CONFLITO

Após retaliação de Israel, guerra declarada já ultrapassa 230 mortos

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou guerra após o Hamas lançar um ataque surpresa e de grande escala neste sábado (7)

FolhaPress

Publicado em 07/10/2023 às 09:20

Atualizado em 07/10/2023 às 14:46

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Israel declara guerra após ataque surpresa de Hamas / Reprodução

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Matéria atualizada às 14h37.

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O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou guerra após o Hamas lançar um ataque surpresa e de grande escala neste sábado (7), numa ação que já é considerada uma das maiores ofensivas contra o país nos últimos anos. Ao menos 40 israelenses morreram, e autoridades dizem que o número de vítimas pode aumentar. Pouco depois, ao menos 198 palestinos foram mortos numa retaliação de Tel Aviv.

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Em mensagem de vídeo, Netanyahu disse que o grupo extremista islâmico que controla a Faixa de Gaza pagará "um preço sem precedentes" pela ofensiva, que teria usado mais de 5.000 foguetes. "Estamos em guerra. Esta não é uma operação simples", afirmou.

A ofensiva surpresa, que acontece exatamente 50 anos após o início da Guerra do Yom Kippur, combinou a infiltração de homens armados em cidades israelenses com uma saraivada de foguetes, disparados da Faixa de Gaza. Segundo as Forças Armadas de Israel, dezenas de militantes se infiltraram por terra, mar e ar, alguns dos quais com a ajuda de parapentes.

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Trata-se de uma infiltração sem precedentes de um número desconhecido de homens armados do Hamas em Israel a partir de Gaza, e uma das mais graves escaladas no conflito israelo-palestino em anos. O último grande conflito entre Israel e Hamas foi uma guerra de 10 dias em 2021.

Pelo menos 40 israelenses foram mortos nos ataques, e outros 750 ficaram feridos, segundo os serviços de ambulâncias de Israel. Os números devem aumentar.

Também de acordo com a imprensa de Israel, cerca de 50 israelenses foram feitos reféns pelo Hamas no kibut de Beeri, próximo à fronteira com a Faixa de Gaza. Para a emissora Al Jazeera, um dos líderes do Hamas, Saleh Al-Arouri, afirmou que há vários oficiais entre os capturados.

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A imprensa israelense relatou tiroteios entre bandos de combatentes palestinos e forças de segurança em cidades do sul de Israel. O chefe da polícia de Israel disse que houve "21 cenas ativas" no sul de Israel, indicando a extensão do ataque.

Em Gaza, o barulho dos lançamentos de foguetes pôde ser ouvido e os moradores relataram confrontos armados ao longo da cerca de separação com Israel, perto da cidade de Khan Younis, no sul, e disseram ter visto um movimento significativo de combatentes armados.

Também em Gaza, as pessoas correram para comprar mantimentos, antecipando os dias de conflito que se avizinham. Alguns deixaram suas casas e foram para abrigos.

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O Hamas disse que a ofensiva foi motivada pelos "ataques crescentes" de Israel contra os palestinos na Cisjordânia, em Jerusalém e contra os palestinos nas prisões israelenses. O comandante militar do grupo, Mohammad Deif, anunciou o início da operação numa transmissão nos meios de comunicação do Hamas, apelando aos palestinos de todo o mundo para que lutassem. "Este é o dia da maior batalha para acabar com a última ocupação na Terra", disse ele.

O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, disse que "Israel vai ganhar esta guerra" e que as tropas do país estão lutando contra o inimigo em todos os locais. Ele autorizou a convocação de reservistas. Segundo o Exército, soldados israelenses já estão operando dentro de Gaza.

A imprensa de Israel informou que homens armados abriram fogo contra pedestres em Sderot, e imagens nas redes sociais pareciam mostrar confrontos nas ruas da cidade, bem como homens armados em jipes vagando pelo campo. "Fomos informados de que há terroristas dentro dos kibutz, podemos ouvir tiros", disse uma jovem chamada Dvir, do Kibutz Beeri, à Rádio do Exército Israelense, de seu abrigo antiaéreo.

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Os meios de comunicação do Hamas exibiram vídeos do que seriam corpos de soldados israelenses trazidos para Gaza por combatentes, homens armados palestinos dentro de casas israelenses e percorrendo uma cidade israelense em jipes dos agressores. Também informaram que vários israelenses foram tomados como prisioneiros.

Yousef Abu al-Rish, principal autoridade de saúde palestina em Gaza, disse que não havia um número preciso de vítimas, mas que dezenas de palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos nos ataques. A maioria das vítimas resultou de tiroteios dentro de Israel, afirmou ele, enquanto o restante ocorreu em ataques aéreos israelenses em Gaza.

Daniela Kresch, jornalista correspondente do Instituto Brasil-Israel radicada em Tel Aviv, relata que a ofensiva deste sábado é diferente de todas as anteriores. "É o primeiro ataque que acontece simultaneamente por ar e por terra. O Hamas lançou milhares de foguetes não apenas ao sul, mas também ao norte e ao centro do país, incluindo Jerusalém."

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Ainda de acordo com Kresch, o Hamas invadiu comunidades israelenses que ficam na fronteira com Gaza, em Kibutzim, "onde entraram pelas ruas, batendo nas portas e sequestrando cidadãos, incendiando casas e ocupando a região com brutal violência".

Segundo diplomatas, nenhum dos cerca de 30 brasileiros que moram na Faixa de Gaza foi afetado.
O Consulado Geral de Israel em São Paulo diz em comunicado que o ataque foi iniciado pelo Hamas sem qualquer pretexto ou ação prévia por parte de Israel, e que a ofensiva ocorre "após um longo período em que Israel tenta manter a calma na Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que faz grandes esforços para melhorar a situação civil na região".

"O Estado de Israel fará tudo para proteger os seus cidadãos e não tem medo de uma ampla campanha em Gaza", afirma o comunicado.

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Líderes internacionais reagiram. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que condena os ataques contra Israel. "Expresso a minha total solidariedade às vítimas, às suas famílias e às pessoas próximas delas", escreveu Macron na rede social X, o antigo Twitter.

Ursula von der Leyen, a presidente da Comissão Europeia, afirmou no X que o ataque do Hamas contra Israel "é o terrorismo na sua forma mais desprezível" e que o país tem o direito de se defender. Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia, disse que "esta violência horrível deve parar imediatamente".

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Tuerk, afirmou que o ataque está tendo um impacto "horrível" sobre os civis israelenses. "Os civis nunca devem ser alvo de ataques. Apelo ao fim imediato da violência e apelo a todas as partes e aos principais países da região para que reduzam a escalada para evitar mais derramamento de sangue", acrescentou.

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Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca disse que os EUA "condenam inequivocamente" os ataques do grupo islâmico Hamas e estão firmemente ao lado do governo e do povo de Israel.

A Rússia expressou preocupação. "Apelamos aos lados palestino e israelita para que implementem um cessar-fogo imediato, renunciem à violência, exerçam a contenção necessária e estabeleçam, com a assistência da comunidade internacional, um processo de negociação destinado a estabelecer uma paz abrangente, duradoura e há muito esperada no Oriente Médio", disse a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova.

A escalada de violência surge num contexto de hostilidade crescente entre Israel e militantes palestinos na Cisjordânia, que, juntamente com a Faixa de Gaza, faz parte dos territórios onde os palestinos há muito procuram estabelecer um Estado. Também acontece num momento de convulsão política em Israel, que tem sido afetado por profundas divisões sobre as medidas para reformar o Poder Judiciário.

CRONOLOGIA DA FAIXA DE GAZA

1948: Milhares de refugiados palestinos se estabelecem na Faixa de Gaza em meio à guerra que se seguiu à declaração de independência de Israel. Território passa a ser controlado pelo Egito

1967: Israel ocupa a Faixa de Gaza e outros territórios árabes na Guerra dos Seis Dias

1973: Países árabes lançam ataque contra Israel na Guerra do Yom Kippur. Faixa de Gaza segue sob ocupação israelense

1993: Acordos de Oslo estabelecem compromisso em criar um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza, mas o plano nunca chega a ser cumprido

2005: Israel anuncia a retirada de colonos judeus e de soldados da Faixa de Gaza

2007: Grupo extremista islâmico Hamas expulsa rivais do Fatah e passa a governar a Faixa de Gaza. Israel impõe bloqueio por terra, ar e água contra o território

2008, 2012 e 2014: Guerras recorrentes na Faixa de Gaza envolvendo bombardeios israelenses e disparos de foguetes pelo Hamas deixam milhares de mortos

2018: Residentes da Faixa de Gaza fazem série de protestos perto da fronteira com Israel, na chamada Marcha do Retorno. Atiradores israelenses matam centenas de manifestantes

2021: Nova guerra entre Israel e o Hamas deixa centenas de mortos na Faixa de Gaza

2023: Hamas rompe bloqueio e lança ataque surpresa por terra, água e ar contra Israel, que reage com bombardeios e declaração de guerra

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