A carta adota um estilo de cobrança, com o qual Macri parece estar advertindo Temer / Associated Press
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O presidente argentino, Mauricio Macri, enviou uma carta na qual cobra seu homólogo brasileiro, Michel Temer, pela demora em fazer avançar as "ações propostas em matéria de integração econômica entre nossos dois países", apesar de compromissos selados sobre o tema.
Datada de 28 de setembro, até esta terça-feira (17) a missiva ainda não havia sido respondida pelo Planalto -o que vem causando incômodo na Casa Rosada, segundo a reportagem apurou.
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Em tom pouco usual para correspondências entre mandatários, o argentino reclama da demora do Brasil.
"Em fevereiro passado [...], firmamos uma nota dirigida ao Banco Interamericano de Desenvolvimento solicitando assistência técnica para implementar um mecanismo binacional de análises de regulamentos técnicos e medidas sanitárias e fitossanitárias", diz o texto. "Levou mais de sete meses para acordar os termos de referência para o mesmo e ainda não há data certa para o começo dos trabalhos substantivos."
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A carta adota um estilo de cobrança, com o qual Macri parece estar advertindo Temer de que, no contexto das negociações do Mercosul com a União Europeia, "a coordenação de nossas regulações [do Brasil e da Argentina] adquire uma relevância crítica".
Reconhecendo que há entraves burocráticos de ambos os lados, Macri propõe que se renove o impulso com que ambos se comprometeram durante seu encontro, no Brasil, para "produzir resultados concretos no prazo mais breve possível". A visita de Macri a Brasília, em fevereiro, havia tido a integração entre os dois países como tema central.
Em suas declarações após o encontro, Macri havia afirmado que "frente a tantas dúvidas que nos apresenta o mundo, temos que ser aliados e encarar o fortalecimento interno do Mercosul". Ao que o brasileiro completou: "Temos modos semelhantes de enfrentar os desafios".
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Em entrevista à Folha um dia antes desse encontro, Macri afirmara que seu país vinha ajudando o Brasil em um momento de crise. "Já fomos muito flexíveis. Para ajudar o Brasil nesse momento de recessão, continuamos comprando carros."
A carta enviada no fim de setembro sinaliza que a paciência do presidente argentino com o colega pode estar se esgotando.
Momentos díspares
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O tom impaciente da carta de Macri reflete a diferença nos níveis de confiança dos dois mandatários.
Às vésperas de uma eleição legislativa em que seu grupo político, o Mudemos, deve ampliar sua bancada no Congresso, Macri está com uma popularidade que ronda 50%, num momento em que a economia dá sinais de melhora. Enquanto isso, a popularidade do brasileiro fica em 3%, segundo pesquisa recente do Ibope.
O argentino celebra bom momento na cena global , sobretudo com investidores entusiasmados com seu governo liberal. Já Temer, com a crise, deixou a diplomacia em segundo plano.