A fome nos EUA sequer foi tema de debates durante a recente eleição presidencial / Max Bohme/Unplash
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O problema dos Estados Unidos talvez seja a falta de coragem para reconhecer que a maior economia do mundo falhou e que quase 50 milhões de norte-americanos vivem em situação humilhante. Além disso, parece faltar vontade política para combater a fome e a insegurança alimentar.
Segundo o site O Joio e o Trigo, especializado em políticas públicas voltadas à alimentação, essa agenda sequer foi tema de debates durante a recente eleição presidencial. A constatação é do Diálogo Borlaug, principal evento do Prêmio Mundial da Alimentação.
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O Prêmio Mundial de Alimentação foi criado em 1986 por Norman Borlaug. Engenheiro agrônomo e biólogo, Bourlaug foi vencedor do Nobel da Paz em 1970 por seus esforços no combate à fome ao redor do mundo.
Borlaug foi um dos embaixadores globais da Green Revolution, a Revolução Verde, marcada pelas monoculturas, pelos agrotóxicos e pelos fertilizantes químicos que, de fato, ampliou a oferta de alimentos ao redor do Planeta, mas promoveu uma intensa alteração climática nas últimas cinco décadas.
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Três brasileiros já receberam o Prêmio Mundial de Alimentação. Em 2006, os agrônomos Edson Lobato e Alysson Paulinelli, pelo “trabalho no desenvolvimento da agricultura no Cerrado”. Em 2011, o premiado foi o presidente Lula por suas iniciativas de combate à fome no Brasil.
Com 148 membros-fundadores, a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza foi a maior vitória da diplomacia brasileira neste século. A organização foi formalizada nesta semana, durante a Cúpula do G-20, no Rio de Janeiro, evento que reuniu os líderes das 20 maiores economias do mundo, além de representantes de organizações multilaterais, como a Organização das Nações Unidas e o Fundo Monetário Internacional. No total, 82 países apoiaram a proposta patrocinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A iniciativa visa acelerar os esforços globais para erradicação da pobreza e da fome, os dois primeiros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estipulados pela Organização das Nações Unidas para serem atingidos até 2030.
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A estratégia para viabilizar o combate à insegurança alimentar vai priorizar a transferência de renda, a alimentação escolar e a qualificação para o emprego. Ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Wellington Dias, adiantou que serão instaladas bases da Aliança Global em cidades estratégicas.
A intenção é que sejam criados escritórios em Washington, capital dos Estados Unidos, em Roma, capital da Itália, em Adis Abeba, capital da Etiópia, e em Brasília. Na Ásia, o escritório deverá ser instalado na capital da Tailândia, Bangkok.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) já anunciou financiamento de US$ 25 bilhões para a Aliança Global, o equivalente a R$ 140 bilhões. O Banco Mundial também será parceiro da plataforma, contribuindo com recursos não reembolsáveis e empréstimos com juros reduzidos.
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Entre as nações, haverá dois blocos. O primeiro é para a governança e o Brasil pretende contribuir com 50% do valor necessário. Ao segundo bloco caberá implementar, de fato, as ações para a erradicação da pobreza e da fome.
Além das 82 nações, a lista de fundadores da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza inclui 24 organizações internacionais, nove instituições financeiras internacionais e 34 organizações filantrópicas e não-governamentais, além da União Africana e da União Europeia.
A estrutura organizacional da Aliança Global prevê a formação de um conselho constituído por lideranças mundiais com poder de influência em determinadas regiões e países que aderiram à iniciativa. Entre essas pessoas estão representantes de alto nível dos países e das organizações que compõem o grupo. O máximo possível é 50 integrantes, sendo 25 representantes dos países e 25, das organizações.
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