Mundo
De acordo com documentos de tribunais da China, o presidente da Sinovac, Yin Weidong, admitiu à Justiça em 2016 ter pago US$ 83 mil (R$ 428 mil) em propina para um funcionário da agência reguladora chinesa, Yin Hongzhang, e sua esposa, entre 2002 e 2011,
*Foto meramente ilustrativa. / ONU/Reprodução
Continua depois da publicidade
A empresa chinesa Sinovac, desenvolvedora da vacina Coronavac para a Covid-19 que será produzida no Brasil em parceria com o Instituto Butantan, esteve envolvida em casos de suborno ao governo chinês. A informação foi revelada nesta sexta-feira (4) pelo jornal americano Washington Post.
De acordo com documentos de tribunais da China, o presidente da Sinovac, Yin Weidong, admitiu à Justiça em 2016 ter pago US$ 83 mil (R$ 428 mil) em propina para um funcionário da agência reguladora chinesa, Yin Hongzhang, e sua esposa, entre 2002 e 2011, para acelerar a aprovação de vacinas no órgão governamental.
Continua depois da publicidade
Não há menção na reportagem a problemas ocorridos depois dessa data, como no processo de desenvolvimento da Coronavac.
Hongzhang foi preso e condenado a dez anos de prisão em 2017, por cobrar suborno de vários membros da indústria de vacinas chinesa.
Continua depois da publicidade
Já Weidong permaneceu em liberdade e continua comandando a companhia, devido a um acordo com a Justiça chinesa. Segundo o jornal, em um mecanismo similar à delação premiada, o executivo cooperou com promotores e argumentou que o pedido de suborno partiu da autoridade governamental.
Ele também não foi condenado pelo Departamento de Justiça dos EUA, que abriu investigação na época porque a empresa tem capital aberto na Bolsa americana.
No período do pagamento do suborno, a Sinovac conseguiu o registro de vacinas como a da gripe H1N1 e a de hepatite, mas, segundo a reportagem do jornal americano, não houve nenhum escândalo relacionado à segurança ou à qualidade das vacinas aprovadas.
Continua depois da publicidade
Em resposta ao jornal, a Sinovac reconheceu o ocorrido e afirmou ter conduzido auditorias internas e implementado um programa de combate à corrupção nos últimos anos.
Procurado, o Instituto Butantã afirmou que a parceria com a Sinovac "foi firmada neste ano para estudos clínicos e desenvolvimento da vacina contra a Covid-19", e informou que a pesquisa clínica "tem auditoria independente e o registro do imunizante passará por avaliação técnica da Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]".
VACINA DA PFIZER
Continua depois da publicidade
Outra empresa que está desenvolvendo vacina para o coronavírus, a americana Pfizer, também é investigada por pagar suborno, segundo reportagem do The Wall Street Journal no início de novembro.
A farmacêutica já vendeu 520 milhões de unidades do imunizante contra Covid-19, que desenvolve em parceria com a empresa de biotecnologia alemã BioNTech, para a União Europeia, o Reino Unido, o Japão e vários países da América Latina. A companhia já teria negociado 85% da produção de 2020 e 2021, o que tem pressionado o Brasil a firmar um acordo de compra para não ficar para trás na corrida.
Segundo o The Wall Street Journal, a Pfizer disse que recebeu uma consulta da unidade de suborno estrangeiro da Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos sobre as operações da farmacêutica na China, em agosto. A farmacêutica foi ainda alvo de um inquérito do Departamento de Justiça dos EUA sobre seus negócios na Rússia, em junho.
Continua depois da publicidade
As investigações foram enviadas pelas unidades das agências que aplicam a Lei de Práticas de Corrupção no Exterior. Essa lei proíbe as empresas de pagar subornos a funcionários estrangeiros para obter uma vantagem comercial.
A Pfizer não comentou o caso e disse ao jornal apenas que estava preparando material para responder às solicitações.
A farmacêutica já foi acusada de prática semelhante pelas autoridades dos Estados Unidos em 2012.
Continua depois da publicidade
Na ocasião, a empresa concordou em pagar US$ 60,2 milhões (R$ 310 milhões) para encerrar as investigações da Comissão de Valores e do Departamento de Justiça sobre supostas violações da lei em vários países da Europa e da Ásia, incluindo China e Rússia.
Continua depois da publicidade