

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Ainda na educação, a sugestão é pela revisão da política de militarização das escolas, uma vez que, argumentam, a natureza das Forças Armadas é distinta da necessária em uma dinâmica educacional. 

Como outras instituições, a DPU sugere também a revisão dos decretos de armas, da política voltada para os povos originários e de normas sobre meio ambiente. Uma delas é a que autoriza o exercício de atividades minerárias em terras indígenas e na área da Amazônia. 

De acordo com Macedo, os defensores vivenciam as vulnerabilidades e violações contra aqueles que representam e atuam na proteção e promoção dos direitos humanos para aqueles afetados "pela ausência, pela insuficiência, pelas omissões, pelos excessos ou pelos abusos do próprio Estado". 

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"Essa posição singular que a DPU ocupa permite que estejamos em condições de plena cooperação e diálogo com os demais órgãos e Poderes nesses temas", justifica o defensor. 

O levantamento foi entregue ao grupo setorial de Justiça e Segurança Pública, coordenado pelo senador eleito Flávio Dino (PSB-MA), na terça-feira (29).

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