Os moradores já ficam à espera da visita do Reisado todos os anos / Nayara Martins / Diário do Litoral
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"Acordai se estais dormindo. Nesse sono tão profundo. Acordai e vindes ver. As maravilhas do mundo..." Quem ouve esses versos já sabe que estão, na porta de casa, o grupo do "Reisado de Itanhaém" para anunciar a tradicional "Folia de Reis", que revive a visita dos Reis Magos - Gaspar, Baltazar e Melchior ao Menino Jesus.
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O grupo, que reiniciou as visitas em 26 de dezembro nas residências de antigos moradores, no centro de Itanhaém, prossegue até o dia 6 de janeiro, quando é celebrado o Dia de Reis.
Os moradores já ficam à espera da visita do Reisado todos os anos. No final do ano passado, a Folia de Reis foi suspensa devido à pandemia da Covid-19.
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"Foi uma surpresa muito agradável, pois não esperava a visita do Reisado este ano", diz o comerciante Sérgio Omuro, morador no bairro Vila São Paulo. Para ele, que mora há mais de 50 anos no bairro e sempre recebe o grupo em sua casa, a tradição não pode acabar.
"As festas tradicionais como a Festa do Divino Espírito Santo e a Folia de Reis são importantes, pois já fazem parte da cultura e da história de Itanhaém", completa Omuro.
Mais uma moradora que se emocionou bastante com a visita foi a aposentada Adélia Vitoretti, no mesmo bairro. "Minha família sempre gostou de receber o Reisado em casa. Como perdi uma irmã há cerca de oitos meses, fiquei muito emocionada. É a anunciação do nascimento do Menino Jesus", relembra.
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RITUAL.
Por volta das 23 horas, o grupo do "Reisado de Itanhaém" se reúne e sai em caminhada para visitar as casas de moradores. Existe um roteiro que não é divulgado, pois pode sofrer alterações em dias e horários, além de ser uma surpresa ao morador.
Diante da casa, em silêncio, alguém anuncia a chegada do grupo, com palmas ou tocando a campainha. Em seguida, o puxador inicia o canto com versos da "entrada" e do "pedido de prendas".
Ao terminar o canto, o morador acende a luz e abre a porta. "Os Reis" se apresentam e oferecem o "incenso", o "ouro" e a "mirra", representados por conchas e folhas do peguassu, e entregam a mensagem escrita à pessoa.
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Para encerrar a visita, o grupo faz a "Oração do Reisado", canta os versos de "agradecimento e despedida" e sai em direção a uma nova moradia.
Um dos coordenadores do Reisado, Ernesto Bechelli, explica que neste ano, devido à pandemia, o grupo decidiu sair, mas com algumas restrições.
Uma delas é que o grupo deve cantar apenas do lado de fora da casa. A Bandeira do Reisado também não poderá entrar nas casas, como também as famílias não poderão segurá-la ou beijá-la.
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A mensagem e as lembranças dos Reis também serão deixadas dentro de um saco plástico. Já as prendas devem ser embrulhadas e as doações em dinheiro vir dentro de um envelope.
TRADIÇÃO.
De origem portuguesa, a celebração já acontece há cerca de três séculos, desde o início da Vila Nossa Senhora da Conceição de Itanhaém.
"Até a década de 60, o grupo era formado somente por homens e com músicos que tocavam instrumentos de sopro. A partir de 1970, jovens, crianças e mulheres começaram a participar. As músicas são acompanhadas por instrumentos de corda, percussão e de sopro, com laços do "vira lusitano". O violão, o cavaco, a timba e o pandeiro são os instrumentos mais presentes", esclarece Bechelli.
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As saídas acontecem durante nove noites, entre o período de 26 de dezembro a 6 de janeiro, sempre a partir das 23 horas até por volta das 4 horas da manhã.
Este ano, o grupo do Reisado vai percorrer cerca de 120 casas, em diversos bairros de Itanhaém.
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