Brasil
Em gravação, o ministro da Educação diz que libera orçamento prioritariamente para cidades escolhidas por pastor a pedido do presidente
O presidente Jair Bolsonaro (PL), acompanhado do ministro da Educação, Milton Ribeiro / Claudio Reis/Folhapress
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O ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmou em uma gravação que prioriza o orçamento de cidades escolhidas por um pastor a pedido do presidente Jair Bolsonaro (PL). As pessoas que no áudio são tidas como importantes influenciadoras nas decisões sobre orçamentos liberados pelo MEC (Ministério da Educação) não têm cargo no governo e atuam em um esquema informal de repasse de recursos às cidades.
Na gravação, obtida pela "Folha", o Ministro deixa claro que a priorização de cidades que um pastor chamado Gilmar indicar, é um pedido do presidente.
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"Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", declara Milton Ribeiro em conversa com prefeitos, o pastor Gilmar e outro religioso. Ouça o áudio na íntegra abaixo:
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A influência dos pastores Gilmar Santos e Arilton Mendes nas decisões sobre repasse de recursos data de janeiro de 2021. As verbas são usadas para construção de escolas, creches, quadras e compra de equipamentos, sendo geridas pelo FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), órgão do Ministério da Educação (MEC).
A reunião na qual o áudio foi gravado aconteceu no MEC e, entre as discussões sobre priorização de algumas cidades indicadas pelos pastores, falou-se da redução de repasse para outros municípios. Estavam presentes no encontro, alguns representantes do FNDE.
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"Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar", revela o ministro no áudio.
Milton Ribeiro também indica haver uma contrapartida pela liberação de recursos da pasta. "Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas".
Como contrapartida pela liberação de recursos a estas cidades, haveria a construção de igrejas nestas regiões, algo que seria do interesse dos pastores citados, indicados por Bolsonaro. "Então o apoio que a gente pede não é segredo, isso pode ser [inaudível] é apoio sobre construção das igrejas".
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O governo Bolsonaro é marcado por cortes de recursos da educação e pelos menores investimentos da década na pasta, nos dois primeiros anos da sua gestão.
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