PRONUNCIAMENTO

Bolsonaro quebra silêncio, condena bloqueios e fala em indignação e injustiça com eleição

Na fala, o presidente não citou Lula em nenhum momento nem fez um reconhecimento claro sobre a derrota no último domingo

MATHEUS TEIXEIRA, RENATO MACHADO E MARIANNA HOLANDA - FOLHAPRESS

Publicado em 01/11/2022 às 17:35

Atualizado em 01/11/2022 às 17:37

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O presidente não citou a vitoria de seu adversário, Lula (PT), nas eleições / Reprodução/TV Brasil

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez nesta terça-feira (1º) pronunciamento no qual quebrou um silêncio de 45 horas após o resultado do segundo turno, condenou bloqueios nas estradas por aliados e falou em indignação e injustiça com a eleição na qual qual foi derrotado pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

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"Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral." 

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Na fala de cerca de 2 minutos no Palácio do Alvorada, disse ter enfrentando o que chamou de "sistema", não citou Lula em nenhum momento nem fez um reconhecimento claro sobre a derrota no último domingo (30). Mas, ao criticar o processo eleitoral, ele faz na prática um reconhecimento implícito à votação, dando-o como válido. 

Bolsonaro ainda afirmou que continuará cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição. Ele agradeceu aos 58 milhões de eleitores que votaram nele, disse ter "enfrentado todo o sistema" e exaltou a representação "robusta" da direita no Congresso. 

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"Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro."
O mandatário quebrou o silêncio depois de diversos protestos de seus apoiadores fecharem rodovias pelo país entre segunda e terça-feira. O STF (Supremo Tribunal Federal) teve que tomar uma decisão para determinar a liberação das estradas. 

O presidente disse que manifestações pacíficas são bem-vindas, mas que "nossos métodos não podem ser os da esquerda", e condenou o cerceamento do direito de ir e ir. 

"As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas. Mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir." 

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"A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade." 

Bolsonaro afirmou que sempre foi "rotulado como antidemocrático", mas que continuará cumprindo "todos os mandamentos da nossa Constituição". 

"Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra. Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição." 

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"Nunca falei em controlar ou censurar a mídia ou as redes sociais. Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição." 

A manifestação do presidente ocorre após o mandatário se ver isolado. Aliados internos, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e presidentes dos maiores países do mundo, como os líderes da Rússia, Vladimir Putin, dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, parabenizarem Lula pela vitória nas urnas. 

Na segunda-feira, o chefe do Executivo havia recebido seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o vice em sua chapa, o general Walter Braga Netto, e alguns ministros, como Fábio Faria (Comunicações) e Célio Faria (Secretaria de Governo) para reuniões. 

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Na manhã desta terça, o comandante da FAB (Força Aérea Brasileira), Carlos Baptista Junior, Braga Netto e outros ministros também estiveram no Alvorada com o presidente antes de o vídeo ser divulgado. Também foi à residência oficial o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. 

Lula foi eleito para um terceiro mandato, ao vencer o atual mandatário por uma diferença de quase 2 milhões de votos. O petista terminou com 50,9% dos votos, contra 49,1% do presidente Jair Bolsonaro. 

Durante todo seu mandato Bolsonaro fez ataques infundados às urnas eletrônicas e evitou afirmar que aceitaria o resultado da eleição. Nesta terça, voltou a criticar o sistema eletrônico de votação, mas indicou que aceitará o resultado do pleito. 

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Bolsonaro e os membros da campanha manifestaram confiança na vitória ao longo de praticamente todo o domingo de eleição. O presidente chegou para votar antes mesmo da abertura de sua sessão, no Rio de Janeiro. Depois, reservou o resto da manhã para encontrar e acompanhar jogadores do Flamengo, que retornaram ao Brasil após ganharem a Laça Libertadores. 

Chegou-se a divulgar a informação de que o presidente iria para a Esplanada dos Ministérios, para comemorar a vitória ao lado de seus apoiadores. 

O domingo de votação foi marcado pela polêmica atuação da Polícia Rodoviária Federal, que aumentou o número de abordagens a veículos de transporte coletivo na região Nordeste, tradicional reduto do PT. 

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O presidente começou a campanha no segundo turno embalado, após os resultados da primeira rodada de votação serem melhores do que previam as pesquisas de intenção de votos. Bolsonaro e seus aliados iniciaram uma ofensiva contra os institutos e buscaram tirar a credibilidade dos levantamentos, a cada nova divulgação. 

Além disso, Bolsonaro fechou alianças importantes nos primeiros dias do segundo turno e obteve o apoio dos governadores de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Zema era apontado como peça fundamental para trazer para o lado bolsonaristas os prefeitos do estado e assim virar o jogo, em um colégio eleitoral apontado como fundamental para a vitória. 

Depois de angariar apoios, a campanha bolsonarista começou a sofrer um grande desgaste, com a notícia de que o ministro Paulo Guedes pretendia mudar as regras de correção do salário mínimo. Reportagem da Folha de S.Paulo mostrou que o nome forte da Economia havia elaborado um plano que tinha como um dos pontos centrais a desindexação do mínimo e das aposentadorias da inflação registrada no ano anterior. 

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A pressão sobre o presidente também aumentou quando seu aliado, o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), resistiu à prisão disparando tiros de fuzis e lançando granadas contra a Polícia Federal. 

Membros da campanha ainda culparam fortemente a deputada reeleita Carla Zambelli (PL-SP), que, às vésperas do segundo turno, perseguiu com arma em punho um militante petista, durante o dia, em um bairro nobre de São Paulo.

LEIA A ÍNTEGRA DA FALA DE BOLSONARO 

"Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro.
Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. 

As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas. Mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir. 

A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade. 

Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso. 

Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra. 

Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. 

Nunca falei em controlar ou censurar a mídia ou as redes sociais. 

Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.

É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde e amarela da nossa bandeira."

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