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Guerra com a Otan seria uma catástrofe global, diz Putin

Putin falou em uma entrevista coletiva em Astana (Cazaquistão), onde participa de uma conferência de líderes de países eurasianos

IGOR GIELOW - FOLHAPRESS

Publicado em 14/10/2022 às 22:19

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A Rússia possi o maior poderio nuclear do mundo. Foto: Alexei Nikolsky/Associated Press / Pedro Ladeira/Folhapress

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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou nesta sexta (14) que um confronto de seu país com a Otan provocaria uma "catástrofe global" e sinalizou um abrandamento na condução da Guerra da Ucrânia, negando a necessidade de mais ataques maciços e sugerindo novamente que pode se satisfazer com os territórios que anexou do vizinho.

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Putin falou em uma entrevista coletiva em Astana (Cazaquistão), onde participa de uma conferência de líderes de países eurasianos. Depois de ter elevado a retórica nuclear, ao sugerir que armas atômicas poderiam ser usadas para defender suas conquistas na Ucrânia, ele jogou a bola de volta ao Ocidente.

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Na véspera, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, havia dito que o Exército russo seria "aniquilado" se Putin empregasse armamento nuclear. "Eu espero que esses que estão dizendo isso [um confronto com a Rússia] sejam espertos o suficiente para não dar tais passos", afirmou, citando o risco de "catástrofe global" de um embate atômico.

Borrell disse que a reação ocidental seria com armas convencionais, mas a doutrina russa é clara ao dizer que artefatos atômicos serão utilizados caso haja risco existencial, nuclear ou não, ao Estado ou a seus aliados.

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Em uma entrevista à rede de TV americana NBC, o ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko, disse que a Ucrânia e o Ocidente não deveriam pressionar um país com armas nucleares. "Não encurrale seu oponente", afirmou ele, que acaba de montar uma nebulosa força conjunta de fronteira com o aliado russo.

Mordida dada, foi a vez de Putin assoprar, a seu modo, claro. "Nós não nos demos a tarefa de destruir a Ucrânia, claro que não. Não há necessidade de ataques maciços", afirmou, ao ser questionado sobre a continuidade dos bombardeios com mísseis e drones a alvos da infraestrutura civil do vizinho.

Ataques do tipo ocorreram ao longo de toda a guerra, mas foram concentrados numa grande ação na segunda (10), em vingança pelo ataque contra a ponte que liga a Rússia à Crimeia anexada em 2014.

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Putin reafirmou que seu bombardeio foi retaliatório e preventivo. "Para agora há outras missões porque, eu creio, só 7 de 29 alvos não foram atingidos [na segunda] como planejado, mas vamos atingi-los gradualmente", afirmou o russo.

Além disso, o presidente russo novamente sugeriu que o caminho para uma negociação passa pelo reconhecimento da anexação de quatro regiões que não controla totalmente no leste e no sul ucranianos, onde inclusive sofreu derrotas militares recentemente.

O fez dizendo que não há motivo para estender a mobilização de reservistas e que ela foi necessária porque "soldados profissionais não eram suficientes para manter as linhas", ou seja, as fronteiras que deseja ver desenhadas. Em votação na ONU, 140 países condenaram a anexação, 35 se abstiveram e 5, Rússia inclusa, rejeitaram a crítica.

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Mais: disse que a mobilização vai parar em 222 mil homens, e não os 300 mil informados inicialmente. Destes, 33 mil já estariam em unidades militares e 16 mil, em combate na Ucrânia. Altamente impopular e com efeitos na sua aprovação em pesquisas, o alistamento deverá acabar em duas semanas.

Sobre conversas de paz em si, o russo voltou a dizer que seu país está aberto, mas com mediação internacional, dado que não vê interesse do lado ucraniano. E descartou conversar com o presidente americano, Joe Biden, em Bali, onde ocorrerá uma reunião do G20 em novembro.

Criticou a Alemanha pelo seu apoio a Kiev, em detrimento da parceria energética construída ao longo de anos com Moscou. "Ela precisa decidir o que é mais importante: cumprir obrigações de alianças ou seu interesse nacional. No caso, a Alemanha tem colocado suas obrigações com a Otan acima de tudo, e eu acho que isso é um erro", afirmou.

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Putin admitiu que há ansiedade entre os países que, como a Ucrânia e a Rússia, compunham a União Soviética até 1991 -o anfitrião Cazaquistão entre eles. "Certamente nossos sócios estão interessados e também preocupados pelo futuro das relações entre Rússia e Ucrânia. Mas isso não afeta em nada a qualidade e a profundidade de nossa relação com eles."

Por fim, repetiu que não se arrepende da guerra. "Não. Quero deixar isso claro: o que está acontecendo hoje é desagradável, para colocar de forma branda, mas nós teríamos de fazer a mesma coisa um pouco depois, apenas em condições piores para nós, é isso. Então estamos agindo corretamente", disse.

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