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Araçatuba: Suspeito de financiar mega-assalto é solto pela Justiça

Suspeito teria afirmado, no momento de sua prisão, que ao menos R$ 600 mil foram investidos na ação criminosa

Gazeta de S. Paulo

Publicado em 09/09/2021 às 15:00

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Vítima é posta em cima de um carro, para servir como escudo humano durante assalto em Araçatuba, no interior de São Paulo / Reprodução

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Na noite desta quarta-feira (8), a Justiça soltou dois homens e uma mulher, presos na manhã do mesmo dia em Sorocaba, no interior de São Paulo, por suspeita de envolvimento no mega-assalto ocorrido em Araçatuba no último dia 30.

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Um dos presos, de 33 anos, foi apontado pela Polícia Civil como "diretor financeiro" da quadrilha. Ele teria afirmado, no momento de sua prisão, ainda de acordo com a polícia, que ao menos R$ 600 mil foram investidos na ação criminosa -como para subornar funcionários das agências bancárias atacadas, para alugar imóveis, veículos blindados, além da compra de armas e alimentação para os bandidos.

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Em sua decisão, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) afirmou que o trio foi preso pelo crime de associação criminosa, pois policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) teriam encontrado indícios de que os três -todos com passagens criminais anteriores- estariam supostamente envolvidos na contabilidade da venda de drogas. Anotações foram apreendidas na casa do suspeito de 33 anos, em Sorocaba.

"No entanto, o juízo do plantão de Sorocaba entendeu que não havia indícios que os vinculassem ao caso de Araçatuba, porque não houve apreensão de nenhum instrumento ou produto de crime relacionado ao caso em poder dos autuados [dinheiro, armas, explosivos, etc.], com exceção de uma denúncia anônima. Por essa a razão, foi determinado o relaxamento das prisões em flagrante", diz trecho de nota da Justiça.

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A defesa do trio é procurada pela reportagem desde a prisão de seus clientes. Ela se prontificou a encaminhar um posicionamento sobre o caso, por meio de mensagem, porém não o fez até a conclusão desta reportagem.

As apurações sobre o mega-assalto, por ter ocorrido em duas agências bancárias ligadas à União, são feitas pela Polícia Federal. A instituição não deu detalhes sobre o andamento da investigação, nem sobre valores levados pelo bando e eventualmente recuperados.

Ao todo, seis já foram presos por suspeita de participação no assalto na cidade do interior paulista, incluindo o trio solto pela Justiça.

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Três pessoas também morreram durante o roubo, incluindo um criminoso, não identificado. Um homem em situação de rua foi atingido pela explosão de uma das bombas usadas pela quadrilha, deixadas nas ruas, e teve os pés e uma das mãos decepados.

Policiais militares especializados em explosivos encontraram 93 artefatos deixados pelos criminosos na cidade do interior.

Prisão do trio Na terça-feira, policiais do Deic foram até Sorocaba, com a informação de que estaria na cidade o suposto responsável pelas finanças da quadrilha envolvida no roubo de Araçatuba. O homem seria integrante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), ainda de acordo com a polícia.

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Investigadores ficaram de campana em frente à casa do homem, quando o flagraram chegando em uma picape Volkswagen Amarok. Ao ser abordado, de acordo com a polícia, o suspeito deixou que policiais entrassem em sua casa, no bairro Parque São Bento.

Dentro do imóvel, segundo o Deic, policiais também identificaram uma mulher, de 40 anos, procurada pela Justiça, por tráfico de drogas. Anotações de altos valores, supostamente de vendas de drogas, foram encontrados no local e, por isso, o casal foi preso em flagrante, de acordo com a polícia. Essa "contabilidade" vai ser analisada pela investigação.

"[O tesoureiro] revelou ter financiado a operação para roubar os bancos em Araçatuba. Sua participação nas ações não está descartada", afirmou trecho de nota do Deic.

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Instantes depois, segundo a polícia, um terceiro homem, de 25 anos, chegou em um carro de luxo que, após ser abordado, foi identificado como "funcionário" do suspeito que já estava detido. Os três, ainda segundo o Deic, contam com passagens criminais anteriores por tráfico, no caso do tesoureiro, homicídio.
As denúncias recebidas pelos investigadores indicavam que o trio ostentava veículos de luxo, além de manter um "padrão alto de consumo".

Os três foram indiciados por organização criminosa. A Polícia Federal da região de Araçatuba foi informada sobre as prisões.

O assalto A ação criminosa levou o terror à cidade de 200 mil habitantes na madrugada do dia 30. Ela é uma das maiores do tipo já realizadas no estado, segundo a polícia.

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Nessa modalidade de roubo, conhecida como "novo cangaço", grupos de criminosos fortemente armados, em geral entre 15 e 30 pessoas, chegam durante a madrugada a cidades de pequeno e médio portes em comboios de veículos para praticar as ações. Araçatuba é o 33º município atacado desta maneira desde 2018.

No caso de Araçatuba, a quadrilha explodiu duas agências bancárias, roubou o dinheiro delas, atirou em uma terceira, fez moradores reféns, disparou bombas e ateou fogo em veículos na fuga.
A Polícia Civil de São Paulo também apura a participação de ao menos outras duas pessoas no caso. Ambas são de Piracicaba (que fica a 380 km de Araçatuba).

Morreram durante o assalto as vítimas Renato Bortolucci da Silva, 38, e Marcio Victor Possa da Silva, 34.

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