TENSÃO

China exibe aos EUA míssil hipersônico 'matador de porta-aviões'

Mostra ocorre antes de encontro Xi-Biden no G20 e durante exercícios militares de aliados no Japão

IGOR GIELOW - FOLHAPRESS

Publicado em 10/11/2022 às 11:49

Atualizado em 10/11/2022 às 11:52

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Trata-se de um míssil hipersônico balístico / Reprodução/Nações Unidas/YouTube

Continua depois da publicidade

Pequim apresentou um míssil hipersônico "matador de porta-aviões" e um drone de ataque com capacidade intercontinental em seu principal evento aeroespacial, o Airshow China, em Zhuhai, cidade costeira no sul chinês. 

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Mais do que procurar clientes estrangeiros para os produtos, o que o governo comunista busca é lembrar os Estados Unidos que está se preparando para um eventual embate com seu maior rival estratégico, particularmente em torno da autonomia da ilha de Taiwan. 

Continua depois da publicidade

Leia Também

• Guerra com a Otan seria uma catástrofe global, diz Putin

• Incêndio atinge prédio de 218 metros na China; assista

• 10 fatos assustadores que mostram a pior onda de calor já enfrentada pela China

A exibição militar ocorre pouco antes do encontro do G20, grupo das economias mais desenvolvidas do mundo, em Bali (Indonésia), no dia 15. Há grande expectativa de que o americano Joe Biden se encontre com o chinês Xi Jiping, que acaba de receber um inédito terceiro mandato. 

Além da Guerra da Ucrânia, na qual Xi pode influenciar o aliado Vladimir Putin a negociar, o cardápio de tal encontro incluiria a distensão nas relações –algo que ainda dependerá da disposição do Congresso após a oposição republicana não conquistar a vitória esmagadora prevista nas eleições de meio de mandato nesta terça (8). 

Continua depois da publicidade

Além disso, a feira ocorre ao mesmo tempo em que EUA, Japão, Índia e Austrália, os integrantes do grupo anti-China Quad, fazem exercícios navais junto à costa japonesa. O Malabar-2022 é a 26ª edição de uma manobra que começou com Índia e EUA, e se expandiu. 

A tensão entre Pequim e Washington atingiu um dos maiores níveis da história neste ano, quando a presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, decidiu visitar Taiwan, a ilha autônoma que a China considera sua. 

Foi a mais alta autoridade americana a visitar Taipé em 25 anos, um reconhecimento do governo local na forma e no conteúdo –Pelosi passou perto de defender a independência da ilha, o que contraria a política oficial dos EUA, que é ambígua: aceita a China como país único, mas apoia militarmente os taiwaneses, inclusive prometendo ajuda em caso de invasão. 

Continua depois da publicidade

Desde que a Guerra Fria 2.0 foi lançada pelos EUA contra a China em 2017, visando conter a assertividade crescente do regime liderado por Xi, Taiwan tornou-se ponto focal do embate. As incursões aéreas contra a ilha se tornaram semanais, quando não diárias, e tiveram um ponto máximo depois da visita de Pelosi. 

Na terça, um Xi camuflado visitou a toda-poderosa Comissão Militar Central, que preside, e orientou novamente as Forças Armadas a se preparem para guerras futuras. Aí entram as armas chinesas. A principal foi o 2PZD-21, uma versão de exportação do YJ-21, testado pela primeira vez em abril, mas que não havia sido exibido de forma estática. 

Trata-se de um míssil hipersônico balístico, lançado de bombardeiros H-6K, semelhante ao russo Kinjal, que já foi usado na Ucrânia. Mas é um modelo maior, e não se sabe se tem capacidade nuclear como seu primo de Moscou. 

Continua depois da publicidade

Especialistas colocam em 2.000 km o alcance da arma, o que ameaça quaisquer grupos de porta-aviões que se aproxime da China. Com velocidade máxima estimada em 12 vezes a do som, o míssil é de difícil interceptação. 

É ainda mais eficaz, se suas características forem as propagandeadas, do que a atual geração de mísseis "matadores de porta-aviões", supersônica. Em um eventual conflito em torno de Taiwan, seriam armas de primeiro uso contra uma eventual armada americana. 

O entorno marítimo é a preocupação estratégica número 1 da China, pois sua força industrial e econômica depende de entrada e saída de bens por rotas que podem ser bloqueadas à distância por uma Marinha capaz, como a americana. 

Continua depois da publicidade

Há vários tipos de armas hipersônicas, consideradas parte da guerra do futuro. Russos estão à frente na corrida, com dois modelos operacionais, e China avançou com um polêmico teste no ano passado. EUA estão algo atrás, buscando acelerar programas. 

Outro equipamento exibido pela primeira vez foi o mais recente drone de ataque chinês, o Wing Loong-3. É um avião-robô com capacidade de voar por até 10 mil km, o que lhe dá alcance intercontinental que Pequim antes não tinha. 

É um aparelho grande, com 12 metros de comprimento e 24 metros de envergadura, o que lhe dá capacidade presumida para carregar até 16 mísseis e bombas. Novamente, uma arma para ser usada no ambiente do Pacífico Ocidental, hoje uma província estratégica da Marinha americana. 

Continua depois da publicidade

O show aéreo também foram mostradas estrelas do setor na China, como os caças furtivos J-20 e o cargueiro quadrimotor Y-20. Foram anunciadas também "centenas" de encomendas domésticas para o primeiro avião comercial de grande porte do país, o Comac C919, que concorre na faixa do Boeing 737 e do Airbus A320.

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software