O presidente do Peru, Pedro Castillo, durante cerimônia na capital, Lima / Jhonel Rodriguez/Presidência do Peru/AFP
Continua depois da publicidade
A tentativa de Pedro Castillo de dissolver o Congresso do Peru e, posteriormente, a destituição do agora ex-presidente levantaram dúvidas sobre a legalidade dos processos nesta quarta-feira (7).
Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.
Continua depois da publicidade
Mais cedo, o Legislativo ignorou os decretos do político e aprovou uma moção de vacância, convocando a vice, Dina Boluarte, para assumir à Presidência. Com tentativa de golpe fracassada, Castillo deixou o governo após 17 meses de uma gestão tumultuada.
Leia a seguir perguntas e respostas sobre a crise política no Peru.
Continua depois da publicidade
O que detonou a crise?
Horas antes do início de uma sessão nesta quarta em que parlamentares votariam o afastamento ou a continuidade no cargo do presidente do Peru, Pedro Castillo, o mandatário tentou se antecipar ao processo e anunciou o fechamento do Congresso e a convocação de eleições antecipadas. Em paralelo, o líder decretou estado de exceção, com toque de recolher das 22h às 4h, e a reestruturação do Judiciário.
O movimento intensificou a crise política que já existia no país, e parlamentares acusaram uma tentativa de golpe de Estado. Depois, o Legislativo ignorou a ordem de Castillo e aprovou a moção de vacância, uma espécie de impeachment, do político populista.
Continua depois da publicidade
Castillo tentou aplicar um golpe de Estado?
A ordem de Castillo desrespeitou a Constituição peruana e, portanto, pode ser interpretada como tentativa de golpe.
A dissolução do Congresso é um instrumento válido no sistema do país, desde que o Parlamento tenha rejeitado pelo menos dois votos de confiança –o que não era o caso do governo de Castillo.
Continua depois da publicidade
No mês passado, o primeiro deles foi posto em pauta pelo então premiê Aníbal Torres, mas a oposição se recusou a votar. Depois, ele convocou o voto de confiança pela segunda vez. Os parlamentares mantiveram a recusa, e Torres renunciou dias depois, sem uma solução para a disputa.
O que é voto de confiança?
É uma proposta que tem o objetivo de verificar se o governo possui a confiança dos parlamentares. Se fosse rejeitada, todo o gabinete de Castillo seria forçado a renunciar, mas o governo poderia convocar uma segunda votação.
Continua depois da publicidade
O que é uma moção de vacância?
A medida é uma espécie de impeachment, ainda que seja uma figura jurídica distinta. Em dezembro e em março, Castillo foi alvo de duas outras ações do tipo, que acabaram rejeitadas no Parlamento por não alcançarem os votos necessários.
Por que Castillo tentou dissolver o Congresso?
Continua depois da publicidade
Não se sabe o que motivou o político a tentar um golpe. A decisão do agora ex-presidente é questionada considerando que a moção de vacância parecia não representar uma ameaça real ao seu mandato.
O líder do partido Perú Libre, Wladimir Cerrón, pelo qual o presidente se elegeu, disse que ele se precipitou e que não havia votos suficientes para a vacância.
Por que parlamentares tentaram destituir Castillo?
Continua depois da publicidade
A moção de vacância foi protocolada no último dia 29 por um grupo liderado pelo deputado Edward Málaga, acusando o presidente de incapacidade moral de governar.
Na véspera, outro congressista já tinha apresentado outra moção que pedia o afastamento de Castillo por 12 meses para que se julguem ações que correm contra ele na Justiça.
O que pesa contra o presidente?
Continua depois da publicidade
Castillo tem contra ele seis investigações do Ministério Público, sendo que cinco são por suposto envolvimento em esquemas de corrupção –a outra apura plágio em sua dissertação de mestrado. O líder se tornou o primeiro presidente a ser investigado durante o exercício do cargo –ele se declara inocente.
Castillo é acusado de liderar uma organização criminosa em seu gabinete e de ter demitido seu ministro do Interior, em 20 de julho, com o objetivo de suspender uma investigação contra aliados.
Também são investigados possíveis envolvimentos de familiares do ex-mandatário em atividades ilícitas. Um dos processos apura se um ex-ministro de Transportes, seis parlamentares, um ex-secretário-geral da Presidência e dois sobrinhos do agora ex-presidente integravam uma suposta rede criminosa, liderada por Castillo, que atuava na licitação de contratos de obras públicas.
Quem assume a Presidência do Peru?
Dina Boluarte, 60, que era vice de Castillo, passa a ser a primeira mulher a presidir o Peru. Apesar de aliada do agora ex-presidente, ela o acusou de "perpetrar a quebra da ordem constitucional" ainda pela manhã.
Boluarte formou-se como advogada pela Universidade de San Martín de Porres e se especializou em Direito Administrativo e Gestão Pública, Direito Constitucional, Direito Processual Constitucional e Direitos Humanos.