Capacidade de produção atual, de 1,5 bilhão de doses mensais, é suficiente para atingir as metas estabelecidas pela duas entidades / Reprodução
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) e as Nações Unidas (ONU) divulgaram nesta quinta (7) uma estratégia conjunta para atingir a vacinação de 40% da população de todos os países do planeta até o final de 2021 e de 70% até meados de 2022.
A ação dos países ricos, porém, é indispensável para cumprir as etapas desenhadas, disseram no anúncio os líderes das duas entidades, Tedros Ghebreyesus e António Guterres.
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De acordo com este último, a falha das nações mais desenvolvidas em transformar promessas em realidade foi responsável pelo fracasso da meta de vacinar ao menos 10% da população de todos os países até o final de setembro.
No começo de outubro, 56 países ainda não atingiam esse patamar, a grande maioria na África e no Oriente Médio.
"A concentração [das vacinas] nas mãos de alguns países e empresas levou a uma catástrofe global, com os ricos protegidos enquanto os pobres permanecem expostos a um vírus mortal. Ainda podemos atingir as metas para este ano e no próximo, mas isso exigirá um nível de compromisso político, ação e cooperação, além do que vimos até agora", afirmou Ghebreyesus.
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Segundo Guterres, se os países mais ricos continuarem fechando os olhos enquanto o coronavírus se espalha pelas nações mais desenvolvidas, pagarão o custo de uma pandemia mais duradoura. "Isso não é apenas imoral, é estúpido", disse.
A estratégia das duas entidades propõe uma vacinação em três etapas: 1) todos os adultos mais velhos, profissionais de saúde e grupos de alto risco de todas as idades, em todos os países vacinados, 2) todos os outros adultos vacinados e 3) ampliação da vacinação de adolescentes.
A vacinação de 70% da população global requer pelo menos 11 bilhões de doses. Até o final de setembro, pouco mais de 6 bilhões de doses já haviam sido administradas em todo o mundo.
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A capacidade de produção atual, de 1,5 bilhão de doses mensais, é suficiente para atingir as metas estabelecidas pela duas entidades, desde que sejam direcionadas para os países mais pobres. "Queremos mais transparência dos fabricantes e dos países sobre para onde estão indo essas doses", disse a diretora de imunização da OMS, Katherine O'Brien.
Segundo ela, a maior parte dos imunizantes já foi comprado pelo consórcio Covax, mas os fármacos não estão sendo entregues na velocidade necessária. Além disso, são necessários US$ 8 bilhões (R$ 44 bilhões) para transporte, armazenamento e aplicação das vacinas nas populações mais pobres.
Os líderes da OMS e da ONU pediram a todos os países que já ultrapassaram 40% de sua população completamente vacinada que revejam suas prioridades e permitam que os fabricantes forneçam imunizantes primeiro para a Covax –consórcio que tenta levar doses para nações mais pobres –, para que haja mais equilíbrio global na distribuição dos produtos.
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Ghebreyesus também voltou a cobrar que países produtores de vacinas permitam sua fabricação em nações menos desenvolvidas, "inclusive por meio de licenciamento não exclusivo e transferência de tecnologia".
Uma proposta de suspensão temporária de patentes e propriedade intelectual de vacinas, feita há um ano na Organização Mundial do Comércio (OMC) por Índia e África do Sul e apoiada com mais de cem países, continua travada por oposição principalmente das nações mais ricas.
O assunto voltou a ser discutido nesta quinta na entidade, ainda sem consenso, embora o porta-voz da OMC, Keith Rockwell, considere que há motivos para acreditar em algum avanço. "O clima da conversa nesta semana era muito mais positivo que o das anteriores", afirmou.
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VACINAS E VIAGENS
Katherine O'Brien e o conselheiro sênior da direção da OMS, Bruce Aylward, também exortaram os países a evitarem medidas e restrições diferentes para pessoas vacinadas com produtos já incluídos na lista de uso emergencial da entidade –como por exemplo, a Coronavac, usada no Brasil.
Segundo eles, não faz sentido que alguns países obriguem viajantes protegidos por esses imunizantes a fazer quarentenas, já que eles tiveram sua eficácia, segurança e qualidade de fabricação atestados pelos órgãos reguladores da OMS.
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O'Brien ressaltou também que, por causa dessas restrições, pessoas que já estão completamente vacinadas acabam tomando doses extras de produtos diferentes apenas para facilitar viagens, o que é um problema sério tanto de saúde quanto de desperdícios de recursos já escassos.
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