POR MAIS LIBERDADE

China controla protestos e passa a abrir inquéritos contra manifestantes

Ainda não estão claras a forma como as autoridades identificaram esses manifestantes

Folhapress

Publicado em 29/11/2022 às 09:49

Atualizado em 29/11/2022 às 09:52

Compartilhe:

Compartilhe no WhatsApp Compartilhe no Facebook Compartilhe no Twitter Compartilhe por E-mail

Grandes universidades da China suspenderam as aulas; na foto, protestos em Hong Kong, país vizinho / Reprodução/Twitter @whyyoutouzhele

Continua depois da publicidade

A repressão da China à maior onda de desobediência civil no país sob a liderança de Xi Jinping parece estar surtindo efeito e diminuindo o ímpeto das manifestações. Autoridades começaram a abrir inquéritos para apurar a participação de cidadãos em protestos, e há um grande contingente de policiais nas ruas das megacidades chinesas, como Pequim e Xangai. 

Faça parte do grupo do Diário no WhatsApp e Telegram.
Mantenha-se bem informado.

Dois manifestantes que participaram dos atos na capital contra a política de Covid zero no final de semana disseram à agência de notícias Reuters que foram intimados a comparecer a delegacias para prestar depoimento sobre suas atividades nas manifestações. 

Continua depois da publicidade

Leia Também

• China exibe aos EUA míssil hipersônico 'matador de porta-aviões'

• Incêndio atinge prédio de 218 metros na China; assista

• Terremoto de escala 6.8 atinge cidade na China e deixa 21 mortos

Ainda não estão claras a forma como as autoridades identificaram esses manifestantes nem a possível dimensão jurídica desses inquéritos. O Departamento de Segurança Pública de Pequim não respondeu aos questionamentos da Reuters. Nesta terça-feira (29), um porta-voz da diplomacia chinesa afirmou que o exercício de direitos e liberdades está condicionado à estrutura da lei. 

Grandes universidades da China, que concentraram alguns dos principais protestos desde o final de semana, suspenderam as aulas presenciais e mandaram seus alunos para casa. 

Continua depois da publicidade

De acordo com a Associated Press, a Universidade Tsinghua, assim como outras instituições em Pequim e na província de Guandong alegaram que a medida se deve a uma estratégia de contenção da alta de casos de Covid-19. 

É fato que a curva de novas infecções subiu significativamente nos últimos dias, mas a decisão de mandar os estudantes para casa também é vista como uma tentativa de desmobilizar o ativismo nas universidades, historicamente uma espécie de incubadora de protestos. 

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a Universidade Tsinghua foi palco de uma manifestação no domingo (27). Começou com um ato silencioso de uma estudante que levantou um cartaz em branco e, à medida que outros colegas se juntaram à manifestante, reuniu cerca de 400 pessoas. No mesmo dia, o vice-secretário do Comitê do Partido Comunista na universidade foi ao local para encerrar o protesto, que durou pouco mais de duas horas. 

Continua depois da publicidade

Nesta terça, autoridades da instituição voltaram a se reunir com os estudantes para discutir as restrições relacionadas à Covid. Alunos disseram ao jornal South China Morning Post que as medidas sanitárias foram o único tema do encontro, sem menções aos protestos ou indícios de responsabilização dos manifestantes. 

O cenário, no entanto, é de insegurança. O aumento do policiamento e a perspectiva de abertura de novos inquéritos reforça a atmosfera hostil a novos protestos, tradicionalmente raros na China. À Reuters, por exemplo, um universitário disse que ele e seus colegas estão deletando todo o histórico de conversas em aplicativos de mensagens. 

Devido ao seu alcance territorial -agora para além das fronteiras da China-, a onda de protestos já vem sendo considerada a mais importante do país asiático desde as manifestações de 1989, marcadas pelo massacre da praça da Paz Celestial. 

Continua depois da publicidade

Embora incomuns e rapidamente reprimidos e censurados na China, os atos contra o regime e, especificamente, contra Xi, têm chamado a atenção para Pequim desde a semana que antecedeu o Congresso do Partido Comunista, em que o dirigente foi coroado com um inédito terceiro mandato. Na ocasião, cartazes espalhados em alguns pontos de Pequim chamavam-no de ditador e de traidor. 

O regime chinês opta por manter a política de Covid zero, com duras restrições de liberdade e circulação, como sua principal estratégia para conter os efeitos da pandemia -a despeito do impacto econômico e de críticas de entidades como a OMS, cujo diretor-geral classificou as medidas de insustentáveis.

Continua depois da publicidade

Mais lidas

Conteúdos Recomendados

©2024 Diário do Litoral. Todos os Direitos Reservados.

Software